Sobre estar sozinho

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Oie

Por favor, leiam as notas finais~

Boa leitura, doces!~

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A primeira coisa que Jisung notou, ao se aproximarem do navio, foi a bandeira. Toda a frota de Aurora seguia o mesmo padrão, a bandeira preta com a ampulheta e a caveira no centro, em branco, mas a bandeira do Back Door, fluída sob a ação do vento marinho, tinha algo a mais.

Espalhados pelo tecido, como se servissem de fundo para o emblema, um padrão de linhas se estendia, numa formação que ninguém nunca soubera explicar de fato. Diziam os boatos que o emblema era exclusivo dos herdeiros do reino. Ninguém mais o tinha.

Quando todos já estavam sobre a estrutura de madeira do barco, o capitão o pousou no chão com um movimento ágil e gentil, disparando ordens para os piratas que estavam por ali, a fim de que revertessem os preparativos e pusessem o navio para andar com urgência.

Ele deu uma última olhada, rápida e intensa, para o Han, antes de a figura bem delineada do alfa se afastar e sumir na confusão de gente que começava a se formar. O ômega sentiu-se engolindo em seco.

Os outros três também se dispersaram rapidamente, deixando Jisung plantado no meio do convés enquanto eles tomavam suas posições e comandavam os pequenos grupos de auxílio que os seguiram, quase no mesmo momento em que foram convocados. De imediato, o Back Door virou uma cena coordenada, alfas, betas e ômegas manejando cordas, empurrando caixotes e erguendo a rampa de acesso recém apoiada.

Eficazes o suficiente para que tudo estivesse pronto em minutos e que, em menos de meia hora, o navio já deslizasse pelas águas, deixando para trás a comoção que se armara no bordel à beira mar.

Jisung ainda viu, enquanto se afastavam, o momento em que várias pessoas emergiram pelas portas do bordel às pressas. Algumas pararam para observar da beirada do porto enquanto outras, alguns poucos piratas, correram para ficar na mureta de um dos navios ali aportados, com o nome em espanhol ofuscado pelo Sol. Um deles, também saído do prédio, ainda chegou a acenar ironicamente para o Back Door, como se cumprimentasse Jisung e os herdeiros pelo entretenimento gratuito.

O rapaz evitou pensar naquilo, sem saber o motivo de uma sensação de desgosto preencher sua boca quando o homem desconhecido abaixou o braço e permaneceu os olhando ao longe. Logo, ele e os demais não eram mais do que pontinhos distantes no litoral.

Foi apenas quando já estavam mais afastados da costa de Nova Providência, de cinco anos infernais que ficariam marcados em sua pele, que uma mão tocou o ombro do Han, virando-o e afastando delicadamente os fios escuros de seu cabelo para que não tocassem o arranhão aberto em sua bochecha. Relutante, o ômega ergueu o olhar, se deparando com um par de olhos castanhos e claros o encarando de volta, emoldurados por mechas de cabelos loiros.

Ele não o reconheceu. Não era um dos que o trouxeram para a embarcação, não estava no bar durante o conflito. Acuado, Jisung tentou se arrastar para longe, apenas para ter seus ombros segurados com firmeza, ainda que não com força.

O outro tinha o cheiro adocicado e intenso, como ervas medicinais fortes.

- Não precisa ter medo, apenas vou dar uma olhada em seus ferimentos.- O ômega sorriu pequeno, tirando uma das mãos de seus ombros para segurar seu queixo, virando o rosto com delicadeza. Quando identificou um hematoma no maxilar, tocou ao redor das bordas com cuidado, observando as reações alheias. Jisung grunhiu de dor. - Sente dor quando toco aqui? Em que intensidade?

- Bastante. - O Han murmurou, encolhido.

De imediato, o loiro buscou um frasco de vidro numa pequena caixa de madeira ao seu lado, esta que Jisung nem mesmo percebeu que ele havia trazido. Ele despejou um pouco do conteúdo nos dedos, aplicando na área arroxeada na face alheia e a fazendo formigar por alguns segundos, antes de a dor diminuir drasticamente.

Filhos da AuroraOnde histórias criam vida. Descubra agora