cap 8

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Bárbara

Claro, claro que Carolina estaria na casa de Gaby, não é mesmo? Mas eu não posso ter simplesmente um segundo sequer de sossego. Depois daquele show que eu tinha dado no meio da rua a última pessoa que eu queria ver era ela, simplesmente porque eu não queria falar sobre o que tinha acontecido, estava morrendo de vergonha.

E aparentemente ela também, porque quando abriu a porta, sua feição foi de surpresa para um rubor bem forte em segundos.

-Entra- Ela me convidou, por fim. Carolina me convidando para entrar na casa do meu pai. Simplesmente minha vida não faz mais sentido.

Eu até queria poder dizer que tinha esperanças dela só passar algumas horas e depois ir embora, mas ela já estava de pijamas e bem acomodada. Um pijama inclusive muito curto que não deveria ser permitido.

O quarto que eu poderia usar para dormir, como havia acontecido uns meses atrás, quando eu fui lá, agora magicamente não existia mais e tinha virado um escritório da mãe de Gaby. Não sei para que ela precisaria de um, já que não fazia nada além de transformar a vida de todo mundo em um inferno. Então, meu pai apareceu se explicando que eu iria ter que dormir ou com Gaby e Carolina {ótimo} ou no sofá da sala.

Meu plano de me esconder em algum lugar e fingir que estava morta foi para o beleléu e com passos pesados, como se estivesse me encaminhando para a forca, fui para o quarto de Gaby. Minha irmã apareceu surpresa e bastante animada com minha presença.

-Ai que noite do pijama divertida!- Babi 26 dizia observando Gaby me abraçando.

-Eu não sabia  que você vinha!- “Nem eu” acrescentei mentalmente. Eu não prestava muita atenção em Gaby, porque Carolina estava deitada na cama da minha irmã com uma cara de quem preferiria mil vezes estar levando um tiro. Era recíproco- Deita aqui, a gente está decidindo o que assistir- Ela me convidou depois de se aconchegar ao lado de Carolina.

De novo, eu queria poder arranjar uma desculpa para não fazer isso, mas a cama de Gaby era incrivelmente, absurdamente grande. Não sei o que estavam pensando quando a compraram para ela, talvez quisessem que ela participasse de uma suruba, porque facilmente cabiam 5 pessoas ali. Soltei minha mala que eu segurava até então como uma boia salva-vidas e me deitei ao lado das duas.

-Que divertido!- Gaby gritou, totalmente se divertindo Eu e Carolina estávamos se divertindo. Eu e Carolina estávamos duras na cama, não querendo mexer um músculo sequer. Isso só durou uns segundos, porque a campainha tocou e Gaby saltou da cama na mesma empolgação, dizendo que era a pizza- Não aprontem nada, hein- Disse, antes de sair do seu próprio quarto.

E lá ficamos, as duas, sem graça.

-Fala com ela, sua idiota- Babi 26 resmungou, estava de pé longe de nós, perto do banheiro de Gaby brincando com os sabonetes franceses da minha irmã, um gosto que, devo dizer, compartilhamos.

-O que você quer assistir?- A voz de Carolina falhou todinha, como se estivesse engolindo em seco e agradeci profundamente por ela ter quebrado o gelo, assim não tive que me dar o trabalho.

-Tanto faz- Digo com uma  indiferença bem maior do que eu pretendia e ela bufa, irritada com minha resposta. A cautela, a vergonha e tudo foi para a casa  do caralho, porque lembrei como ela poderia ser extremamente irritante

-O que foi?- Perguntei com o ódio exalando.

-Nada. Quer assistir algo de especial, não?- A ênfase no especial me tirou do sério. Me sentei na cama, não querendo de jeito nenhum ficar tão próxima dela. Que ódio, que ódio dela e de mim. De mim por gostar daquela ridícula. E de mim do futuro que chegou na minha vida jogando essa bomba chamada Carolina no meu colo.

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