Surpresa.

19 7 7
                                    

Ninguém estava acreditando no que acabara de acontecer.

Muito menos Keiko. Era como se seu desejo tivesse sido concedido e realizado por algum tipo de gênio da lâmpada.

Uma nova pessoa entrou. 

Uma nova pessoa entrou na sua classe.

— E-eu me chamo Ayamaki Ren... — disse o garoto na frente de todos. Ele estava muito desconfortável.

O professor notou o desconforto de Ren, porém achou que era apenas uma timidez comum entre os jovens que são transferidos para uma nova escola.

— Pode se sentar, Ayamaki. Seja bem-vindo. — disse o professor, acabando com o sentimento de desconforto do novo aluno. — Aquela carteira livre ali... — o mesmo fez um gesto apontando para a carteira vazia. — está livre. Aquele será seu lugar na sala.

Ren se dirigia para a carteira, que fica no tão conhecido "fundão" da sala. Para ele, não haveria problema nenhum sentar no fundão. Interação social era o que ele menos queria.

Enquanto Ren percorria o curto caminho até sua carteira, ele olhava constantemente para baixo. O oposto acontecia com a sala toda. Todos os alunos olhavam fixamente para ele. Todos surpresos.

Keiko estava tão perplexa que sua mente parecia um turbilhão de pensamentos.

Ela mal esperava a hora de escrever em seu diário.

Ren se sentou em sua carteira, onde se encolheu.

— Muito bem alunos... — começou o professor. — Estamos mais uma vez reunidos juntos como uma família. Como o diretor disse...

Enquanto o professor explicava como seria o ano letivo, Keiko estava fixamente olhando para Ren. 

Ela queria ser amiga dele.

Com todos esses pensamentos mais "naturais", ela parou para analisar o novo estudante.

Sua pele era pálida. Estava calor, e ele veio com uma camisa por baixo do uniforme do colégio. A camisa continha um capuz, onde ele o ajeitou em sua cabeça. 

Ele parecia se esconder.

Keiko achou isso meio estranho, mas ignorou.

O professor, ao final de suas explicações, disse:

— No final da aula, vocês irão se inscrever em clubes de sua preferência. Caso não quiserem participar de nenhum, a diretoria irá colocá-lo no clube com a menor quantidade de membros. Os resultados oficiais serão divulgados na sexta-feira. — explicou o professor. — Dito isso, vamos começar nossa aula!

"Eu não quero participar de nenhum clube..." pensou Ren consigo mesmo.

O dia passou rápido. Keiko conversou muito com Yuna e Mizuki no almoço. Ren não comeu. Keiko de relance notou isso. Durante as aulas, Ren frequentemente coçava sua nuca e suas mão. Keiko notou isso. Ren ficou o dia inteiro encolhido, e não falou com ninguém, e ninguém falou com ele. Keiko notou isso.

Podemos considerar isso como stalking?

De qualquer forma, a aula acabou e a inscrição de clubes foi aberta. Havia uma variedade de clubes: caligrafia, literatura, esportivo...

Todos os clubes acima já lotaram.

Apenas um clube sobrou, e que ninguém havia entrado:

O clube de fotografia.

Keiko no fim da aula não notou a presença de Ren, e foi se inscrever em algum clube. Ela e suas amigas sempre se inscreviam no clube de esportes.

Dessa vez, ela não se inscreveu em nenhum. 

Seu plano era tentar se aproximar do Ren, onde ela deduziu que ele não entraria em nenhum clube. Logo, a diretoria iria colocá-los no mesmo clube, e dessa forma, ela se tornaria amiga de um menino.

Pela primeira vez.

O sino tocou. As aulas acabaram.

Keiko foi correndo para casa. Ela ligou seu celular e chamou Yuna e Mizuki no LINE, num grupo criado exclusivamente para as três conversarem:

GENTE... O QUE ACABOU DE ACONTECER????? — digitou Keiko, ainda surpresa.

EU NÃO SEI — respondeu Yuna. — Eu fiquei perplexa...

Foi como se a Keiko tivesse pedido para um gênio da lâmpada trazer uma nova pessoa para nossa classe — disse Mizuki. — Mas vocês viram aquele cara? Sinceramente eu achei ele bem estranho...

Concordo com você — respondeu Yuna — ele é pálido igual um vampiro! KKKKKKKKKKK.

— Ei... — começou Keiko, com receio. — talvez ele seja legal, ele só deveria estar... tímido. Se lembra quando nós éramos pequenas e a gente mal conversava umas com as outras? É só uma questão de tempo até ele começar a conversar com os outros garotos. — após digitar isso, Keiko se sentiu um pouco aliviada.

— Você tem razão, Keiko —  respondeu Yuna. —  mas mesmo assim, ele estava branco igual chantilly! KKKKKKKKKKKKKKK.

Keiko saiu do LINE após ler isso. Sua mente estava a milhão.

Não poderia ser uma coincidência.

— Eu deveria escrever.


bǝhind.Onde histórias criam vida. Descubra agora