⛓️ CAPÍTULO 02 ⛓️

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Seco meu rosto com o dorso da mão mais uma vez, não sei quantas vezes esse processo se repetiu no dia de ontem e durante a noite também, e hoje acordei ainda mais sensível e melancólica que nunca. É sempre assim toda vez que os acontecimentos de cinco anos atrás se apoderam da minha mente, é como se eu pudesse reviver aquela tragédia a cada lembrança que tenho, e de certa forma a minha deficiência trás imagens nítidas de tudo o que se passou naquela noite, até mesmo o homem mascarado não sai dos meus pensamentos.

Nunca imaginei que perderia meu pai tão cedo, naquele dia nós fizemos tantos planos. Quando soube que não o veria nunca mais foi como se minha vida tivesse perdido todo o sentido. Eu fiquei alguns dias em coma e quando acordei meu pai já tinha sido enterrado, e também recebi uma notícia que mudaria para sempre a minha vida, os médicos me garantiram que minha situação era algo reversível, passei por duas cirurgias para reverter minha deficiência mas nenhuma delas resultou, e no final acabei aceitando que ficaria assim para sempre, já me conformei, não há muito que se possa fazer, essa é minha nova realidade agora.

— Ahh Sasha quando você vai parar de chorar hein? - saio do do meu devaneio ao ouvir a voz da Avani me advertindo — você está parecendo uma velha amargurada trancada nesse quarto chorando. Por isso ninguém quer sair com você, não reclame se um dia Dimitri arranjar um marido barrigudo e velho pra você. — suas palavras têm certa satisfação.

— Você sabe muito bem porquê ninguém sai comigo Avani, e Dimitri nunca arranjaria um marido pra mim sem antes me consultar. — ela gargalha de forma bem audível enquanto suas mãos apertam minhas bochechas.

— Não seja ingénua, nosso querido irmão não é mas o mesmo irmãzinha, melhor você se cuidar — ela me solta, e anda em direção a saída, graças a minha nova situação minha audição ficou muito aguçada por isso é possível ouvir os saltos dela em contato com o piso — e para de chorar porque ninguém morreu — e então ela finalmente bate a porta.

Tento me acalmar e parar de chorar, não saio pra tomar café porque não quero ouvir minha madrasta cantar mais uma vez dizendo que estamos falidos e que eu não faço nada pra ajudar e que nunca vou conseguir arranjar um marido rico para ajudar a família.

Eu não sei o que aconteceu com o património da nossa família mas desde que papi se foi as coisas mudaram aqui em casa, de uma hora para outra o número de funcionários diminuiu, minhas aulas na escola de música também foram canceladas, certo que eu já não frequentava mais as aulas. Por causa do acidente meu ano letivo ficou atrasado e como eu estava em período de negação por causa da minha condição naquele ano não voltei mais para escola, só no ano seguinte contrataram uma professora particular que me dava aulas em casa, e foi assim que terminei o ensino médio, o sonho de ir pra faculdade estudar música se foi no dia do acidente.

Quando finalmente aceitei minha deficiência eu aprendi a ler e escrever em braille, apesar de difícil no íncio com o passar do tempo aprendi tudo de novo como uma criança quando aprende a ler as primeiras palavras. Hoje em dia eu já posso ler um romance completo sem a ajuda de ninguém e principal posso ler as notas musicais apesar de não toca-las, desde aquela noite eu nunca mais senti os teclados de um piano em contato com meus dedos, é muito difícil para mim, toda vez que me sento em frente a ele as memórias me assolam e não consigo me concentrar. Em tudo isso a minha única felicidade é saber que minha amiga Yeva concretizou seu sonho de estudar nos Estados Unidos.

VENDIDA | Homens Implacáveis 3 [ Degustação]Onde histórias criam vida. Descubra agora