Gado

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Renan Bolsonaro:

Não podia estar mais feliz, não tinha como. Sentia pela primeira vez que alguém gostava de mim, e não por eu ser eu filho do presidente,— Visto que ela odiava meu Pai. — ou por eu ter dinheiro, Luna parecia gostar de mim pelo o que eu realmente era, não por um sobrenome um conta bancária. Voltei pra minha casa após aquele beijo com os pensamentos nas nuvens, o gosto dos lábios de Luna ainda pareciam recente nos meus. Nada podia estragar minha felicidade, a não ser Laura, que me encarava de braços cruzados.

Você beijou a arara.

—Você devia estar dormindo! — Exclamei a olhando e rolei os olhos. — E mais respeito quando falar da Luna!

Laura fez um barulho, imitando uma arara talvez, mas soou como se ela tivesse engasgada, não me preocupei porque sabia que coisa ruim não morria fácil, e feito aquele barulho estranho, ela subiu as escadas saltitando.
Me joguei no sofá e afrouxei minha gravata, olhando o nada e sorrindo com o recorrente rosto de Luna envergonhada que aparecia em meus pensamentos. Meu coração parecia estar flutuando, e esperava que ela também se sentisse assim. O cheiro de Luna estava gravado em minha memória e marcado em meu terno do abraço caloroso e o último beijo que demos quando ela teve que ir pra casa.
Balancei a cabeça e subi as escadas em direção ao meu quarto com um sorriso ainda estampado no rosto, tirei meus sapatos e minha roupa, as jogando no chão e me deitando na cama só de cueca. Encarei o teto e a sacada de Luna pela porta de vidro, pensando se ela estava bem e feliz como eu.

— Ela não está pensando em você. — Laura saiu do banheiro em minha suíte, peguei os lençóis e me cobri rapidamente. Ela já estava com seu pijama de gatinhos e uma pantufa escandalosa cor rosa-pink que seria possível ver até mesmo no meio da floresta amazônica. — Eca, vai se vestir, sua lagartixa.

Joguei um travesseiro nela. — Sai daqui, Laura! Que saco, me deixa em paz!

— Só quis comentar. — Laura deu de ombros e saiu do meu quarto, batendo a porta com força.

"Enfim em paz", pensei sozinho e peguei o controle da minha Split, a ligando e fechando meus olhos para dormir, já que eu já sonhava acordado.

[...]

Meu sonho estava sendo tão bom, eu beijava Luna novamente, mas repentinamente, ela parava de me beijar e começava a falar:

Renan, estou com fome...Renan, acorda! Renan, Renan, RENAAAAAN!

Acordei assustado e vi que não era Luna e sim Laura quem berrava. Cocei meus olhos e passei as mãos pelo cabelo bagunçado.

— Caramba! Você não sabe pegar um pão e passar manteiga?! — A olhei sério, Laura fez um beicinho e negou com a cabeça, me cobri novamente até a cabeça, fechando os olhos e a ignorando.

— Faz pra mim, Renan...— Ela me chacoalhou e tirou o lençol de cima da minha cabeça.

Suspirei e me sentei na cama, eu não podia perder a cabeça, ela era minha irmã mais nova e estava sob minha responsabilidade. Forcei um sorriso e arrumei o cabelo de Laura.

— Você esperaria só eu tomar um banho? Aí eu desço e te faço um café da manhã incrível.

Laura sorriu e afirmou com a cabeça sorridente, me abraçando apertado e saindo do meu quarto saltitante. Bocejei e me levantei em passos preguiçosos, mesmo com o sono que queria me fazer voltar pra cama e me acordar somente às 2hs da tarde.
Tomei um banho rápido, a água fria me fez despertar rapidamente, levando a preguiça junto. Meus pensamentos já se dirigiram à ela: Luna. De novo, e eu mal havia acordado.
Desci as escadas já vestido, bagunçando meus cabelos para o secar, sorri ao ver Laura sentada no sofá da sala, jogando no Xbox que havia no suporte de TV da sala.
Me dirigi a cozinha em silêncio, checando as notificações do meu celular, e só pra começar o dia bem vi que mais um ministro havia se demitido. Todo dia isso, meu Deus! Deixei o celular na bancada e comecei a preparar um misto para Laura, que logo apareceu ao meu lado e me olhou sorrindo.

Pode colocar queijo duplo pra mim?

Sorri fraco e afirmei com a cabeça, colocando seu pão na sanduicheira para esquentar quando terminei de o fazer.
Me encostei na bancada e peguei meu celular novamente, tirando as marcações com meu nome de postagens totalmente aleatórias e ignorando todos os memes preconceituosos que faziam com nossa família. Suspirei e fui tirar o pão da sanduicheira e o entreguei para Luna.

— Vou preparar seu Nescau... — Murmurei, distraído, Laura afirmou com um singelo "Aham".

Cocei a nuca cabisbaixo e suspirei, fazendo seu Nescau.

[...]

Já se passava das 10hs da noite e eu encarava a sacada de Luna tristemente. Nada. Ela não veio acenar pra mim hoje, nem sequer abriu sua porta, nem um "Oi" sequer. Pensei que só eu havia gostado do ocorrido de ontem, porque tentei lhe ver o dia todo. Laura talvez estivesse certa, "ela não estava pensando em mim", e eu era como dizem o gado da história. Me encostei no parapeito da sacada e suspirei, encarando a sua sacada com o coração apertado. Apesar de ser ignorado o dia todo, sabia que hoje só pensei nela de dia, porque de noite, eu sonharia.
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N/A: Obrigada aos que comentaram as idéias no "capítulo" anterior, vou tentar encaixar na estória e realizar as idéias de vocês com muito carinho. Obrigada pela paciência de esperarem esse tempão que fiquei sem atualizar. Hoje vou postar um capítulo extra pra compensar
KKKKKKK e vamos de Renan iludido e demissão de mais um ministro!

Minha Gatinha Comunista Onde histórias criam vida. Descubra agora