Me deixe sentir sua dor.

A dor de estar viva

ALERTA DE FORTES GATILHOS SOBRE SUICIDIO, SE ISSO TE AFETAR, POR FAVOR NÃO LEIA !

Era dificil estar viva, era dolorido saber que Katsuki não voltaria. 

Dormia todas as noites na esperança de acordar assustada e ser tudo um pesadelo, mas não era. Bakugou havia partido. Pensou tantas vezes em morrer também, porém, se existir uma vida após a morte, o loiro estaria muito puto com você. Pensou no que te daria motivos para continuar vivendo, mas não conseguia achar nada. Se sentiu retrocedendo, sentiu que a depressão te consumiu outra vez, mas era diferente agora, agora a tristeza tinha motivos, não era só o vazio existencial, era o vazio que Katsuki havia preenchido, esse que agora estava aberto outra vez. 

Dias, semanas, meses e a dor não sumia, que droga Bakugou... 

Você precisava de razões de vida, precisava de um motivo pra se levantar e pensou que encontraria isso nas coisas dele. Conversou com Mitsuki pelo telefone e ela autorizou que fosse até lá,  a mais velha não conseguia desfazer o quarto e deixou tudo exatamente como estava desde que ele morreu. Você foi até a casa onde o rapaz morava, tocou a campainha e foi recebida pela mãe do mesmo, que ainda estava abalada, assim como você. 

- Oi s/n

-Oi senhora Mitsuki. 

-Entra..- te deu espaço para que passasse, você o faz e da de cara com a casa onde passava boa parte do tempo... Era dolorido estar ali. 

- Licença.. 

- Fica a vontade, quer beber alguma coisa?

- Não senhora. 

- Ok então, qualquer coisa estarei aqui...- sorri fraco e anda até o sofá se sentando. Era tão triste ver uma mulher tão auto astral derrubada assim.. Você só pode respirar fundo e subir as escadas, sentia uma pontinha de esperança de entrar e ver ele treinando na guitarra sentado na cadeira do computador com sua tipica regata preta e uma bermuda, sem qualquer preocupação com o cabelo, uma expressão seria de concentração mudando pra uma carranca ao ouvir a porta e indo para um sorriso ladino que escondia um carinho absurdo assim que notasse que era você.. Isso aconteceu tantas vezes, era exatamente igual em todas elas e seu coração se aquecia, mas dessa vez ao abrir a porta, no coração sentiu uma fisgada forte acompanhada do cheiro de guardado do comodo que não era aberto a meses, entra com lagrimas nos olhos, desbloqueando memorias lindas que teve ali dentro, momentos que nunca vai ter capacidade de esquecer mesmo que tente. Abre a janela sentindo a brisa daquele dia fresco entrar, acende as luzes e vai até a estante do computador, se senta na cadeira e olha para tudo sobre ela, sem notar começou a chorar, era silencioso e dolorido, só soube por sentir o rosto molhar, começa a abrir gavetas e ler papeis, Katsuki sempre foi muito organizado, então todos os assuntos tinham pastas especificas ordenadas por etiquetas coloridas em ordem alfabética, riu ao se lembrar do quanto o rapaz podia ser perfeccionista. Entre essas pastas, uma delas tinha uma etiqueta escrito "Metas", ela tinha pouca coisa dentro, como sabemos, o rapaz não tinha muita vontade de estar vivo, mas ao abrir, notou pelas datas nos papeis, que todas as metas ali, foram escritas depois de conhece-la. Sorriu novamente, ele realmente tentou por você. Leu uma a uma com calma, todas com tópicos e explicações extensas de como realiza-las. Não era nada muito inalcançável, Suki tinha sonhos realistas, objetivos incrivelmente possíveis. 

1- Cursar gastronomia

2- me mudar da casa dos meus pais 

3- Abrir uma ong com o objetivo de levar comida a ambientes extremamente necessitados

4- Pedir a s/n em casamento daqui a 5 anos

5- Ter um filho 

6- 

Estava em branco, mas cada um dos tópicos foi extremamente detalhista e objetivo, ele tinha até as cores do casamento, o lugar onde gostaria que fosse, que instituições ou empresas o ajudariam com a ong, a faculdade onde faria seu curso, o bairro onde gostaria de morar, o quanto de renda teria que ter no minimo para começar a tentar ter um filho. Era tua perfeitamente planejado, ele realmente queria viver com você, tinha muitos planos para isso. 

Mas se viu determinada após sua leitura nos arquivos sobre a ong, na verdade, Bakugou tinha todo o planejamento feito, só não decidiu um nome, Então você decidiu que isso seria seu objetivo agora, levar os planos de Katsuki para o mundo. 

Assim que saiu de lá foi para sua casa, precisava conversar com a sua mãe, a relação de vocês é muito ruim, mas ela era a pessoa ideal para o que necessitava agora. Entrou em casa sabendo que a mesma estava de folga, foi até ela no seu quarto e sem bater adentrou o comodo, a mais velha a acompanhou com os olhos sem dar uma palavra, só segurava seu livro que lia e deu uma leve abaixada no óculos antes que você se sentasse.

- Mãe preciso da sua ajuda.

- Uau, se lembrou como falar ?

- Não tenho tempo para isso ok ? Preciso da sua influencia para algo importante - ela tira o óculos e o pendura na gola da blusa, te olha seria fechando o livro calmamente.

- Desembucha. - Você explica todos os planos de bakugou, cada parte do seu projeto e sua mãe escuta atentamente cada palavra, ao fim da pequena palestra ela te olha confusa. - De onde tirou isso ?

- Isso importa ?

- Foi o Katsuki quem fez ?

-..foi..- diz baixo e receosa. Sabe que ela não o suportava.

- Ele tem um projeto impecável, parece ter estudado muito.- a frase dela te surpreende, esperaria qualquer coisa, menos algo assim. 

- c-certo... vai me ajudar ? 

- vou..Qual o nome da ong ? - você pensou por alguns segundos.

- Acho que devia ter o nome dele.. 

- concordo. Vou mexer uns pauzinhos sobre investidores, mexa os seus em busca de voluntários, em uma semana começamos as reuniões para organizar o funcionamento da ong.

- tudo bem...- Estava chocada com o interesse da sua mãe sobre aquilo, mas jamais questionaria, tem coisas que se deve deixar o ar da duvida.- Vou começar agora mesmo!

- Ótimo.- vocês sai do quarto completamente anestesiada. Isso é tão incomum. 

Foi para o seu quarto e abriu o computador, era hora de voltar a viver mesmo que a dor de estar viva tentasse derrubar você.