Luna Castilho:
Uma semana havia se passado desde a minha primeira vez, nada anormal, exceto que eu me sentia bem mal já fazia uns dois dias. Parecia que sempre estava febril ou com espirros. As brigas em casa não melhoravam em nada minha imunidade, meus pais estavam super feliz que eu havia dormido com Renan, mas eu insistia em dizer que não era algo para se comentar com todos e comemorar, mas meu pai já havia feito isso: ligou para seus amigos direitistas-bolsonaristas-fascistas e lhes disse que as boas novas eram que eu estava namorando o filho mais novo de presidente, e o presidente deles! Cada vez que o ouvia dizendo aquilo sentia tanta raiva que queria socar minha cabeça na parede. Eu estava sendo exibida como troféu.
Estava fazendo minhas tarefas do EAD para tentar melhorar, mas em nada ajudava, minha cabeça doía como se tivessem a martelando, e meu peito doía de tanto tossir. Minha mãe bateu a porta com o celular em mãos, e os olhos arregalados.— O que houve, mãe? — Lhe indaguei preocupada, me levantando da cadeira que estava sentada.
— O seu namorado, o Renan...Testou positivo.
— Positivo pra tchola, né? — Disse tentando não pensar que ele estava contaminado com corona e consequentemente eu também podia estar, mas minha mãe não gostou da piadinha.
— Não, Luna! Ele testou positivo pra covid.
Arregalei meus olhos e senti que minha dor de cabeça aumentou ainda mais graças à notícia.
— Flávio nos disse que os médicos disseram que ele já devia estar infectado há uma semana, mas o vírus estava em período de incubação e podia estar fora do período de transmissão, você pode estar...Ou não.
— Puta que pariu. — Me sentei e encostei a cabeça na mesa, xingando todos os palavrões que conseguia me lembrar, era óbvio, os sintomas que eu sentia tinham um motivo, explicação e origem: eu estava com corona vírus.
Minha mãe ainda falava, mas eu não a ouvia, estava muito imersa pensando em como matar Renan, mas lembrei que a irresponsabilidade também havia sido minha, então eu deveria me matar e matá-lo?
— Flávio mandou virem testar você aqui, e disse que também mandou trazer cloroq...
A interrompi rapidamente. — Eu não vou tomar isso. Cloroquina? Não mesmo, para o pessoal de esquerda é tubaína, e eu prefiro tomar isso à um medicamento que não tem nem comprovação científica de eficácia. Não mesmo!
— O Renan vai tomar a mesma medicação. — Ela parecia destemida a me convencer de tomar caso eu estivesse infectada.
— O Renan é maluco, ele e a família todinha dele, se eles querem se matar, que façam, eu tomo cloro e coquinha e me curo sem precisar disso aí. E é melhor a senhora sair para não correr risco de se infectar, Mãe...
Ela não fez delongas, saiu dali de cara fechada, e eu encostei a cabeça na escrivaninha, suspirando. Peguei meu celular e rapidamente fui contar sobre o ocorrido no grupo das minhas amigas, mas preferi não, decidi contar só a Sarah. Eu estava cheia, não havia contado para meus pais que havia perdido minha virgindade com Renan, eles achavam que tínhamos apenas dormido, já que para a família tradicional brasileira; sexo é só depois do casamento, mas eu havia feito antes, e dane-se, eu não iria casar com Renan para isso.
Meu peito tinha um misto de sensações que já se materializavam em lágrimas escorrendo pelos meus olhos marejados, mandei uma mensagem para Sarah, fungando.Eu: Sasa...Eu posso conversar com você? Mas precisa ficar entre nós duas, por favor.
Sarah da URSS: Claro, eu não contaria pra ninguém <3
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Minha Gatinha Comunista
RomanceComponentes diferentes não se misturam, principalmente quando você é o filho do presidente, de direita armada e se apaixona pela filha esquerdista dos vizinhos. Pode o amor aparecer mesmo em meio de tantas desavenças e diferentes pontos de vista? A...