49. Não é um príncipe

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Flynn's POV
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Acordei no sábado com uma dor de cabeça insuportável. Não devia ter bebido tanto. Ainda estava raciocinando onde estava, daí percebi que estava deitada abraçada com Carrie, nua, em sua cama. Foi nesse momento que algumas memórias da noite passada passaram pela minha mente. A festa, a bebedeira, o pedido de namoro e a putaria que rolou em seguida.

Carrie ainda dormia, linda como sempre. Me levantei e fui tomar meu banho. Ao sair do banheiro enrolada na toalha, vi que ela estava mexendo no celular, ainda deitada.

- Bom dia, gata. - Fui até ela e depositei um selinho em sua boca.

- Bom dia! Levantou cedo, esperava acordar abraçada com seu corpitcho gostoso.

- Mas minha namorada é muito safada! - Lhe mandei um sorriso de canto - Eu levantei cedo porque estou nervosa, Car.

- Com o que?

- Quero te apresentar para minha mãe.

- Mas eu já conheço ela.

- Quero te apresentar como minha namorada, e assim me assumir. Mas eu estou nervosa, vai que ela não aceita?

- Se ela não aceitar, você foge e vem morar comigo! - Ela se levantou um pouco e sorriu. Por causa disso, o cobertor que cobria seus seios caiu, fazendo-me encara-los. - Depois eu sou a safada!

- Sempre vai ser minha safadinha! Mas precisamos ir logo. Falei para ela que precisava conversar e que não ia me atrasar.

- Ta bom! - Ela saiu da cama e se direcionou ao banheiro. Acompanhei ela com o olhar, já que a mesma andava rebolando e sem roupa só pra me irritar.

***

Carrie tinha estacionado seu carro na frente da porta da minha casa. Descemos e apertamos a campainha. Ela apertava minha mão com força, como um sinal de apoio, para mostrar que estava ali comigo.

- Oi filha! Oi Carrie! - Minha mãe falou abrindo a porta.

- Oi mãe! Precisamos conversar! - Entrei e puxei Carrie para dentro. Sentei-me com ela no sofá enquanto minha mãe ficava na poltrona a frente.

- Aconteceu alguma coisa, filha? Está me deixando preocupada.

- Não! Quer dizer... Sim. Mais ou menos! Preciso que você me escute bem e seja paciente, ok? - Ela concordou com a cabeça e eu olhei para Carrie, que me passava um olhar de confiança e segurança. - Bom mãe, faz muito tempo que eu estou tentando te dizer isso, mas nunca parece ser o momento certo. Mas agora, eu não tenho mais como escapar desse assunto.
Eu estou apaixonada mãe, por uma pessoa incrível - Olhei para Carrie novamente, que tinha um sorriso bobo no rosto. - Mas essa pessoa não é quem você gostaria que eu estivesse apaixonada. Não é um príncipe encantado, muito menos um Ken da vida. Mãe, eu estou apaixonada por uma garota, por essa garota! - Finalizei, passando meu braço por trás de minha namorada.

- Vo-você ta me dizendo que... que você é... você é lésbica minha filha?

- Não exatamente mãe. Sou bissexual.

- Mas filha, isso é só uma fase! Você sempre gostou de meninos! Isso é só modinha de adolescente, vai passar! Ta tudo bem. - Ela falou como se suas palavras fossem me acalmar. Como se eu realmente estivesse doente.

- Não mãe! Não é uma fase e muito menos uma modinha! Essa sou eu e sempre fui eu!

- Você só pode estar brincando Flynn Stone! - Ela se levantou, apontando o dedo para mim.

- Não estou brincando! Eu nasci assim e você vai ter que aceitar! Você dizia que me amaria não importa o que acontecesse. Vai quebrar isso por que eu amo uma pessoa do mesmo gênero que eu? - Eu já estava com lágrimas espalhadas pelo meu rosto, mas ainda me segurava no corpo de Carrie, como se ela fosse um posto seguro.

- Vo-você a ama? - Ela perguntou, se sentando novamente e encarando Carrie.

- Óbvio que sim! E exatamente por isso eu a pedi em namoro ontem.

- Carrie, você ama a minha filha?

- Sempre amei, senhora Stone! Desde o jardim de infância. - Com essas palavras, minha mãe se sentou e começou a olhar para baixo.

- Sabe filha, quando eu era da sua idade, eu amei uma menina, Lizzie. Mas nunca contei para ninguém por medo, por achar que eu estava ficando louca. Então acabei encontrando seu pai. Nunca consegui amar ele de verdade, como amei ela, por isso divorciamos quando você era pequena. Eu inventei desculpas, tentando não aceitar quem eu era, me achava um monstro. Me desculpa minha filha! Eu não posso te proibir de amar. E acima de tudo, eu nunca vou deixar de te amar! - Ela falou isso e eu corri para os seus braços.
Nós duas estávamos chorando, mas me sentia feliz e livre.

- Venha cá, Carrie! - Minha mãe a chamou e ela nos abraçou. - Seja bem vinda a família, querida.

- Obrigada, senhora Stone!

- Me chame de Nataly, sem formalidades.

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Voltei!!!

Avisos: A partir de agora os capítulos vão demorar mais pra sair, já que vou voltar para aulas presenciais.

E também, o tempo narrado vai passar mais rápido, estamos na reta final.

Memórias de uma adolescente em crise | JUKEOnde histórias criam vida. Descubra agora