𝐓𝐡𝐫𝐞𝐞.

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Palavras irresponsáveis como "está tudo bem..." se espalham por ação dos dedos

" se espalham por ação dos dedos ❞

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𓋲

Depois que Natori atravessou aquela porta, nenhuma palavra a mais foi trocada pelos jovens. Talvez ele esteja apenas se sentindo culpado por manchar aqueles belos olhos.

Que angústia!

- Professor, isso é genial! - Suna ergueu a tesoura alaranjada contra a luz.

- Realmente? - Ansiava o mais velho. - Ela não gosta. - Apontou discretamente para a garota que nesse momento experimentava a comida mal temperada do inventor.

- Ela não entende de ciência moderna. - Brincou. O mais velho tentou segurar o riso, o que foi percebido pela citada, que ainda fazia careta do cozido sem sal do cientista.

"Bom, ele é um inventor, não um cozinheiro." Pensou.

A menina deslizou suas mãos pelo suéter de lã recém trocado, a qual ela achou mais adequado para a ocasião inesperadamente fria.

Fazia alguns bons minutos que a chuva havia ido embora, mas o ambiente ficou surpreendentemente gélido.

Suna, mesmo não querendo exigir além do seu alcance, afinal, ele era apenas um visitante, sentiu a necessidade de um tecido adicional para protegê-lo daquele ponto álgido. - Está frio, não é? - A garota comentou. -Se quer um casaco, apenas diga.

- Mais um minuto e eu vou congelar. - Sussurrou.

A mais baixa soltou um riso fraco, abandonando a faca sobre os temperos que acabaram de ser cortados, lavando as mãos e em seguida, guiando o garoto até uma porta que ficava mais ao canto. Era o quarto do professor.

- O professor não vai ficar bravo se entrarmos sem permissão? - Rintarou andava em passos hesitantes.

- Tsc! Por que ficaria?

- A pergunta é: Por que não ficaria? Estamos invadindo a privacidade dele. - Apressou os passos para acompanhá-la.

A menina parou rente a porta, levando sua mão dominante a parede, deixando-a lá por longos segundos, logo levando a maçaneta e adentrando o quarto.

- Por que fez isso? - Questionou.

- Isso o que? - Desviou o olhar rapidamente para o guarda roupa, navegando pelos amontoados de pano a procura de um decente para o clima.

- Você tocou a parede antes de abrir a porta, não me diga que... - A garota apertou uma camisa polo entre os dedos. - Tem medo de choque?

Engoliu seco. - Você não?

- Porque eu teria? Me diga alguém no mundo que morreu por choque de energia estática? - Caçoou, policiando-se quando notou o desconforto da garota. - É normal... - Sussurrou. - Quando eu era mais novo...

- Não fale da sua experiência de infância. - Jogou o moletom azulado sobre Rintarou. - Faz parecer que eu sou uma criança.

- Desculpa. - Vestiu a peça, acompanhando-a para fora.

O garoto de fios escuros parou abruptamente rente a porta, o que foi percebido pela outra, que também cessou seus passos, observando distantemente Suna levando sua destra em direção ao rosto.

- O que aconteceu?

- Acho que o ambiente está frio demais. - Não percebeu a situação de primeira, só se tornou evidente quando viu aquela gota vermelho vívido deslizando pelo ar em direção ao chão. Ela rapidamente retirou um lencinho verde do bolso de seu suéter, levando ao nariz sangrando de Rintarou. - Tsc! Não pense em colar um curativo no meu nariz também.

- Você está bem? - Sussurrou para o mais alto, ignorando a piada.

- A pergunta é: Você está bem? - A mão feminina que havia pousado em seu peitoral, apertou o tecido macio do moletom. - Eu agradeço por cuidar e amar meus machucados, mas porque não faz o mesmo com os seus?

- Não há como alguém amar essas feridas pessoais. - Sorriu pequeno, novamente deixando cair uma lágrima solitária, o que foi percebido por Rintarou.

- Eu posso amá-las. - Sussurrou de volta, beijando a pequenas gotículas que deslizava por sua bochecha.

- Isso é um flerte? - Murmurou quando os lábios do garoto se tornaram distantes.

- Talvez? - Acariciou os fios macios da menina. - De qualquer forma, não diga que quer ficar sozinha.

- Isso machucaria seu ego depois de tantas palavras bonitas?

- Idiota! - Soltou um riso abafado. - "Hoje, mais do que ontem, e amanhã, mais do que hoje."

- O que significa?

- Não tenho certeza... - Apertou o corpo feminino contra o seu. - Minha mãe costumava dizer.

Fios de cabelo.

Ela tinha belos deles.

Ela também tinha um corpo agradável de abraçar.

Um sentimento de nostalgia evocou por seu consciente, como se sentisse aquela ternura desde o dia de seu nascimento.

É como se sua vida diária, que se assemelhava mais a uma bateria descarregada, de repente se enchesse de cores.

- O que estão fazendo? - A voz de Natori os fez despertar daquele momento, quebrando o abraço rapidamente. - Vamos comer? - Resolveu ignorar a cena anterior.

Suna foi o primeiro a se movimentar em direção ao cientista, mas a destra que se enroscou em seu pulso o impediu de dar passos a mais. - O que?

- Você ficaria bem se eu fosse embora? - Engoliu em seco.

Fez uma pequena pausa. Pensando. - Não te conheço o suficiente para dizer se sentiria falta ou não. - Puxou o corpo feminino de volta para um abraço, se permitindo tocar aqueles fios nostálgicos novamente. - Mas se você voltasse, eu continuaria sorrindo como se nada tivesse acontecido.

𝐒𝐈𝐒𝐒𝐘 𝐒𝐊𝐘 - Suna RintarouOnde histórias criam vida. Descubra agora