cap 13

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Bárbara

Era emoção demais para um ser humano em poucas horas. Babi 26 com certeza, não havia me preparando para aquilo. Só tinha me dito no caminho para casa de Carolina para checar se minhas unhas estavam bem curtinhas. Claro que agora parece óbvio, mas eu sou lerda e não percebi.

Transar com aquela menina foi como um despertar gay, minha vida inteira havia sido uma farsa, até então. Foi bem impressionante, nunca Bruno havia chegado aos pés daquela garota.

Aí o que acontece? Somos acordadas por dois homens no dia seguinte, catatônicos com a cena. Logo percebi que eram os pais dela, era de conhecimento geral que os pais de Carolina eram homossexuais, ela aguentou algumas piadinhas sobre isso quando éramos crianças, eu me lembrava disso. Um garoto chamado Level sempre se incomodou com isso até que levou um chute no saco de Carolina criança e nunca mais se meteu com ela.

-Que 50 reais, Samuel? Não vou te pagar nada- Os pais de Carolina eram o próprio estereótipo de casal gay, bem padrões inclusive o que falava, o Paulo, era loiro, branco que nem papel, com olhos pretos que eram mais intimidadores que qualquer azul que você encontra por aí.

Já o Samuel, era mais moreno, bem pele de quem fica o dia inteiro na praia o que eu acho chique para quem vive em São Paulo, além de ter olhos verdes e cabelo lisos. Era ridículo imaginar isso, mas Carolina se parecia muito fisicamente com os dois.

-Eu sempre soube, jamais criaria uma filha para ser hétero- Samuel disse orgulhoso. Meu Deus, eu só queria me enterrar naquela cama e morrer.

-Eu jurava que ela era hétero!- Paulo gritou de novo, inconformado.

-Por favor, Paulo! Não conhece a sua filha agora.

-Mas, Muca!- Imaginei que fosse um apelido. Ou talvez seja uma gíria, os gays têm muitas gírias, palavras de Babi 26- Ela até trazia aqueles meninos para casa!

-O B não é de biscoito (sim é BISCOITO!!!), criatura!- Samuel rebateu o marido e eles continuaram discutindo, como se nós não estivéssemos ali.

-Me desculpa por isso- Carolina sussurrou para mim, de forma quase inaudível. Eu sorri para ela, queria que soubesse que estava tudo bem e, eu admito, era bem divertido.

-A pergunta que não quer calar é!- Samuel gritou, de repente- Usaram camisinha? Eu não quero ser avô.

-Pelo amor de Deus, pai- Carolina falou pela primeira vez.

-E você não me venha, hein, Carol. Era para ter nos buscado no aeroporto, ficamos lá esperando que nem idiotas- Fez uma pausa- Só perdoamos porque você estava ocupada fazendo coisas gays.

-Ai!- Samuel exclamou feliz- Eu preciso falar com o Henrique e o Caíque, eles não vão acreditar- E rapidamente começou a mandar várias mensagens em seu celular- Os filhos deles são héteros, vão morrer de inveja- E saiu do quarto falando no celular.

-Desde quando isso está acontecendo e por que não nos contou, hein?- Paulo colocou a mão na cintura e ficou batendo os pés no chão.

-Há algumas semanas, eu fiquei com a Gaby. E depois disso com mais algumas- Carolina respondeu calma, levantando ainda mais o lençol nos escondendo, Paulo deu outro grito e eu não conseguia deixar de rir.

-Samuel, venha aqui! Sua filha está beijando mulheres há semanas e não nos contou!- O pai morenos entrou no recinto e desligou o celular na cara de alguém. Olhou para filha bem sério e disse:

-Você sabia que isso é homofóbia, minha filha?- Ela revirou os olhos.

-Ai pelo amor de Deus- Carol resmungou. Ai ficava tão fofinha resmungando. Nossa, eu estou muito trouxa, alguém me pare.

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