A marrenta e o dono do morro

cap 01

Débora narrando:

Tá um calor filho da mãe. Parece que o sol do Vidigal é mais forte. Não tem noção. A casa tá arrumada ,mudamos pois minha filha chega no fim de semana. Eu queria um quarto só pra ela,Cristina morava com minha mãe em Minas gerais , mas minha mãe morreu há dois meses e para ela estava difícil, ela terminou o estágio de enfermagem e resolvi entrar em acordo com ela, como eu trabalho no postinho do morro a ajudaria a encontrar emprego pois ela queria ser médica e com o salário ela poderia pagar a faculdade. Me sinto orgulhosa de Cristina, sempre muito esforçada, sempre dedicada a fazer tudo para agradar minha mãe. Ficou ao lado dela ate o último suspiro. Durante todo esse tempo nunca a vi reclamar, sempre com uma voz boa do outro lado  da linha, das vezes que fui visitar minha mãe vi a casa bem cuidada e minha mãe sempre arrumada de uma maneira caprichosa!

Eu queria que ela se sentisse avontade, geralmente eu ia para Minas pois minha mãe estava impossibilitada de sair. Tinha tido avc e ficou muito debilitada, dependia em tudo de Cristina. Minha irmã ficava com minha mãe para Cris estudar, mas o pesado ficava pra ela. Como eu disse eu nunca vi minha filha reclamar.

Eu via como Cris cuidava de tudo. Ela cuidava da casa e de minha mãe que quiz ficar no interior de Minas gerais. Agora ela vinha para o Rio de janeiro. Ageitei o quarto como ela gostava, deixei tudo a seu gosto. Seria difícil pra ela se habituar , acostumada ali em governador Valadares, embora fosse uma cidade com estrutura ,não era um morro como o Vidigal, eram mundos diferentes opostos eu diria.

Meu marido era um bom homem, não era o pai de Cris mas a conhecia desde bebê e a tinha como filha. Era pai de Meus outros dois filhos. Leandra de 15 e Rodrigo de 12 anos. Ele estava preocupado em deixar tudo ao gosto de Cris, era sua filhado coração como ele dizia .

Leandra era uma espuleta, adorava um baile funk, ia sempre com  Marcinho irmão de João Carlos meu marido.

Rodrigo me dava trabalho com os estudos não gostava de frequentar aula, me queimava a cabeça de preocupação.

A semana passou rápido, João foi buscar Cris no aeroporto pois o voo dela chegou no horário e eu estava no trabalho. Quando cheguei , ela já havia chegado, a casa cheirava a comida fresca, alho fritando. Eu escutava ela Rodrigo e Leandra conversando animadamente , minha filha era mesmo uma jóia.

_ Filha mal chegou e está na cozinha?

_ A benção mãe? _ Ela abriu um sorriso farto.

_ Deus abençoe!

_ Vá tomar um banho. E venha jantar.

Fomos jantar todos juntos, como a muito não fazíamos, arroz,feijão, bife salada e batata frita! Suco de laranja e ainda musse de limão pra sobremesa. Que delícia! 

_ Mãe a Sra olhou as faculdades que tem bolsa ?

_ Sim amor, vou te passar tudo . Mas agora só ano que vem. Filha com suas notas do Enem vc consegue uma boa bolsa.

_ Tenho que procurar emprego mãe. Não quero ser um peso.

_ O que é isso menina? _ João riu. _ te acalma , vc chegou hj.

_ Eu sei mas não posso me acomodar,a vida é assim,tô acostumada a ter o que é meu . Gosto de roupa boa,perfume bom! Vou ficar nas costas de ninguém não!

_Vou olhar no posto pra ver se  vc termina teu estágio.

_ Tá bom. Vou olhar se consigo algo por perto então finalizo o estágio obrigatório. O importante é não parar.

_ Mana, vamos no baile? Amanhã vai ser só proibidão. _ Leandra falou sorrindo cortando o último pedaço do bife que estava no prato. ..

_ Eu? Colocar mini saia pra um bando de macho relar em mim? Não mesmo. Tá doida?

_ Não é assim mana. Baile aqui é ótimo...

_ Ótimo?? Droga? Bebida e vagabundo? Tô fora . Não mesmo . Eu não gosto Leandra .

_ poxa mana. É legal.

_ Legal pra quem gosta. Eu não curto essas coisas.

_ Vai ter um festival na ong, eu quero participar .

_ Leandra, festival de que? _ Eu perguntei.

_Dança!

_ Cê tá pensando em dançar o que?

_ Dança do ventre mana.  Dança cmg. Vc é fera e o prêmio é 10 mil , eu te dou a metade.

_ Aí eu vi vantagem. Acho que minha roupa veio. Aquela preta. Isso é pra que dia?

_ Domingo.

_ Esqueci baile. Vamos treinar esses dez mil são nossos menina.