O tempo parece parar quando se está dormindo. Você sonha, entra em um mundo completamente seu. É só você e a fantasia criada por seu cérebro, nada mais importa além de seguir o ritmo da sua imaginação, hora amistosa, hora tenebrosa, depende da experiência que teve durante o dia inteiro.
Naquela noite tive um sonho esquisito envolvendo dragão e ouro. Comecei estando sozinha no centro de um gigantesco corredor de pedra mal iluminado, de repente um brilho dourado surgiu como uma luz no final do túnel. Sem hesitar e nem ter outro lugar para ir, comecei a caminhar em direção aquele brilho dourado. Ao me aproximar pude notar que não se tratava de uma luz no final do corredor, e sim de um salão gigantesco cheio de ouro até onde a vista alcançava.
Caminhei alguns metros dentro daquele salão, conseguindo sentir o gelo das moedas douradas e sua textura sob os meus pés descalços. Ouço um estrondo horripilante e todo o solo começa a tremer, o tintilar das moedas caindo em cascata devido ao terremoto torna-se quase insuportável. De repente ele aparece, o terrível dragão citado pelos anões, estava a poucos metros de mim, senti medo quando sua respiração quente chegou ao meu rosto.
― Engraçado como as pessoas gostam de encontrar a morte, você pelo que percebo a verá pela segunda vez. ― Disse o Dragão com a voz horripilante.
Tentei correr, porém não consegui mover um único músculo. Lentamente o dragão foi abrindo a boca, acumulando aos poucos uma grande quantidade de fogo. Sabia o que viria a seguir, um baita de um Dracarys. Fechei meus olhos e curvei a cabeça para o lado, ficando preparada para o meu fim – pela segunda vez.
― Srta. Pouts. ― Senti alguém me puxando pelos ombros e me forçando a virar em sua direção. Era uma voz masculina, a voz de um dos anões. ― Estamos nos preparando para a partida, se demorar sairá sem tomar o desjejum.
Dei um pequeno sobressalto ao ser acordada daquela forma, no fundo ainda possuía a esperança de acordar na minha cama quentinha com meus dois irmãos mais novos pulando sobre mim. Nunca pensei que sentiria tanto a falta desses momentos rotineiros, os quais muitas vezes eram motivos de briga, já que eles acordavam cedinho e eu queria apenas dormir após chegar da balada de manhã.
― Deveria me chamar após chupar uma bala de menta. ― Resmunguei esfregando os olhos e sentando sobre a cama. ― Devo acorda-lo?
― Não acredito que ele virá. Mas tenho certeza que a senhorita nos acompanhará na jornada. ― Oín voltou a assumir a postura ereta com o corpo. ― Estaremos te esperando do lado de fora do quarto. A senhorita gostaria de um chá?
― Sim, por favor. ― Agradeci educadamente e me coloquei em pé.
Recolhi os poucos pertences que possuía e deixei o quarto do anfitrião tentando fazer o mínimo de barulho possível. Lentamente caminhei até o banheiro, porém me arrependi amargamente de ter feito aquilo. Os anões haviam conseguido deixar um rastro de caos e destruição no cômodo, a última coisa que pretendia descobrir por mais curiosa que fosse, era como eles conseguiram quebrar o encanamento. Aquilo estava mais sujo que um banheiro público de rodoviária, fedendo a urina e merda.
― Meu deus do céu, devo ter feito strip-tease com o manto sagrado para merecer isso. ― Resmunguei enquanto me trocava às pressas. ― Que nojo, que nojo, que nojo.
― Está tudo bem? ― Fili abriu a porta do banheiro ao escutar meus resmungos.
― SAI DAQUI, SEU PERVERTIDO. ― Gritei puxando rapidamente o vestido para cima, minhas bochechas coraram de vergonha por ele ter me visto com o tronco despido.
― Desculpa, Elph... É que... ― Resmungou Fili corando enquanto fechava a porta com pressa. Ele urrou alguma coisa na língua dos anões, batendo com força na madeira da porta.
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𝐎𝐓𝐇𝐄𝐑 𝐒𝐈𝐃𝐄 ⇢ 𝑇𝘩𝑒 𝐻𝑜𝑏𝑏𝑖𝑡
FanfictionSempre nos ensinaram a ordem natural da vida é: Nascer, viver e morrer. Mas no meu caso, precisei realmente morrer para poder viver. THE HOBBIT / LOTR PERSONAGEM ORIGINAL ...
