Matando Aula - Bunny

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Música tema do capitulo: Quase sem querer, Legião Urbana.

  Depois da primeira aula, eu e Alistair tivemos aula vaga e aproveitamos para ler um livro de enigmas juntos. Ele acertou mais enigmas do que eu, ele é tão esperto. Nos conhecemos desde a infância e nem sei dizer há quanto tempo somos amigos.

  Sempre fomos muito parecidos e eu gosto muito da companhia dele, ele é uma das raras pessoas que me entende.  Mas de um tempo pra cá, eu comecei a sentir algo... diferente por ele. Eu prefiro ignorar esse sentimento estranho. Não quero perder o meu melhor amigo.

  Meu pai me disse uma vez: "Uma amizade verdadeira vale mais do que mil conhecidos." E eu sei bem disso.

O sinal tocou. A próxima aula iria começar em breve. Me levantei e guardei o livro na mochila. Já estava me preparando para ir para a sala, quando Alistair segurou a minha mão, tive um pequeno choque.
 
- Ei, qual sua próxima aula? - Perguntou-me, olhando ao redor.

- Química. - Respondi, sem puxar minha mão de volta (e eu nem queria na verdade).

- Ótimo. A minha também é aula chata.  Tá a fim de matar aula?

- Tá maluco? Matar aula logo no primeiro dia? - Repliquei, espantada - Meu pai vai me matar se um dia ficar sabendo disso! -  E era verdade, ele é obcecado em seguir regras e ser pontual.

- Um dia não irá fazer mal. Além do mais é o primeiro dia e não vão passar tanto dever de casa assim! - Colocou a mochila no ombro, e ficou me olhando com aquele sorriso maroto irresistível - Vai vir ou não?

Concordei com a cabeça, ciente de que não escaparia ilesa de tudo isso. Ele me conduziu pelos corredores, que estavam vazios, me culpei ainda mais. Sempre fui muito, ai! detesto essa palavra, certinha demais. Não gosto de ser assim, mas foi como meu pai me criou.

  Subimos algumas escadas e chegamos a uma varanda, nela tinha a visão de toda a escola. Alistair sentou -se num banco e eu me sentei ao seu lado. Ele pegou seu espelhofone e um fone de ouvido, me deu um e ele ficou com o outro.

- Qual música? - Perguntou ele, tínhamos esse costume, de ouvir música juntos e eu adorava.

- A de sempre. - Respondi, observando a nossa playlist, que é totalmente aleatória.

Sim, nós temos uma playlist, fizemos uma vez, ainda no país das maravilhas, num momento de tédio. Nela contem todas as minhas música favoritas e as dele também, ou seja, tem o melhor dos nossos mundos.

Ele colocou a música, que eu não sei bem de que lugar do mundo é, mas que é muito animada. Eu batia o pé no ritmo da música e Alistair cantarolava para si.

Quando chegou na nossa parte favorita, cantamos bem alto, eu com a minha bela voz de taquara rachada e ele com aquele voz melodiosa:

- Já não me preocupo se eu não sei por quê. Às vezes, o que eu vejo, quase ninguém vê. E eu sei que você sabe, quase sem querer - Apontamos um para o outro - que eu vejo o mesmo que você.

Continuamos a cantar alto, meu único receio era de que alguém nos ouvisse, mas logo esqueci disso, cantamos de novo:

- Sei que, às vezes, uso palavras repetidas, mas quais são as palavras que nunca são ditas?

Alistair parou de cantar e ficou me olhando, demorei para perceber, quando virei meu rosto para ele, vi que estamos a poucos centímetros um do outro, nesse momento tocava a parte:


E foi então que eu percebi como lhe quero tanto.

Pensei que ele fosse se aproximar ainda mais, meu coração errou uma batida, porém ele se afastou e virou o rosto e balançou a cabeça, nesse momento jamais desejei tanto ler pensamentos. O que será que ele está pensando?

Continuamos ouvindo músicas, mas ele parecia... distante. Como se estivesse pensando em mil coisas. Queria de verdade saber o que é, só não quero pressioná-lo, se ele quiser, ele me conta.

Mas de uma coisa eu tenho certeza, a partir daquele dia, eu também comecei a me questionar mil coisas. Quer dizer, desde que chegamos em Ever After o clima entre nós mudou. Não sei dizer bem o porque.

  A verdade é que eu sinto algo mais por ele desde muito antes de eu notar, por mais que eu esconda isso (muito mal na verdade), eu acho que estou apaixonada por ele.




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