24

143 29 6
                                    

2019

Se você perguntasse a Jaehyuk qual sabor de sorvete ele queria, ele não saberia te responder com certeza. Sempre foi uma pessoa extremamente indecisa, tanto que só esteve realmente certo do que queria fazer após um semestre na faculdade, que por sorte, foi o curso que ele queria.

Mas tinham algumas coisas que ele tinha certeza sobre. Tinha certeza de que gostava do inverno, de que leite de banana era seu preferido. Também estava certo sobre seu amor por Saki e Sunwoo, ah essa era sua maior certeza.

Mas ele também tinha certeza de seus sonhos. O trabalho sempre fora sua prioridade, durante toda a vida, por conta disso, ele decidiu cumprir com o que prometeu a si mesmo. É uma pena.

Jaehyuk estava dando uma olhada no guarda-roupa e decidindo o que levaria para Busan, já que sua viagem era na próxima semana, quando ouviu a porta da frente bater.

Não precisou de muito tempo para ver o japonês parado na frente da porta do quarto.

- Já está fazendo as malas? - Ele perguntou, irônico.
- O-o quê? - A voz trêmula do alfa só magoava ainda mais o hamada.
- Quando você pretendia me contar isso? Ou você iria simplesmente ir embora, sem contar à ninguém? - A voz do ômega era tão embargada, mas tão cheia de raiva, que assustava.
- Não é o que você pensa! Eu posso explicar tudo! - Ele tentou segurar as mãos do japonês, que não permitiu. - Asahi, é a melhor oportunidade da minha vida.
- E por acaso você pensou nos seus filhotes? Você pensou no Sunwoo e na Saki? - Ele chorava, um choro tão grosso, tão carregado. - Você pensou em mim, Jaehyuk? Em algum momento?

Não era como se ele não tivesse pensado em levar Asahi consigo mas sabia que ele nunca faria isso. Ele tinha tudo para viver bem, seus pães e bolos vendiam como água, seu restaurante estava quase pronto.

E o alfa estava sem palavras porquê sabia que estava errado, tudo estava errado. Não tinham desculpas, não tinha como reparar. Apenas aceitar e ver seu amor sofrer, sabendo que era sua culpa.

- Eu pensei que estávamos indo bem, Yoon, pensei que poderíamos ser uma família feliz, uma família diferente mas feliz! E você não pensou nisso. - Ele se levantou da ponta da cama, aonde tinha sentado para respirar um pouco. - Lamento por ter te colocado nos meus planos de futuro, lamento por ter te prendido por tanto tempo, lamento por ter feito você se tornar pai de duas crianças do dia para noite. - Sorriu, amargamente, antes de parar na porta do quarto. - Amanhã nos reunimos com o advogado para resolver o que faremos com a guarda, sei que não vai tirá-las de mim então quanto a isso estou tranquilo em resolver com você se forma amigável. Vou buscar as crianças no jihoon e, como já não tem motivo para estar aqui, peço que volte para o seu apartamento. - Ele saiu, mas parou novamente. - Sabe do que me arrependo, Jaehyuk? De ter deixado você ver todas as minhas versões. Você não as merecia.

E asahi saiu, definitivamente. Saiu do quarto, saiu de casa e saiu da vida de jaehyuk. Dentro daquele quarto, ao lado de suas malas, o alfa chorou tudo aquilo que não tinha chorado durante toda a vida, pensando em como poderia reparar um por cento dos danos que causou ao japonês e como faria para consertar seu próprio coração, que agora estava partido.

Já o hamada, trancado no carro que estava estacionado na porta de casa, ele esmurrava o volante enquanto deixava lágrimas e mais lágrimas rolarem. Tudo passou pela sua cabeça mas ele não encontrou motivos para o alfa lhe deixar tão friamente.

Após trinta minutos naquela posição, ele decidiu seguir em frente e tocar sua vida. Ainda tinha dois filhotes e agora, mais do que nunca, eles precisavam de si.

Assim que saiu com o carro, viu jaehyuk saindo em sua moto também. Dirigindo em direções opostas, eles partiam da vida um do outro, após uma breve mas marcante passagem.

Mas ninguém nunca viu Asahi chorar por Jaehyuk, além de Jihoon. Foi buscar os bebês e passou uma hora e meia chorando no colo do amigo, enquanto Junghwan assistia desenho com Saki e Sunwoo tirava um cochilo.

Depois disso, ele nunca mais permitiu que alguém visse derramar uma lágrima por aquele alfa, que chegou, bagunçou tudo e foi embora. E também nunca ligou para ele, a não ser que fosse algo sobre os bebês.

Nem mesmo quando voltou para casa, naquela noite e sentiu como se estivesse voltando na sua primeira noite ali. Naquela noite.

E sabia que teria muito trabalho agora, já que assim que colocou os pés em casa, Saki chorou por querer Jaehyuk, enquanto Sunwoo continuava cochilando. Mas tudo que pode fazer foi abraçar a menina.

- Papai está aqui, amor.

Enquanto isso, a situação do alfa era outra.

Chorava, durante a noite porque não conseguia dormir sem o japonês. Chorava, durante o dia porque não tinha mais aquelas coisinhas gostosas que Asahi fazia de manhã e até sentia falta dos berros que ele dava quando o Yoon colocava o dedo na massa crua.

E do dia que saiu de casa, até o dia que se mudou para Busan, ele chorou, gritou, esperneou. Implorou para todos os deuses existentes, para que tirassem dele aquela dor que rasgava o peito.

Tenso em amigues.

Ohana; Asahyuk Onde histórias criam vida. Descubra agora