Capítulo 14

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Louis

Dez anos antes

— Por que não me disse?

Foi a primeira coisa que consegui dizer, ainda atordoado.

Não sei quanto tempo se passou desde que tudo acabou. Eu ainda não sabia como me sentia, quando ainda ofegante e impregnado de sexo. Do nosso sexo, eu havia fitado Gillian, perguntando se estava tudo bem, achando surreal que aquela fosse a primeira vez que ela fazia sexo com alguém.

Porra, como assim?

Então, ela cobriu o rosto com as mãos e começou a chorar.

— Gillian, merda, por que está chorando? — Talvez eu tenha indagado com mais rudeza do que deveria, mas ela soluçou um "se afasta de mim".

Isso doeu.

E naquele momento percebi que Gillian estava arrependida.

E o que eu podia esperar?

Talvez eu mesmo estivesse arrependido.

Não planejei nada. Apenas... era como se estivéssemos tempo demais naquelas preliminares infernais.

Eu quis Gillian desde a primeira vez que a vi, e aquela vontade só piorava a cada dia que passava. Se eu me orgulhava de tê-la fodido no sofá do meu trailer quando qualquer pessoa poderia entrar e nos flagrar depois de uma briga?

Não.

Como não me orgulhava do fato de não ter percebido que Gillian era virgem.

Puta que pariu? Como é que isso era possível?

Irritado, eu me afastei, e Gillian se levantou, correndo para o banheiro e se trancando lá. Ajeitei minhas roupas, ainda sentindo o cheiro de Gillian em mim. O gosto de Gillian.

Inferno.

Apesar de tudo, havia uma parte de mim que estava feliz pra cacete.

Foi como eu esperava que seria. Puro inferno.

Perfeito.

Talvez Gillian estivesse atordoada demais para entender agora. Mas ela iria sacar assim que o susto passasse.

E de repente comecei a fazer planos absurdos.

Então ela saiu do banheiro, os braços cruzados e o olhar baixo, envergonhado.

Quis me aproximar a abraçar. Dizer que tudo ia ficar bem.

Que eu podia ser um escroto como me acusou de ser, mas estava apaixonado por ela.

Era simples assim.

— Por que não me disse, Gillian? — repeti a pergunta.

— Você não perguntou.

Sua resposta saiu ríspida.

— Eu não teria, eu...

— Teria sim. — Agora ela me encarou cheia de raiva e mágoa. — Claro que teria. Porque é isso que você faz! Você nunca recuou, apenas fez o que queria sem se importar com o que eu queria!

— Espera aí, está me acusando de quê? Eu não abusei de você, Gillian! Você estava ali comigo. Em cada maldito gemido. Eu perguntei se queria parar e você disse que não. Você pediu que eu te ensinasse, droga!

— Eu nem sabia o que estava fazendo! Eu nunca soube o que estava fazendo quando estava com você! E acho que agora você sabe o porquê!

Não podia acreditar que Gillian ia transformar o que rolou entre nós em algo sujo.

Nosso último segredoOnde histórias criam vida. Descubra agora