- Oi, é a Min Keiko?
O garoto estava começando a palpitar. Era a primeira vez que ele adicionou uma pessoa no LINE fora de sua família. Ele não sabia o que fazer. Apenas tomou seu caminho para casa, esperando ansiosamente por uma resposta.
Em poucos segundos, assim como a aceitação da solicitação de amizade, Keiko respondeu:
- Achava que você iria esquecer. E sim, sou eu mesma! - digitou Keiko.
- Eu... eu nem sei direito como usar o LINE. Eu entro poucas vezes aqui, apenas quando minha mãe me manda mensagem...
- KKKKKKKKK. Cara, como assim? Você não tem ninguém adicionado no seu LINE? - perguntou Keiko, num tom óbvio.
- Não. - respondeu Ren, diretamente.
- Wow...
- Pois é.
- Bem, eu posso dizer com orgulho que eu sou sua primeira amiga do LINE! :) - digitou Keiko, feliz.
Ren ficou vermelho.
- Sim, verdade. - respondeu Ren.
- Ei, agora que eu parei para pensar... - começou Keiko. - você disse para mim que só fala com sua mãe pelo LINE, certo?
- Sim.
- E seu pai? Você não tem ele adicionado?
Ren já sabia da resposta, mas optou por arrumar uma saída rápida:
- Eu não quero falar sobre isso.
Keiko percebeu na hora o que ele quis dizer, e decidiu não continuar nesse assunto. Ela já formava teorias em sua cabeça. O pai dele foi preso? O pai dele se divorciou? O pai dele morreu?
- Bom, te vejo amanhã na escola! (acabo de perceber que digitei a mesma coisa que eu falei agora há pouco). - digitou Keiko, brincando.
Ren não respondeu. Apenas leu a mensagem e seguiu para sua casa. Ele não sabia mais o que o futuro lhe preparava. Acabava de se tornar amigo de uma garota. Ele nunca falou com uma e muito menos teve amigos.
Era tudo muito novo para uma mente com muito conhecimento.
Era tudo muito... inocente.
• - • - • - • - • - • - • - • - • - • - •
Ren pegou o metrô em direção à sua casa, sentando-se do lado da janela.
Ao passar por uma ponte, o pôr-do-sol desaparecia pela linha do horizonte. A luz que o sol emitia era vermelha-alaranjada, que se estampava no metro e no rosto de Ren.
Ren chegou em casa às 19:10.
Ele estava atrasado.
Ren sempre combinou com sua mãe de, em dias escolares, chegar em casa antes das 19:00.
Ele não sabia o que aguardava, e pensou se queria mesmo entrar em casa.
Ele não queria apanhar.
Após pensar muito e sentir que o clima estava esfriando, Ren criou coragem e decidiu entrar.
O barulho da porta abrindo ecoou pela rua vazia e escura.
- Cheguei em casa... - disse Ren, interrompido por um empurrão, vindo de trás.
Ren caiu no chão, reagindo a dor que lhe afetava.
- ONDE É QUE VOCÊ ESTAVA ESSE TEMPO TODO? - gritou a mãe, furiosa.
Ren não queria falar com ela, apenas se levantou e não disse uma palavra.
- POR ACASO O GATO COMEU SUA LÍNGUA? ME RESPONDE, PORRA. - gritou a mãe mais uma vez.
- Eu... acabei tendo que ficar por mais tempo na escola. - começou Ren. - Como é minha primeira semana, eu tive que receber orientações.
De um lado, ele não estava mentindo. Frequentemente professores e coordenadores o chamavam para explicar sobre os princípios da escola, regras, horários, etc.
Mas ainda tinha a Keiko, que foi o motivo do seu "atraso".
- Você acha que essa desculpa vai me convencer? - disse a mãe, em um tom irônico.
A mesma se aproximou do filho.
Olho com olho.
Ren tentou se afastar do rosto da mãe, mas não conseguiu. Ele foi tomado pelo medo. Seu rosto começou a suar. Ele não sabia o que fazer.
Ele só queria sair daquela situação.
Ren cogitou na possibilidade de sair correndo e se trancar em seu quarto, mas isso iria desencadear uma série de discussões.
Coisa que ele menos queria.
Após 10 longos segundos de sua mãe o encarando a centímetros de se encostarem, ela disse:
- Vai tomar banho. O jantar fica pronto daqui a pouco. - ela falou em um tom de desprezo tão visível que fez Ren engolir em seco.
Ren pegou roupas limpas em seu quarto e foi para o banheiro.
Após se livrar de seu uniforme sujo, ele ligou o chuveiro. Havia uma banheira, mas ele queria tomar um banho rápido.
A água quente caia sobre seu corpo enquanto Ren pensava em um monte de acontecimentos traumáticos que ele já vivenciou.
Ele começou a ter flashbacks.
Ren não aguentou a pressão, e começou a chorar, levando o braço cheio de cortes cicatrizados para secar suas lágrimas, mas isso não foi suficiente.
Ele se agachou e tapou seus olhos com suas mãos. Para não incomodar sua mãe, ele começou a chorar silenciosamente. A água do chuveiro ajudou no disfarce do barulho de seu choro.
Ren não queria ter nascido naquela família.
Ren não queria viver o que ele viveu anteriormente.
Ren chegou no seu limite.
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bǝhind.
Детектив / ТриллерRen Ayamaki é um garoto de 16 anos e possui um passado dominado por horrores. Keiko Min é uma garota de 15 anos e está disposta a descobrir o passado de Ren. E um aviso: toda ação nessa história irá ter consequências, das mais leves até as mais sang...