Parte XII

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Aviso de gatilho: episódio de ataque de pânico com descrição gráfica dos sentimentos e/ou sensações envolvidos. 

Se você é sensível, leia com cuidado. 

Preserve-se.

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― A senhorita está bem, Alteza?

Com os olhos firmemente fechados, a única resposta que Catarina pôde pensar em oferecer à jovem criada que finalizava seu penteado foi um meneio de cabeça, rápido e reflexivo, optando por se manter em silêncio para que a quietude do cômodo não fosse perturbada. A princesa também optou por não se aprofundar no pensamento de que não havia respondido a pergunta por não confiar o suficiente em como sua voz soaria aos seus ouvidos.

Hoje não é um dia em que você possa desmoronar, Catarina. Controle-se, contenha-se. Você agora é uma rainha e, como tal, deve desempenhar com maestria sua função.

― Alteza? Princesa?

A morena tentou bravamente manter sua atenção atada à jovem, contudo, sua voz já estava distante, completamente abafada em seus ouvidos pelo sangue correndo furiosamente por suas veias, as batidas de seu coração sobressaindo-se a qualquer som que pudesse estar presente no ambiente.

Catarina sentia seu corpo dormente ao ponto de não conseguir captar o momento em que mãos trêmulas agarraram seus ombros e a sacudiram levemente, seu nome chamado desesperadamente.

A sensação do toque fantasma se afastou abruptamente, o que permitiu que os pensamentos da princesa submergissem ainda mais em seu pânico. Sua respiração engatou, tornando-se rasa e superficial, a sensação de plenitude instalando-se em sua mente e toda e qualquer palavra misturou-se ao ar quando suas mãos, inconscientemente, se ergueram e seus dedos envolveram sua garganta como se estivesse sendo sufocada por uma força invisível.

Não percebeu o momento em que abriu os olhos, incapazes de se manterem focados em qualquer um dos pontos que usualmente ofereciam conforto, o ambiente completamente estranho para todos os seus sentidos, a sensação aumentando exponencialmente, desassociados à realidade.

Apesar de seu pequeno momento de consciência, a morena não conseguiu sentir nada além do peso esmagador de seus sentimentos, que obstruíam sua garganta ao ponto de uma tosse ininterrupta começar.

Surpreendentemente, mesmo em meio à crise, Catarina sentiu um par de braços familiares circundarem seu corpo tremulamente e em colapso, uma mão quente e calejada alcançar sua nuca para forçar sua cabeça de modo que estivesse apoiada em um peito largo enquanto a outra rodeava firmemente sua cintura, puxando-a para mais perto.

Ainda envolvida na névoa turva da sensação de afogamento em seus sentimentos conflitantes, a princesa conseguiu identificar uma voz murmurando palavras que soavam estranhas aos seus ouvidos, mas que produziram um efeito calmante sobre seu corpo trêmulo.

Afonso.

Eventualmente, sem saber quanto tempo havia se passado, a princesa se acalmou o suficiente para relaxar completamente nos braços do moreno, afastando-se para que pudesse fixar o olhar em seu rosto visivelmente preocupado, uma de suas mãos ainda em sua cintura, enquanto a outra se movia para que seu polegar acariciasse suavemente sua bochecha, seus cílios cintilantes graças as lágrimas não derramadas que a morena não havia percebido até aquele momento.

Catarina engoliu com dificuldade, desviando o olhar por um momento, perdendo a contração dos olhos do príncipe em sua direção antes que ele se pronunciasse.

― O que aconteceu?

A princesa voltou a olhar para seu rosto, oferecendo uma tentativa de sorriso que, obviamente, foi ineficaz se sua sobrancelha arqueando fosse qualquer tipo de indicação.

The Dragon's Call - Em Revisão.Onde histórias criam vida. Descubra agora