Durante muitos anos me considerei uma pessoa metódica, sempre gostei de estar á frente de qualquer tipo de situação, surpresas faziam parte dos meus piores pesadelos e detestava quando as coisas não estavam sobre meu controle. Moldei planos de como seria minha vida, possuindo o alfabeto inteiro programado caso o propósito principal falhasse miseravelmente. E a partir do momento que temos um propósito de vida perfeita preparado cometemos o erro de criar expectativas. Expectativas que os caminhos serão iluminados, que as pessoas vão cooperar, que faremos a diferença e deixaremos uma marca no mundo. Grandes expectativas sobre onde iremos e o que seremos.
O problema com os planos é que eles não nos preparam para o inesperado. E quando a vida nos passa uma rasteira, temos o sentimento de que fomos roubados, de que as coisas serão incapazes de serem resolvidas e tudo será ladeira a baixo. Acontece que, as vezes, o inesperado é melhor do que qualquer programação prévia, fazendo com que a vida planejada pareça desinteressante e sem cor. Faz com que você se questione sobre os motivos de apego as expectativas. No fim o inesperado consegue ser mais firme e empolgante. Com isso tirei a seguinte lição: O esperado é somente o começo, enquanto o inesperado é o que realmente molda quem realmente nos tornamos, é ele que molda as nossas vidas.
Bem, meu querido amigo leitor, é exatamente nesse momento que a minha aventura começa. Após um incidente totalmente inesperado.
Como se tivesse misturado todas as bebidas existentes na adega do meu pai em uma única noite, acordei com a sensação de que minha cabeça fosse explodir a qualquer momento e meus miolos seriam espalhados pelo quarto mal iluminado que me encontrava. As lembranças do momento do acidente e de minha vida passada estavam confusas, como se estivesse acordando de um sonho confuso onde a realidade e a fantasia se encontram e não podemos destingui-las.
Sentei com dificuldades sobre a cama macia, encostando as costas na cabeceira de madeira e pisquei os olhos algumas vezes com certa força, demorando para me acostumar com a pouca claridade do ambiente. Do outro lado da porta fechada, podia ser ouvido vozes masculinas animadas, como se estivessem numa grande festa.
― Esse não é o meu quarto ― Resmunguei admirando o recinto.
O quarto era rústico, bem organizado e cheio de móveis de madeira com adornos delicados, as costinas brancas enfeitavam a janela e movimentavam sutilmente com a brisa delicada que entrava pela janela.
Puxei as coberta para o lado enquanto levantava da cama e olhei minhas vestes, estava utilizando uma camisola branca com caimento até os joelhos e mangas compridas, no busto haviam alguns fios trançados que foram amarrados de mal jeito, como se a pessoa que me vestiu tivesse feito tudo às pressas.
Sentindo-me um pouco tonta, caminhei até a porta perfeitamente redonda e a abri vagarosamente, no fundo temia com o que poderia encontrar do outro lado. Me deparei com um corredor comprido e cheio de portas redondas idênticas do quarto. "Onde raios estou?" perguntei mentalmente enquanto seguia a direção dos ruídos.
As coisas ficaram ainda mais confusas com a cena surpreendente que me deparei no final do corredor. Vários homens barbudos, "baixinhos" e troncudos caminhavam pelo corredor, entrando e saindo de algumas alas da casa. O recinto lembrava uma casa de bonecas, como se tivesse sido feita por encomenda para alguém do meu tamanho. Um homenzinho de pés peludos e bem vestido ditava ordens para os homens parrudos, os quais o ignoravam por completo. Próximo a eles, assistindo a cena com um sorriso divertido na face, estava outro homem, este maior que os outros, trajado com roupas cinzentas e uma gigantesca barba branca. Lembrava um certo feiticeiro fantasioso de meu mundo, o que me fez rir fraco com a cena curiosa.
―Elphaba! Não sabe o quanto estou feliz por te ver acordada. ― Falou a menor das criaturas com um sorriso genuino de alívio estampado na face.
― Como sabe o meu nome? ― Perguntei surpresa, afinal não conhecia ninguém naquela casa e lugar.
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𝐎𝐓𝐇𝐄𝐑 𝐒𝐈𝐃𝐄 ⇢ 𝑇𝘩𝑒 𝐻𝑜𝑏𝑏𝑖𝑡
Hayran KurguSempre nos ensinaram a ordem natural da vida é: Nascer, viver e morrer. Mas no meu caso, precisei realmente morrer para poder viver. THE HOBBIT / LOTR PERSONAGEM ORIGINAL ...