Parte VIII

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Anastásia suspirou ao colocar uma nova compressa sobre a testa suada de Catarina, observando o subir e descer constante de seu peito enquanto a princesa permanecia inquieta em seu sono, certamente presa em um pesadelo que não tardaria em fazê-la despertar. O ranger suave da porta e o barulho de passos atraíram sua visão periférica, a respiração pesada de Afonso audível quando ele parou ao seu lado.

― Como ela está?

Perguntou na língua comum, o sotaque acentuado em sua voz propositalmente baixa. A morena demorou um momento para responder, também o fazendo na língua comum.

― Fisicamente, está bem. Há alguns arranhões em suas mãos que acredito que sejam da entrada da caverna em que você a encontrou. Emocionalmente? Devastada. É só olhar para seu sono inquieto, vëllai.

Ambos permaneceram em silêncio. Annia ajustou as peles sobre o corpo esguio, levantando-se em seguida para apoiar a cabeça no ombro largo do moreno, que observava quietamente a princesa.

― Para que precisa de mim aqui?

Afonso suspirou, abraçando seu corpo e o puxando para fora do quarto no intuito de permitir que Catherine aproveitasse ao máximo seu descanso em um ambiente silencioso. Os dois foram para a cozinha, onde o moreno serviu duas generosas canecas de cerveja estrangeira. Sentou-se diante dela em uma das cadeiras que rodeavam a mesa, a olhando com atenção.

― Acredito que Catherine tenha ouvido o ataque, se não o viu. Quando ela acordar, não sei como estará, mas tenho quase certeza de que ela não vai receber bem me ver dentro do quarto. Nos conhecemos desde a infância, somos amigos e fomos prometidos, mas o que ela enfrentou foi um grande trauma e sabemos que coisas como essa costumam deixar marcas nas pessoas.

Anastásia assentiu, entendendo o real significado por trás de suas palavras.

― Você quer que eu tenha o primeiro contato com ela.

Não foi uma pergunta, mas ele assentiu em resposta, levando a caneca aos lábios para sorver um longo gole, sendo acompanhado por sua irmã mais nova. O silêncio confortável entre ambos foi quebrado pelos rugidos raivosos de Danae e Saera, o que levou os dois a rirem, a morena balançando negativamente a cabeça.

Um dia elas vão se entender.

A voz de Danae soou na mente de sua azantys.

Jo në ëndrrat tuaja më të mira (Nem nos seus melhores sonhos).

Annia e Afonso riram novamente, divertidos pela animosidade entre suas dragões. O moreno estudou por um momento o rosto da irmã, o brilho de felicidade presente em seus hipnotizantes olhos verdes.

Como está Gael?

A morena franziu o cenho com diversão, um sorriso suave em seus lábios.

Ele está bem. Suas feridas curaram muito bem.

Afonso assentiu, notando que a irmã levou a caneca aos lábios novamente para não revelar maiores detalhes, o que o fez estreitar os olhos em sua direção, ganhando como resposta um elevar de sobrancelhas malicioso.

Foram interrompidos por um grito vindo do andar de cima. Sem hesitar, os dois puseram-se a correr para lá com as espadas empunhadas. A porta se abriu com um estrondo, Annia seguindo para a cama da princesa enquanto Afonso percorria a extensão do quarto em busca de invasores.

Ao não encontrar nada, voltou para perto da cama para se deparar com Catherine completamente desperta, encolhida contra a cabeceira e alternando o olhar entre a morena estranha com uma espada na mão e ele mesmo, um espelho dela.

The Dragon's Call - Em Revisão.Onde histórias criam vida. Descubra agora