Parte IV

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Cinco anos atrás.

Bem, eu sinceramente esperava encontrá-lo enfurecido, aos gritos ou com medo. Você é uma incógnita para mim, Afonso Monferrato.

O rapaz abriu os olhos, movimentando a cabeça para cima para encontrar um homem alto parado à sua frente, com a pele branca como a neve banhada pela luz solar. Os cabelos platinados reluziam e moviam-se com a brisa fresca, uma armadura negra que continha em seu elmo um dragão de três cabeças acompanhado por rubis vermelho sangue era sua vestimenta, conferindo a ele um ar respeitosamente sombrio.

Olhos violetas o observavam com curiosidade, os braços apoiados despreocupadamente na empunhadura do que parecia ser uma antiga espada.

Reconhecimento piscou na mente do moreno.

Você é Rheagar Targaryen, irmão mais velho da mulher que meu antepassado assassinou.

Os olhos de cor incomum brilharam perigosamente com o lembrete.

Sim. Você tem sorte de não carregar o sangue sujo traidor de seu antepassado, apesar de seu parentesco comigo. É por essa razão que estou aqui, Afonso. Tenho observado você desde antes de deixar Montemor. Queria conhecê-lo e, como isso não é possível em vida, aqui estamos. Queria vê-lo com meus próprios olhos.

Rheagar, eu ...

O loiro ergueu a mão, silenciando-o.

Saera e Syrax são filhos de Drogon, que era um dos filhos de minha irmã mais nova. Ele a considerava digna de estar entre ele e seus irmãos e esteve com ela até o fim. O único que não a traiu, que não a matou. Ele a salvou. Aqueles dois têm o temperamento de seu pai e, se ambos permitem que você os monte, é porque existe algo de especial em você.

Rheagar sentou-se no chão, apoiando as costas na pedra que antes era usada como assento, a espada agora sobre suas pernas. O jovem fechou os olhos por um momento, aproveitando o frescor do clima.

Você sabe a razão para sua família caçar os dragões?

Afonso balança a cabeça negativamente em resposta. Algo dizia que o príncipe não precisava daquilo para responder, de qualquer maneira.

Quando Aegon VI matou minha irmã, Drogon ficou furioso. Nosso próprio sangue nos traiu, se tornou um assassino de parentes. Daenerys estava grávida quando foi morta e ia contar após a queda de King's Landing. Gêmeos. Destinados a estarem juntos e a reinarem como um só pausou, desviando o olhar por um curto momento antes de continuar. A dinastia Targaryen e os cavaleiros de dragões voltariam à vida através deles. Seus nomes seriam Ahenys e Alyssane. Crianças apaixonantes, minhas crianças. Saera e Syrax estavam destinados a serem deles, originalmente.

Umedeceu os lábios com a ponta da língua.

No momento em que ele a matou, Drogon apareceu e pegou seu corpo após queimar o trono forjado por Aegon, o Conquistador, com a ajuda de Balerion, seu dragão. Antes de voar, ele lançou uma maldição consanguínea sobre a geração de Aegon, o Assassino, como punição pelas vidas inocentes que ele tirou.

Rheagar inalou profundamente, soltando o ar devagar, encarando-o como se carregasse o peso do mundo em seus ombros.

Sua linhagem estaria fadada a sempre ter um casal de filhos, que se casariam entre si, a roda nunca tendo um fim. Um costume Targaryen que o Assassino repudiou em vida. Quando seus filhos nasceram, após o casamento com uma jovem chamada Suzanne, a única herdeira de Montemor, ele viu seus piores pesadelos ganharem vida quando ambos anunciaram sua união diante do povo. Imagine o escândalo.

The Dragon's Call - Em Revisão.Onde histórias criam vida. Descubra agora