The Dragon's Call - Em Revisão.

Parte XIII

O período oficial de luto em Artena havia passado como um borrão e, ao pôr do sol do último dia, os preparativos para a coroação de Catarina ganharam força e iniciaram a todo o vapor. Surpreendentemente, Afonso e Anastásia tomaram a frente de todas as decisões que envolviam a cerimônia, o banquete e o torneio que marcava o encerramento da semana de festividades, fato que fez a princesa agradecê-los fervorosamente.

Catarina sabia que deveria ser ela aquela que gerenciava de perto o funcionamento do castelo como um todo, principalmente no que dizia respeito a esse tipo de atividade, mas dada a posição em que foi colocada e o curto espaço de tempo que teve para se habituar e se inteirar de todos os outros assuntos do reino, ela realmente não se viu protestando ao colocar essa responsabilidade nas mãos capazes de seu noivo e de sua futura cunhada.

Noivo.

Uma pequena palavra era capaz de causar uma avalanche de emoções conflitantes no peito da jovem, que lutava para não analisar aqueles sentimentos que faziam suas entranhas revirarem, recriminando-se mentalmente por sua tolice.

Antes da expulsão de Afonso, houveram fortes rumores de que uma união por meio do casamento entre eles foi discutida pelo Conselho dos Rei, com a aprovação entusiasmada de alguns dos membros do conclave para que os reinos, que até então não mantinham nenhum tipo de acordo ou aliança entre si, unissem incontestavelmente o Sul e a Planície Central do Continente.

A sugestão foi recebida com menor entusiasmo pelo Tratado dos Oito, mas não completamente descartada, uma vez que Montemor era o reino com o maior e melhor poderio bélico da Cália e tê-lo como um aliado seria vantajoso em mais de uma maneira. A realização de uma cúpula foi necessária para que pudesse ser discutido os termos do contrato e as opções de noivas existentes além da princesa herdeira de Artena, tópico rapidamente abandonado diante das perspectivas apresentadas.

Os outros sete reinos que formavam o Sul da Cália não contavam com filhas com idade elegível para um casamento ou tinham apenas herdeiros masculinos, estes já envolvidos em negociações com outras famílias nobres que contribuiriam para fortalecê-los, o que tornava Catarina a escolha óbvia na época.

E, diferente daqueles que acreditavam que ela vivia em uma redoma onde os sussurros da Corte não a alcançavam, a princesa mantinha-se bem informada sobre as fofocas que envolviam seu nome e o do príncipe herdeiro de Montemor, algumas delas divertindo-a quando comentadas nas tardes de chá compartilhadas com suas damas de companhia.

A jovem herdeira havia se preparado para o momento em que o noivado seria anunciado aos demais reinos, bem como para sua apresentação formal ao homem que viveria e governaria ao seu lado até o último de seus dias. Dizer que estava nervosa era um eufemismo, afinal, a reputação do rei Arthur estendia-se por quase todo o Continente.

O que garantia que seu filho mais velho não seguiria os mesmos passos do pai?

Contudo, ao contrário de tudo o que foi sussurrado sobre ele, Afonso se mostrou o completo oposto de seu genitor, embora ela conseguisse identificar a presença de uma sombra desconhecida no fundo das íris castanhas em seu primeiro encontro oficial. Os momentos passados em sua companhia foram, para a surpresa da princesa, mais do que agradáveis e ela se viu ansiando pelas próximas interações e até mesmo por seu casamento.

Após a partida precoce de sua mãe, Catarina podia reconhecer que aqueles meses foram alguns dos melhores de sua vida, mesmo com a presença perturbadoramente desagradável do rei de Montemor e de seu segundo filho, que parecia ter como missão de vida antagonizar e atormentar as servas do castelo.

Seu comportamento foi duramente criticado pelos nobres presentes, embora ele encontrasse uma indulgência velada por parte de seu pai e repreensões duras, por vezes físicas, vindas de seu irmão mais velho, que não tomava de ânimo leve as atitudes apresentadas por Rodolfo.