Capítulo 13

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Louis

Como é que me enfiei naquela enrascada chamada Gillian Genova de novo? Que espécie de sadomasoquista se coloca na mesma situação de tortura por livre e espontânea vontade não só uma, mas duas vezes?

Enquanto estávamos ali, esperando o set ser preparado para nossa cena, minha mente voltava a nosso pequeno desvario no meu trailer.

Sim, eu perdi o controle. Estava com raiva. Estava com ciúme de quem Gillian se tornou longe dos meus olhos.

Estava frustrado porque por mais que eu tenha transado com muitas mulheres, ninguém nunca foi como Gillian. E ela ainda tinha aquele poder de me atrair e me deixar furioso como ninguém.

Toda vez que eu a via, queria brigar e foder com ela na mesma proporção.

Ela era diferente agora. Ambos éramos, na verdade.

Uma vida inteira tinha acontecido para nós dois e há mais de um ano, quando a vi pela última vez, eu já vislumbrava aquela nova Gillian. Assim, como ousei vislumbrar o que poderíamos ter sido se eu não tivesse entregado as armas e deixado Gillian continuar com Michael, quando seguimos caminhos diferentes há dez anos.

Mas ela se foi de novo, e percebi que mais uma vez foi para Michael que eu a perdi e isso me deixou puto.

Talvez por isso, eu a tenha agarrado no trailer e, para minha alegria e desespero, provado que ainda era como antes. A mesma química. A mesma atração que a fez um dia transar comigo antes de qualquer outro. Até mesmo do seu namorado.

Porém, isso não foi suficiente para fazê-la ficar.

Por mais alguns anos ainda andamos em círculos, trabalhando juntos, gravamos nossas cenas como Caleb e Aurora, fingindo que a química era apenas entre nossos personagens, quando, no fundo, sabíamos que havia mais de nós mesmos e de nossos desejos secretos naquela cena. E mesmo ainda a desejando como antes, mesmo ainda sendo uma tortura deixá-la ir quando saía da pele de Aurora, segui em frente. Convenci a mim mesmo que minha paixão por Gillian foi um erro e acreditei que algumas daquelas mulheres com que saía ia finalmente suplantar Gillian.

Isso nunca aconteceu.

Eu não era nenhum santo. E nunca fui. Muito menos na época em que gravamos juntos pela primeira vez. Eu era um cara arrogante e inconsequente e que se julgava no direito de tomar aquilo que eu quisesse sem medir minhas ações. Foi assim o tempo inteiro em que envolvi Gillian naquele nosso joguinho perverso, sem levar em conta que poderia estar me excedendo, por mais que eu dissesse a mim mesmo que ela era uma garota de Hollywood e tinha um namorado, e, portanto, devia ter até mais experiência que eu, apesar da pouca idade, alguma coisa nunca se encaixou e talvez no fundo eu soubesse que Gillian não era tão experiente assim.

Carreguei certa culpa por um tempo. Coloquei-me no papel de sedutor e canalha.

Até que um dia caí na real.

A raiva sempre me dominava quando eu a via através dos anos e o arrependimento se tornou de outra natureza.

Porém, o tempo passa, leva o ressentimento da alma. A verdade é que eu nunca fui um cara rancoroso. Vivia o momento, curtia o que a vida me dava e jogava para o fundo da mente velhas mágoas que não levariam a nada.

Então, ela surgiu novamente. E para minha surpresa, não havia mais tanta mágoa. Havia sim, o mesmo desejo nostálgico. Uma saudade do que podia ter sido.

E nos deixamos levar.

O que teria acontecido se eu tivesse ido atrás dela depois, quando percebi que havia me deixado mais uma vez? Será que ela teria se casado com Michael e engravidado dele?

Nosso último segredoOnde histórias criam vida. Descubra agora