Ohana; Asahyuk

25

2020

Após nove meses daquele fatídico fim de tarde, as coisas mudaram muito naquela família. Se é que ainda pode se chamar assim.

Jaehyuk, como previsto, foi morar em Busan, e agora atuava com chefe de transmissão em uma famosa emissora esportiva. Mantinha seu apartamento em Seul, já que como o combinado, Ele e Asahi teriam uma guarda compartilhada das crianças, então o Yoon ia para Seul de quinze em quinze dias, levava Sunwoo e Saki para seu apartamento e passava um tempo com eles.

Esses dois que estavam muito grandes agora, com quase dois anos. Já sabiam falar algumas coisas soltas e Jaehyuk se culpava muito por ter perdido as primeiras palavras deles. Também estavam andando, por assim dizer e o alfa também tinha perdido os primeiros passinhos deles, apesar do vídeo que Asahi tinha enviado.

Mas o alfa não era um pai ausente, dava o seu melhor para falar com eles todos os dias, mesmo que para ter uma chamada de vídeo com os bebês, precisasse ligar para o Hamada e lidar com o comportamento frio dele ou pior, precisava lidar com Kanemoto yoshinori.

O alfa japonês tinha retornado à vida de Asahi duas semanas após a mudança de Jaehyuk. Sozinho com os bebês, foi desesperador ver Saki tendo uma febre de trinta e nove graus, enquanto Sunwoo vomitava tudo que comia e ele não teve outra opção a não ser ligar para o médico e buscar por socorro e vendo a situação do Hamada, que chorava sentado numa cadeira no corredor, ele não pode simplesmente fingir que não tinha nada acontecendo.

Por conta disso, cuidou dos bebês naquela noite, concluindo que tudo que eles sentiam era estresse, causado pela situação dos pais e, assim que Asahi permitiu e se sentiu confortável, mudou-se para a casa aonde o ômega vivia.

Claro que ele não queria roubar o lugar de pai, que pertencia a Jaehyuk, mesmo que o alfa coreano enchesse os ouvidos de jihoon com isso. Yoshi queria ser o alfa de Asahi e uma presença diária para os filhotes.

Enquanto isso, O Hamada assistia sua vida mudando cada vez mais. Não que ele estivesse numa fossa ou que estivesse insatisfeito mas não podia deixar de pensar em como o último ano virou de cabeça para baixo tudo que ele conhecia.

Primeiro, perdeu seu melhor amigo e ganhou dois filhos. Depois começou a viver com um alfa que, em tese, detestava. Então se apaixonou por este alfa e de repente, foi abandonado por ele e agora estava vivendo o que todos diriam que era uma vida perfeita.

Seu namorado, ou o que quer que fosse, era um pediatra bem sucedido, tinha dois bebês saudáveis, sua padaria/restaurante andava melhor do que nunca. Então era irônico que ele ainda não estivesse totalmente feliz.

- Sabe exatamente do que você precisa, não adianta ficar escondendo. - Jihoon disse, enquanto fazia carinho nos cabelos do filho. Asahi estava lá para que as crianças passassem algum tempo com Junghwan e Yedam.

Sim, Yedam.
Um menino difícil, ele diria. Foi abandonado pelos pais logo cedo e por isso tinha o psicológico muito abalado. Afinal agora ele tinha doze anos e fora abandonado aos seis.

E desde então ninguém olhou para ele. Exceto Jihoon.

Era um dia chuvoso, estava caminhando de volta para casa e escutou alguns gemidos de dor vindo de um beco perto do restaurante. Foi ali que ele conheceu Yedam, um beta que fugia do orfanato aonde morava e que, na hora da fuga, tinha quebrado um braço. Naquela noite, Yedam dormiu em uma cama quentinha, com um pijama que fora comprado às pressas especialmente para si. Naquela noite, o casal o salvou.

Jihoon e hyunsuk cuidaram do jovem, ajudaram a pagar o gesso e de repente, Yedam já fazia parte da família.

Então entraram com o processo de adoção e logo, O beta era filho oficial de Jihoon e Hyunsuk. Além de ser irmão de Junghwan, que o idolatrava como ninguém.

- Eu não sei de nada! - Asahi respondeu, bufando.

- Tio, 'tá na cara que você gosta do tio Jae. - Yedam falou, aproveitando o carinho do pai.

- Até tu, brutus? - Perguntou o japonês, irritado.

- Desculpe, tio mas é que eu não conheci os asahyuk como um casal, fico curioso!

- Asahyuk? - Hyunsuk perguntou, descendo as escadas com  que tinha tomado banho e logo se aboletou no cercadinho em que os primos brincavam.

- Asahi e Jaehyuk! - O pre-adolescente exclamou animado e deu um high-five com Jihoon, que apoiava totalmente a ideia de ver seus amigos juntos novamente e que até ajudou com a criação do shipp.

- Meninos! - Hyunsuk falou baixo, em tom repreensivo. Não era como se fosse ele não apoiasse o casal também, o ômega coreano só achava que seu filho e seu marido não deviam se meter nisso dessa forma. Até porque Asahi tinha companheiro e nenhum deles desgostava de Yoshinori, mas era inevitável torcer pelo final feliz entre Jaehyuk e Asahi.

- Deixe esses dois, Suk! Só querem me arrumar problema! - Respondeu risonho, já tinha se acostumando com esse tipo de perturbação vinda de yedam e principalmente, de jihoon.

E não era como se ele se incomodasse, em partes entendia e até concordava mas nunca diria em voz alta. Afinal, sabia que Jaehyuk nunca sentiria muito pela forma a qual o Hamadase machucou.

E estava feliz com Yoshinori, ou ao menos tentava todo dia se convencer disso.

O Kanemoto não estava diferente, bem... Gostava de Asahi, claro que sim mas não era fácil se entregar a uma relação, quando tinha um Watanabe Haruto todos os dias em sua cabeça, o lembrando o nome de quem ele amava verdadeiramente.

A verdade era que Asahi ainda esperava encontrar a moto barulhenta do Yoon na garagem, para então gritar com ele sobre o perigo de andar com aquilo e ganhar um abraço, que sempre o fazia esquecer do mundo ao redor.

E quanto à Yoshinori, a verdade neste caso era que, ele só encontrava sossego quando via o sorriso bonito de Mahiho entrando logo cedo em seu consultório, só para levar um café antes de ir para o restaurante.

Enquanto isso, iam vivendo aquela linda mentira e tentando arduamente esquecer aqueles que realmente possuíam seus corações.

O problema é que mentira tem perna curta.