Ohana; Asahyuk

8

2019

Jaehyuk não costumava receber mensagens ou ligações de asahi, era tão raro quanto água no deserto, por isso quando viu o contato do japonês brilhando na tela do celular, soube que algo estava errado.

- Vem para a delegacia agora.- Foi tudo que ele disse ao atender a chamada mas sua voz trêmula foi suficiente para fazer o yoon colocar os tênis e dirigir até o local indicado.

Ao chegar e ver o estado do hamada, não fora preciso mais de dois minutos para abraçar fortemente o corpo magro do rapaz, que chorava compulsivamente.

- O que aconteceu? - O alfa perguntou.

- O mashiho... Junkyu... acidente...- Não conseguiu formar uma frase.

- Ei, eu estou aqui, se acalme. - Selou a testa do japonês, carinhosamente e esperou que ele pudesse explicar a situação.

- Eles foram viajar mas parece que ouve um acidente, um caminhão veio na direção deles e o kyu não conseguiu desviar... O carro capotou e eles... - Asahi não completou a frase e foi
melhor assim, Jaehyuk não conseguiria ouvir que seu melhor amigo estava morto.

- Tem certeza que são eles? - Era impossível, não era?

- Reconheci os corpos, são eles, alfa. - Suspirou, cansado, desolado. - Me ligaram depois de irem até a casa deles e pegarem as crianças.

- E aonde elas estão? Estão bem?

- Sim, com o conselho tutelar, estava resolvendo isso para pegar elas e levar para casa.

- Tudo bem, vem, vamos tomar uma água. - Saíram dali e buscaram copos, depois sentaram num banco do lado de fora da delegacia.

Honestamente, suas mentes estavam longe demais para pensar em outras coisas além da situação atual. Na cabeça de asahi se passava um filme, de todos os momentos que viveu com mashiho, das viagens ao Japão, das noites repletas de risadas, da formatura da faculdade, do seu casamento, dos choros do takata porque saki não parava de chorar... Já sentia tanta saudade de mashiho.

Jaehyuk se perguntava quando fora a última vez que abraçou junkyu e lhe disse que amava o melhor amigo. Não se lembrava e se culpava muito, sabia que devia ter dito mais vezes, devia ter passado mais tempo ajudando seu amigo com os filhotes, assistido mais filmes, ido a mais jogos de futebol, vivido mais intensamente aquela amizade tão verdadeira que possuíam e agora, ele tinha partido. Mas ao mesmo tempo, sabia que tinha feito tudo que podia e que agora, nada poderia ser mudado.

- Senhores? - O policial os chamou.

- Sim, senhor, podemos ver nossos afilhados? - Asahi praticamente pulou da cadeira, sendo seguido por jaehyuk.

- Sim, preciso que assinem alguns papéis e podem ir vê-los, pelo que me foi avisado, um advogado vai falar com vocês amanhã.

Ômega e alfa resolveram o que se fora necessário, decidindo também falar com jihoon e hyunsuk no dia seguinte, já que passavam das três da manhã.

Adentraram a salinha do conselho tutelar com pesar no coração, ouvindo os gritos altos do choro de seus sobrinhos. Assim que sunwoo colocou os olhos no hamada, ele levantou os bracinhos em busca de colo, que logo foi concedido pelo japonês que segurou o pequeno nos braços e abraçou o frágil corpinho.

Já saki chorava mais baixo, sendo embalada pelo corpo quentinho do yoon, enquanto era balançada para que parasse de chorar. As crianças estavam exaustas, os lobos dos irmãos estavam tristes e depressivos, além de cansados e eles não sabiam lidar com aquilo, porque tinham um ano de vida, sequer sabiam falar, quem dirá expressar tudo que seus bichos interiores sentiam. Logo pegaram no sono e os adultos puderam levá-los para casa.

Entrar na casa de mashiho e junkyu era, normalmente, motivo de sorrisos mas naquele momento era a pior coisa que poderia ter sido feita. O cheiro dos dois estava por todo ligar e isso afetava muito tanto asahi, quanto jaehyuk. Não parecia fazer sentido, essa situação era surrealmente inimaginável porquê a uma semana atrás, estavam naquela mesma sala, fazendo palhaçada para os filhotes e comendo pizza porém agora não passava de um ambiente frio, sem cor e sem vida, como o casal que um dia residiu ali.

O japonês e o coreano colocaram as crianças em seus berços, suspirando quando olharam para elas e se entreolharam. Não sabiam o que esperar do futuro, não sabiam o que fazer ou o que sentir, a única certeza que tinham era a de que com certeza mashiho e junkyu saberiam lidar com aquela situação melhor do que qualquer um deles.

vai ser revisado