A melhor forma de terminar um dia

982 141 154
                                    

Perdoem os erros e:

Boa leitura, doces!~

------------------------------☆☆------------------------------

Quando saíram de Nova Providência às pressas, voltando ao mar muito antes do previsto, Felix inicialmente não calculara a data que chegariam. Por alguns dias, ele nem ao menos cogitou ser necessária a contagem, pois não parecia que chegariam realmente a tempo.

Mas quando o tempo passara, o calendário surgindo novamente em sua mente e os dias até Aurora sendo cuidadosamente organizados em seus pensamentos, ele percebeu. A data exata de sua chegada, o que isso significava para si, sua família e mais ainda para seu pai. Pelos planos iniciais de navegação, aquele seria o primeiro ano que passaria o dia longe de casa, uma vez que a chegada do Back Door fora organizada para quase uma semana depois.

Mas, com a confusão no Caribe e a pressa da volta, não precisaria fazer aquilo. Ao menos não daquela vez.

Então, ao chegar em Aurora, não demorou muito para pedir a Jeongin que guiasse Jisung para o subterrâneo em seu lugar, enquanto abraçava seu pai alfa com força e seguia junto a ele para outra parte do complexo de cavernas. Mesmo já tendo 23 anos, sendo independente e navegando por conta própria junto aos outros herdeiros, ele permitiu que seu pai o pegasse pela mão, sentindo o calor dos dedos que o acalentaram por toda sua vida o levar pelas curvas sinuosas da pedra.

Seu pai alfa era o Detentor da Pólvora, um dos melhores atiradores de sua época e talvez um pouco além, e, mesmo assim, Felix apenas o via como o alfa que o carregara no colo. Aquele que o criara, limpara suas lágrimas quando se machucara e o pusera para dormir mais de mil vezes, mesmo após já ter passado dos 10, 12 ou 15 anos e mesmo se o pedisse para fazer agora.

Era isso que ele era, mais do que um pirata, uma lenda e um assassino. Seu pai.

Sabia que nem todos tinham o privilégio daquele tipo de presença.

Ao chegar à parte privada das cavernas, nos aposentos da corte, Jongho parou em frente a uma porta. Ele virou a feição cansada para o filho e ergueu a mão para passar os dedos com carinho pelos cabelos loiros, bagunçando-os.

- Ele não sabe que você está de volta, não sai do quarto desde ontem à tarde. - Confidenciou o mais velho, encarando o filho nos olhos. - Sei que é egoísta, Lixie, mas me alivia muito que possa estar aqui. Ele mal dormiu essa semana, e sei que você não estar em casa piorou tudo.

- Eu sei. - Felix sussurou, também baixinho, suspirando com pesar. Suas mãos tiraram a do pai de seus cabelos, deixando que esta descansasse ali. - Também me alivia que tenhamos antecipado a volta. É o único dia em que ele fica assim, estava me martirizando por não estar presente desta vez.

Um sorriso pequeno se desenhou no canto dos lábios de Jongho, como se silenciosamente pedisse desculpas pelo peso daqueles problemas cair sobre os ombros do rapaz quando ele mal estava lá quando ocorreram, mas o loiro negou com a cabeça, já soltando a mão do pai e levando sua destra à maçaneta. Não era um peso, nem um fardo.

Amava demais seus pais para enxergar aquilo daquela forma e preferia passar o dia acalentando suas lágrimas a deixá-los sozinhos nos momentos difíceis. Não importava que não estivesse lá quando ocorreu, o sangue e, mais importante, o amor de ambos corria em suas veias. Portanto, podia deixar que sua presença e seu carinho corressem pelas deles, lembrando aos três que eram uma unidade só, independentemente de qualquer coisa. Mais do que a instituição social "família", eram o alicerce e a base uns dos outros.

A porta do quarto rangeu sob o peso de sua mão quando entrou, a maçaneta fria fortemente presa entre osdígitos quentes. Lá dentro, à parca luz de algumas velas e sob a cobertura dos lençóis da cama no centro, ele viu fios loiros levemente mesclados ao branco, quase idênticos aos seus.

Filhos da AuroraOnde histórias criam vida. Descubra agora