Capítulo 1

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Louis

Quando acordei naquela manhã com o som incessante do telefone, eu não podia imaginar que seria uma ligação direto do passado.

Mais precisamente de dez anos atrás.

Ainda tentei resistir, ignorar o toque do celular e voltar ao mundo dos sonhos, mas o passado parecia que não estava a fim de me deixar em paz.

— Atende essa merda! — A voz de mulher ao meu lado, me fez levantar a cabeça e abrir os olhos, agora alerta e confuso.

Eu não estava sozinho?

Piscando para a luz intrometida da manhã, que era ainda mais chata do que o som do celular, tive um vislumbre da cortina de cabelos loiros sombreando umas costas nuas.

Anya?

Era Anya quem estava ali?

Como é que ela tinha chegado ali?

— Louis, atende logo ou desliga isso! Que inferno! — Ela levantou a cabeça do travesseiro me encarando com os olhos castanhos irados e sonolentos.

Sim, definitivamente Anya.

Saí da cama e tateei as roupas no chão, achando meu celular perdido em meio a um vestido vermelho, o que fez uma fresta de lembrança ultrapassar minha amnésia, que acreditava ser alcóolica, se levar em conta a dor que começava a martelar na minha cabeça.

A risada de Anya em meu ouvido. Suas unhas roçando em meu braço.

Os lábios em meu pescoço. Minha mão embaixo de seu vestido e...

Certo. Era óbvio o que tinha acontecido.

Embora eu tenha dito que não ia mais rolar de jeito algum.

Eu não deveria fazer promessas que não conseguiria cumprir quando não estivesse sóbrio. E a merda toda é que Any sabia muito bem disso.

Com um suspiro, olhei o visor e vi o nome de Matt Lewis piscando.

Matt Lewis?

Que diabos ele queria comigo? Eu não falava com o produtor de Hollywood há bem uns seis anos, desde que meu trabalho na trilogia Vampiros de Nova York, da qual ele fora responsável, acabou.

— Louis Duran — atendi, atordoado, agora não só da ressaca.

— Ei, garoto! — A voz jovial de Matt chegou até mim, exatamente como antes. E ele ainda me chamava de garoto. Ok, eu era mesmo um garoto quando trabalhamos juntos, apenas um ator franco-inglês desconhecido de dezenove anos, com um cabelo rebelde e barba por fazer que não fazia ideia do que era atuar de verdade. Ou o que queria da vida de verdade. Atuar pra mim era apenas uma brincadeira, assim como o trabalho de modelo fora antes, ainda quando era um adolescente. Até que um vídeo de uma participação ridícula em um filme de terror adolescente caiu no colo de Matt Lewis e ele decidiu que eu tinha o look perfeito para estrelar o que se tornaria uma grande franquia de sucesso. Mudando minha vida pra sempre.

— Ei Matt — respondi sem conter um sorriso nostálgico. — Que diabos está me ligando de madrugada?

Matt riu do outro lado da linha e dava para perceber que estava de boca cheia. Matt era aquele tipo de cara que estava sempre mastigando alguma coisa e tentando se encaixar em dietas mirabolantes para emagrecer depois.

— Madrugada? Seu cachorrão, já passa às 11h! Levanta essa sua bunda inglesa da cama e vamos tomar um café!

Espiei a hora no relógio na mesa de cabeceira.

Nosso último segredoOnde histórias criam vida. Descubra agora