Renan Bolsonaro:
Passaram-se menos de três semanas após minha discussão com Luna, quando meu pai, ao perceber que finalmente havíamos entrado em conflito o suficiente para cessarmos nossa conversa, viu a oportunidade perfeita de me fazer engolir goela abaixo seus planos mirabolantes.
Certo, eu admito, não fui cuidadoso em relação à Luna; saímos despreocupados e passamos por situações não muito convenientes em público, nos beijamos sem pudor, e admito, que eu como bom emocionado que sou, cheguei a confessar em streams que estava apaixonado. E tudo isso, uma hora ou outra desencadearia em fofocas, e não demorou para que isso acontecesse, jornais e sites de fofocas, buscaram informações de Luna e da família Castilho, e óbvio, um "rolo" com o filho do Presidente, rendia um bom conteúdo, principalmente quando se descobriu que Luna não era adepta ao movimento bolsonarista, e sim, fazia partes de movimentos esquerdistas e a favor do velho Lula — Que, infelizmente, não era o Molusco. — Meu pai, dizia que a minha e a sua reputação estavam sendo destruídas pela minha paixonite adolescente, e que precisaríamos reverter isso, e claro, o único modo que ele havia encontrado foi arranjar um casamento, o mais breve possível. Eu, sinceramente, queria fazer qualquer coisa que pudesse atingir o ego inflado de Luna, e queria que ela visse, que eu estava bem sem ela, mesmo isso não sendo totalmente verdade. Movido por tanta raiva e obstinação, eu aceitei sem pensar duas vezes, e sem fazer objeções, e claro, quando eu aceitei, foi quando me foi revelado que meu pai já tinha a pretendente.— Já? Eu achei que faríamos uma coisa mais...Lenta? Uma namorada nova, uns encontros públicos aqui e ali.
Papai riu anasalado e negou com um aceno de cabeça.
— Demoraria muito tempo, logo logo inicia-se a pré-campanha, e eu preciso que isso seja esquecido. Luana aceitou a idéia, e já está preparando o casório.
— O QUÊ?
Aquilo foi, sem sombra de dúvidas, um choque para mim. Eu adoraria atingir Luna, mas com Luana? Não sei se ainda estou tão disposto a arquitetar um plano vingativo, principalmente se for necessário casar-me com a Árvore-de-Natal-Ambulante para isso. Luana sempre foi um arranjo de meu pai para mim, uma vez que ele sempre almejou que eu me casasse cedo, e com uma moça que prezasse o nosso lado político, e ele encontrara isso perfeitamente nela, uma vez que para estar em mídia e vivendo uma boa vida, Luana se tornaria puxa-saco até do Benito Mussolini.
— O que me diz? — Ele me encarou, franzino e já com a expressão carrancuda, pois sabia que após a revelação, eu poderia dar para trás e atrapalhar seus planos.
— Preciso pensar. — Disse, sincero.
— Pense bem, pois caso passe mais tempo, a garota dali. — Apontou para a porta, fazendo menção a Luna. — Pensará que você não consegue seguir em frente. Ela com certeza se atingirá ao ver que você está bem, formará uma família, e com uma moça bonita, uma modelo!
Não respondi, apenas me mantive em silêncio pensativo. Fiz um pequeno aceno com a cabeça e cortando o silêncio, lhe prometi que pensaria na proposta com cuidado. Nos despedimos pouco após o cessar da conversa, papai estava de passagem pelo Rio de Janeiro, fazendo qualquer coisa que fosse, menos cumprir suas obrigações presidenciais nesses momentos apocalípticos que estávamos vivendo.
[...]
A noite caíra e eu me mantinha pensativo sobre ceder ou não às peripécias de meu Pai. Ainda pouco, ele me ligou para me lembrar que o tempo estava se encurtando, e caso eu não aceitasse brevemente, poderia comprometer a campanha municipal de meu irmão Carlos, rumo a sua reeleição pela Câmara dos Vereadores, uma vez que os murmúrios já começavam a surgir e se espalhar, de que a família Bolsonaro eram como melancias; verde por fora e vermelho por dentro, e estavam cedendo ao lado esquerdista da força em nome do amor do caçula.
A pressão era tamanha, e eu sabia que meu pai e nem ninguém estava preocupado se Luna pensaria que eu não estava seguindo em frente, e muitos menos, preocupados com minha reputação. Estavam preocupados unicamente com si próprios, e em como uma picuinha como essa podia custar a reeleição de Carlos esse ano, e a de meu Pai, em 2022. Tomei a decisão árdua de aceitar a proposta, e assim, bloqueei Luna de todas as minhas redes sociais, e todas as possíveis contas que ela pudesse criar. Pedi para Flávio, que se arrumava para ir ao encontro de meu Pai dentre alguns minutos, avisasse sobre minha decisão congruente com seus planos, e que começariamos a arquitetar isso, mas ainda precisava de um tempo para me acostumar com Luana, ou ao menos tentar ter um pouco de apreço por ela, já que eu não tinha nenhum pouquinho.
Pouco após Flávio sair, desci as escadas de minha casa em busca de algo para comer, e também, ver se Laurinha já havia se alimentado. Ela, por sua parte, estava como sempre, assistindo filmes de terror que, com certeza, se lembraria na hora de dormir, e passaria a madrugada em claro me perturbando para que eu a deixasse dormir no meu quarto, pois estava com medo.— Ei, Laurete. Flávio te deu o que comer? — A chamei, apoiando-me no balcão da cozinha enquanto a observava no sofá da sala.
— Não. — Respondeu, curta e grossa. — Faça algo pra mim.
— Só quando você aprender a ser gente, sua mal educada.
Laura virou-se para me olhar, — o que facilmente poderia ser uma cena da Annabelle virando o pescoço em 360°,— e me encarou com fúria, parecia me fuzilar com o olhar. Devo admitir, que era e continuo sendo birrento e mimado, mas uma gotinha d'água em um oceano, comparado à Laura, que é pertinente e odeia ser contrariada, culpo meu pai, que caduca com ela e lhe dá tudo o que ela quer, na hora que quer. Pense em uma menina mimada, birrenta, e impertinente, piore tudo isso em dobro, ou melhor, quadruplique isso, e terá minha irmãzinha.
— Faz a porcaria do meu jantar! — Laura exclamou, sua voz grave me lembrava das vozes de "O Exorcista".
— Vem você fazer, sua pirralha. Piolhenta!
— Cara de rato! — Ela rebateu, me jogando um travesseiro.
— Cabeça de funko pop! — Joguei o travesseiro de volta nela, ela desviou, e o travesseiro acertou em cheio a televisão, que tombou para trás e tudo que ouvi foi o barulho de algo quebrando. — Ah, merda.
Laura riu e me jogou piadinhas de aquilo era minha culpa, e não gostariam nada de saber que eu havia quebrado a TV tentando "bater nela". Me sentei na bancada e suspirei, pensando em como eu era burro o suficiente para me trocar e discutir com uma criança, e ainda por cima, quebrar uma televisão por isso.
Renan Bolsonaro, você é o ser humano mais inconsequente desse país.
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Minha Gatinha Comunista
RomanceComponentes diferentes não se misturam, principalmente quando você é o filho do presidente, de direita armada e se apaixona pela filha esquerdista dos vizinhos. Pode o amor aparecer mesmo em meio de tantas desavenças e diferentes pontos de vista? A...