Dizer que Demétrio estava preocupado seria um eufemismo.
O Conselheiro Real de Artena correu os dedos por seus cabelos brancos, suspirando cansado quando permitiu que seu corpo desabasse em uma das cadeiras da sala de reuniões do castelo, fechando os olhos por um momento.
Onde você está, Catarina?
A falta de notícias sobre o paradeiro da princesa era desesperadora, o sentimento de frustração atingindo picos alarmantes, em um duelo cruel com a sensação de impotência, sem saber como agir diante da situação a que foram expostos contra a sua vontade.
Voltou a abrir os olhos quando a lembrança de seu amigo de longa data e seu rei deitado sem vida sobre a mesa de pedra da câmara funerária do castelo preencheu sua mente, os lábios arroxeados em um contraste com sua tez cadavérica.
Antes de que ele pudesse se aprofundar em seu luto, um dos guardas entrou no cômodo em um rompante, de olhos arregalados. Demétrio levantou, assustado com a brusquidão de sua chegada.
― O que diabos está acontecendo? Explique-se imediatamente.
O soldado puxou uma profunda respiração, apoiando as mãos nos joelhos em busca de apoio antes de responder.
― A princesa Catarina, milorde. Ela está aqui ...
Antes que o pobre rapaz terminasse de falar, o mais velho praticamente correu pelas portas abertas, cruzando a distância do corredor em passos apressados, em direção ao pátio central do castelo.
Ao chegar, o conselheiro de Artena estancou subitamente, seus olhos arregalados em descrença com a cena a sua frente, sua boca escancarada em choque.
Parada ao lado de um belo garanhão, Catarina trajava calças masculinas, seus pés cobertos por botas negras que pareciam ser uma extensão da peça incomum para uma mulher, com os braços cobertos por uma camisa de linho branco com detalhes bordados em vermelho sangue. Seus cabelos estavam livres de qualquer adorno, caindo ondulados até a cintura, emoldurando o rosto pálido e visivelmente exausto.
À sua direita, com uma vestimenta parecida com a da princesa, estava uma jovem ainda em montaria, os cabelos cacheados também emoldurando seu rosto de traços familiares. Seus olhos esmeraldinos percorriam todo o ambiente, enquanto mantinha a mão sobre a empunhadura do que parecia ser uma espada presa ao pito da sela de couro escuro, visivelmente pronta para qualquer ameaça. Sua expressão era marcada desdém, desconforto e, imperceptivelmente, insegurança.
Mas, o que mais chamou a atenção de Demétrio foi o homem parado ao lado de Catarina, que tinha as rédeas de sua montaria firmemente seguras em uma das mãos. Seus cabelos eram maiores do que a última vez que o vira, seis anos antes. Seu rosto era marcado por traços agora másculos, sérios, adornados por uma barba espessa; as íris castanhas, embora endurecidas, ainda mantinham a aura bondosa que o mais velho vira em seu último encontro.
Trajava uma roupas simples, embora mantivesse consigo uma espada valiosa e aparentemente antiga, a outra mão pousada sobre a empunhadura quase despreocupadamente.
Quase.
Por mais que sua postura transmitisse tranquilidade, o conselheiro conseguia reconhecer um guerreiro habilidoso quando via um, o que era o caso do herdeiro de Montemor. O mais velho deu um passo à frente, atraindo a atenção dos três, recebendo um sorriso entristecido da princesa antes que ela corresse em sua direção, envolvendo-o em um abraço prontamente retribuído.
Por cima de seus ombros, percebeu que a jovem desconhecida analisava a cena com atenção, seus olhos estreitos em desconfiança antes de voltar a atenção para o homem imperturbável, que entregava as rédeas de seu cavalo para um cavalariço nervoso. Afonso deu um longo olhar para a moça, que bufou e apinhou de sua montaria com a elegância de uma verdadeira amazona, desamarrando seus pertences da cela e repetindo o gesto para um outro rapaz.
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The Dragon's Call - Em Revisão.
FanficOh, olhos enevoados da montanha abaixo. Tome cuidado, cuide das almas dos meus irmãos. E o céu deveria estar repleto de fogo e de fumaça. Continue vigiando os filhos de Durin. Agora eu vejo o fogo, Dentro das montanhas. Eu vejo o fogo, Queimando as...