cap 9

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Bárbara

Eu não sei se o que aconteceu realmente aconteceu. Talvez eu tenha sonhado ou alucinado. Não seria a primeira vez, mas não me lembro de ter usado drogas em algum momento da minha noite.

Não sei o que se apossou sobre mim quando calei a boca da Carolina a empurrando contra a parede. É tão irritante, mas tão irresistível. Ela podia ficar sempre quietinha, porque assim eu não teria a mesma vontade de socar e beijar essa desgraçada.

Fui acordada por Gaby às 6 da manhã, mandando a gente se arrumar para o Colégio. A primeira coisa que vi foi o rosto todo amassado de Carolina. Nós nos encaramos em silêncio, tentando descobrir silenciosamente se tínhamos nos pegados loucamente na escada mesmo. De novo na escada, será que tínhamos algum problema?

Minha irmã já tinha tomado banho e foi apressando Carolina para que ela também fosse. Acho que ela estava doida para sair de perto de mim, porque deu um salto da cama, querendo sair logo dali, mas quando ela estava entrando no banheiro, Gaby a parou.

-Eu não lembro de você ter esse chupão aqui não- Disse apontando para o mesmo local em que eu havia sugado a pele de Carolina de madrugada. Na mesma hora, meu rosto ficou vermelho, mas Carolina conseguiu ficar plena.

-Claro que tinha, amiga- Risada nervosa- Foi a Tainá, lembra?- Gaby a fitou desconfiada, mas decidiu acreditar e eu tive que fingir que não estava morrendo de ciúmes lembrando daquilo. Pelo menos naquela madrugada só eu a tinha beijado. Bom, é o que acho, porque vai que ela pegou alguém entre 2 e 6 horas da manhã. Uma coisa que não se deve fazer é subestimar Carolina Voltan.

Eu fiquei ali sentada na cama encarando o nada, pensando em como a minha vida tinha dado uma volta de 180°. Isso é 180° mesmo, se você diz 360° tá errado, porque quando se dá essa volta, você para no mesmo lugar. E não, eu não sou inteligente, Milena que me corrigiu uma vez e me chamou de burra.

-Dormiu bem?- Gaby me perguntou do nada, me dando um susto. Parecia Babi 26, brotando. Essa inclusive que estava sentada ao meu lado tomando um cafezinho.

-Aham- Respondi bem mais eufórica do que deveria tentando esconder o nervosismo. Gaby me encarou semicerrando os olhos.

-Adorou né, safada?- Babi 26 disse, maliciosa, mas eu a ignorei.

-Vocês duas estão muito estranhas- Como um timing perfeito, Carolina saiu do banheiro enrolada em uma toalha. Tive que desviar o olhar, porque aquela visão poderia subir o calor e...Ah, você entende.

Eu queria evitar aquela conversa, então logo tratei de ir ao banheiro também. O pior foi passar por Carolina, seu olhar me deixou totalmente desconcertada, como se estivesse me despindo.

Nós demoramos uma eternidade para ficarmos prontas, a vontade de falar se apossando de nós. Ainda mais depois de um acontecimento nada agradável, quando a mãe de Gaby brotou no quarto brigando com Gaby, porque ainda não estávamos prontas e ela iria nos levar. Começou a falar mal de mim e de Carolina, minha irmã não se aguentou, deu uma  leve surtada justificada e anunciou que não precisaríamos de sua ajuda, porque ela havia acabado de decidir que iríamos de metrô.

A maioria do caminho, nós caminhamos em silêncio e eu até agradeço muito por isso, porque eu sentia que Gaby perguntaria algo sobre o chupão de Carolina, chupão esse que EU havia sido a responsável.

Estávamos a algumas ruas do Colégio quando a minha falsa sensação de paz se foi. Babi 26 apareceu ao meu lado eu tentei não me distrair quando ela começou:

-Babi, eu vou fazer uma coisa, mas é porque precisa acontecer, ok? Não fique com raiva de mim- Deu uma pausa- Quero dizer, de você. É que realmente ia acontecer de qualquer jeito- Eu a olhei de relance totalmente confusa, mas ela não deu tempo- Por favor, caia que nem uma jaca podre.

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