cap 2

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-Não, não, não...Isso não está acontecendo- Eu já havia dado 10 voltas em meu quarto. Mais um pouco eu cavaria um buraco no chão, que nem desenho animado mesmo. Eu ainda me recusava a olhar para a mulher que estava agora sentada em minha cama me analisando.

-Nossa, eu não tinha nenhuma celulite- Disse por fim- Você tem que passar uns cremes hein. Quanto fizer 19 vai aparecer algumas- Me alertou e em seguida se espreguiçou em minha cama.

-Olha, eu não sei quem você é,,mas eu preciso que vá embora- Supliquei.

-Eu já te expliquei três vezes- Ficou sem paciência- Não é difícil, não é física, Babi.

-Como eu posso simplesmente aceitar que você sou eu do futuro e que voltou para tentar me ajudar a não estragar minha vida?- Gritei de volta tentando me convencer de que aquilo tinha mesmo acontecido.

-Porque é a realidade. Eu também não queria isso, ok? Eu tinha um encontro com a Francesca, uma aeromoça italiana que passa muito tempo sem transar- Ficou sonhadora- Ela é selvagem.

-Francesca? Uma mulher?- Arregalei os olhos, chocada. Essa minha reação provocou nela um suspiro de exaustão.

-Ah não, eu não acredito que você ainda não sabe- Andou pelo quarto abrindo minhas gavetas- Eu preciso fumar.

Eu já ia repreendê-la, dizer para que não mexesse em minhas coisas quando uma batida frenética veio de minha porta.

-Babi? Por que você está gritando? Aconteceu alguma coisa filha? Estou preocupada!- Minha mãe perguntava do lado de fora.

-Tudo bem, mãe! Foi só um pesadelo- Olhava para a mulher mexendo em minha gaveta de roupas íntimas e desaprovando meus sutiãs.

Minha mãe fez silêncio por alguns segundos e voltou a perguntar

-Babi, você está usando drogas de novo?- Senti meu rosto queimar de raiva.

-Claro que não! Eu não faço isso!- A mulher à minha frente soltou uma gargalhada alta enquanto se ouvia os passos de minha mãe se afastando.

-Shhhh!- Eu a repreendia mandando ficar em silêncio, mas ela não parava. Finalmente, depois de alguns segundos, limpando as lágrimas como se tivesse ouvido a melhor piada do universo, ela parou de rir.

-Ai, muito mentirosa!- Ela gritou novamente eu me aproximei mandando que ela se calasse- Relaxa, Pinóquio, só você pode me ver e me ouvir- Disse abanando a mão para mim como se fosse óbvio- Mas você hein...Nunca prestamos, não é mesmo? Eu até sei onde...- Ela abriu minha terceira gaveta. Afastou habilidosamente todas as caixas do lugar, parecia saber o que estava fazendo. Eu ia gritar para que ela parasse até que encontrou a caixa.

-Ei, eu...-Tentei me explicar quando ela já tirava minha maconha da caixinha.

-Olha, eu vou te contar que essa maconha é horrorosa, você precisa de um fornecedor melhor- Me interrompeu, bolando lindamente um baseado para si mesma- Procura o namorado da Lara, o Gustavo. Ele tem um amigo que vai te vender algo melhor pela metade do preço dessa porcaria.

Pisquei os olhos, assustada.

-A...A Lara não namora nenhum Gustavo- Ela se sentou de novo em minha cama, frustrada.

-Ai que porra. Ok, me conte sobre sua vida para eu saber mais ou menos em que época estamos- Pediu. Meu Deus, ela iria deixar meu quarto fedendo a maconha. Como eu me explicaria para Leide, que com certeza iria contar para minha mãe?

Sentei-me na cadeira do computador, um pouco distante dela

-Eu não vou falar da minha vida para alguém que eu não conheço- Falei relutante e de braços cruzados, tentando levantar minhas defesas.

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