Capítulo 4

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Gillian

Antes

— Corta, está horrível!

A voz de Catherina interrompendo a cena me deixou mais nervosa do que eu já estava por aquelas filmagens estarem se transformando em desastre.

E toda a culpa era de uma única pessoa que agora ria na minha frente como se não tivesse a menor importância. Louis Duran.

Respirei fundo, tentando não avançar em cima dele, arranhando seu rostinho bonito. E ainda lamentando muito por ele ter se revelado, afinal, um cara muito gato, depois de ter sofrido uma transformação da produção para viver um vampiro que mantinha a mesma aparência perfeita de 20 anos há séculos.

Ainda me lembrava do dia em que o reencontrei para a leitura do roteiro, até então sem acreditar que Matt lhe dera o papel. Eu tinha dito a Matt que ele estava louco em deixar aquele mendigo inglês entrar para o elenco, e Matt rebatera que Louis seria perfeito. E quando fui argumentar com Catherina, ela disse que tinha que concordar com Matt porque revendo o nosso teste, ficou claro que tínhamos muita química.

Química, sério?

Só se o fato de eu ter vontade de esganar Louis pudesse contar como química. Isso me fez ter ainda mais raiva do fato dele ter me beijado no teste quando eu obviamente não lhe dera permissão. Ainda me lembrava do choque mesclado ao pavor que me deixou totalmente sem reação. Eu devia tê-lo empurrado quando teve a ousadia de enfiar a língua na minha boca. Mas, para meu desgosto, naqueles poucos segundos em que deixei que Louis Duran me beijasse, algo aconteceu.

Eu já tinha beijado outros caras em cena antes, e não era grande coisa. Tudo acabava sendo muito mecânico e ensaiado, além de ter inúmeras pessoas assistindo. Mas nunca um deles me pegou desprevenida e me tirou do prumo.

Sim, acho que foi uma boa explicação para o que aconteceu. Louis me tirou do prumo por alguns segundos. Era como se não fosse eu ali. Mas também não era Aurora, minha personagem.

Era alguém totalmente nova.

Alguém que estava gostando muito de ser beijada por aquele cara. Apreciando o jeito que ele enfiava os dedos em seus cabelos, a mantendo perto, saboreando o gosto de seus lábios e a maneira que a língua dele se enroscava na sua, como uma dança perfeita. E no momento em que ele gemeu em apreciação, o som foi direto para o meio de suas pernas e...

Sério, que aconteceu? Eu tinha mesmo ficado excitada por estar beijando Louis Duran? Um cara que eu nem gostava? Ou melhor, um cara que mal conhecia?

E a forma que ele me olhou depois? Como se tivesse sentido o mesmo. Como se o mundo dele também tivesse virado do avesso naqueles poucos segundos e ele estivesse tão perdido quanto eu.

Graças a Deus, Catherina interrompeu aquele momento esquisito e eu só queria fugir dali o mais rápido possível e de preferência nunca mais por meus olhos em Louis Duran.

Mas qual não foi minha surpresa quando soube que ele ficou com o papel de Caleb, meu par romântico, não só para um filme mas para três?

Eu fiz questão de dizer a Catherine que não gostava de Louis e que não concordava com aquela contratação, e ela contra argumentou que eu não tinha voz ativa ali, deixando claro que considerava minha reclamação como um piti de atriz sem sentido.

Fiquei tão chateada e desabafei com Michael. Ele concordou que eu podia ter razão, e de novo frisou que eu nem devia ter concordado em entrar no filme. E acabei dando razão a ele.

A verdade era que, apesar das objeções de Michael, fiquei muito animada com aquele filme e agora Louis estava estragando tudo.

De que buraco aquele cara saiu?

Nosso último segredoOnde histórias criam vida. Descubra agora