Capítulo Doze

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𝕻𝖆𝖔𝖑𝖆 𝕺𝖓

Kate havia me abandonado e ido dançar com sei lá quem. Peguei em meu celular e comecei a mexer nele, já que não havia ninguém para conversar.

O único que estava na mesa era o Jonathan e ele não parecia ser um cara de muita conversa.

Também é melhor assim, vampiros são a última espécie com quem quero ter uma conversa, abrindo excessão para Kate, porque eu já a conhecia antes e a tornar vampira, Tainá e Samantha, que apesar de parecerem duas patricinhas, até que são legais.

Mas como sorte é algo que definitivamente eu não tenho, advinha quem decidiu largar o celular para falar comigo.

- Aura roubada? - Jonathan pergunta olhando para os meus fios de cabelo branco.

- Sim - E essa era pior memória de todas, sempre que eu olho para esse cabelo outrora preto, agora branco quase chegando as raízes, me faz lembrar daquele dia, se não fosse por elas...

Sinto meus olhos ficarem molhados, malditos vampiros!

- Você está bem? - Ele pergunta vendo que o meu estado não é dos melhores.

- Apenas más lembranças - Digo forçando um sorriso.

- Entendo... - Ele se aproxima mais onde eu estava - Nem todos tem boas lembranças das transformações.

- E o que você sabe sobre isso - Digo acabando por expelir a minha raiva - Você já nasceu vampiro, sempre teve a vida que quis.

Sei que não foi legal o que falei, mas que se dane, estava cansada de ter que fingir que acreditava em algo diferente.

Pensei que ele pararia de tentar falar comigo após minhas palavras, mas em vez disso ele tirou a jaqueta que havia colocado, e levantou uma das mangas de sua camisa.

No braço havia uma grande marca de mordida e não, não era de vampiros, era algo maior, haviam várias marcas de dentes.

- Quando eu tinha dez anos fui mordido por um lobisomem descontrolado, em uma noite de lua cheia. A dor durou horas para passar, pois eu não havia apenas sido mordido, mas também porque estava me transformando em um deles - Ele volta a descer a manga da camisa - Minha transformação foi distinta de todos os outros, porque eu era vampiro, meu corpo estava experimentando muitas alterações metamórficas, todos os médicos pensaram que eu não sobreviveria.

Ele sorri ironicamente antes de continuar sua narrativa.

- Mas aqui estou eu não é mesmo? Um meio vampiro, meio lobo, mas segui com minha vida, e, se você pensa que ela é fácil e que eu sempre tive tudo que quis, você se engana. Como sabe bem, eu perdi meus pais bem cedo, nunca tive ninguém nesse mundo que cuidasse de mim, por ser o único herdeiro vivo da família mais temida do mundo, as pessoas tinham medo de se aproximar de mim - Ele dá um gole em seu gin e continua - Eled temiam que de alguma forma a profecia pudesse afetar a eles. Então ao longo do tempo eu fui me fechando em meu próprio mundo e deixando de me preocupar com quem quer que fosse, poucas pessoas são excessões. Nem eu, nem Ben, nem Chris tivemos uma vida de príncipes, pelo contrário, tínhamos que estar preparados para tudo, fomos obrigados a fazer coisas tão desumanas que para a sua cabeça nem passa, fomos obrigados a ver, viver coisas que ninguém deveria ser obrigado a viver, sem poder sequer falar ou negar.

Sua cabeça estava para baixo, parecia que essas palavras o afetaram demais.

- Perdemos pessoas que amávamos, sem poder chorar e se você fizer as contas eu apenas tenho dezoito anos mas já passei por tudo isso, por isso pare de pensar que não temos sentimentos. Nos sentimos muito, cada um e nós tem suas inseguranças que com o tempo, aprendemos a esconder e a fingir que não existem. Eu não digo que você não tenha passado por coisas ruins, mas por favor pare de pensar que sô porque somos vampiros não temos lágrimas, dores ou até mesmo generosidade. Nenhum de nós decidiu nascer vampiro.

𝕰𝖓𝖈𝖔𝖚𝖓𝖙𝖊𝖗 𝖔𝖋 𝕯𝖊𝖘𝖙𝖎𝖓𝖞 𝖆𝖒𝖔𝖓𝖌 𝖁𝖆𝖒𝖕𝖎𝖗𝖊𝖘Onde histórias criam vida. Descubra agora