Alguém.

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Meus agradecimentos a Teeh e a Triz pela betagem! <3

Boa leitura, xuxus! ♡

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ESPANHA, BARCELONA.


Um estojo com lápis de cor, um papel e um temporizador. Aqueles antigos pertences haviam sido repassados para Nyack, meu irmão mais novo, já que no auge dos meus dezessete anos eu preferia festas e celular.

Ignorando as palavras que saíam da boca do velho em frente ao púlpito, eu batucava os lápis em cima da superfície do banco em minha frente. Um lápis da cor vermelha e outro da tonalidade azul residiam entre os meus dedos e o meu mundo perfeito residia naqueles poucos instantes de fuga, mesmo que todo o resto me arrastasse de volta à realidade.

Conforme o ritmo aumentava e o som ludibriava os meus ouvidos, a música presente dentro dos meus pensamentos percorria por toda a minha mente, como se automaticamente ela nascesse de lá, tão livre quanto o ar que eu respirava.

Ao meu redor, as pessoas estavam atentas demais na pregação que acontecia, mas algumas delas não deixaram de franzir o cenho e girar os olhos pelo ambiente, procurando de onde aquele ruído insistente e desconexo estava vindo. Eu me deparava com alguns adeptos a juízes jogando sentenças em minha direção em forma de olhares, mas fazia questão de abaixar o rosto até que um destes alcançou a minha mãe, que ficou sem jeito e cutucou-me no braço.

Park Chanyeol, o garoto que gostava de batucar coisas. Era assim como todos me conheciam na igreja desde que eu era pequeno. Durante a minha infância, a atitude era dita como adorável, mas conforme eu crescia, outros instrumentos eram mais valorizados do que os de meu interesse.

Encarei minha mãe, questionando-a silenciosamente com o olhar, o porquê ela havia me interrompido. A mulher sussurrou para mim:

― Não faça barulho ou irão chamar a sua atenção.

Devolvi meus lápis a Nyack e ele sorriu, se divertindo com a situação. Instantaneamente, escondi as mãos, cruzando os braços no peito e me encolhendo no banco. Minha visão estava em busca de uma distração, qualquer fosse, contato, que me tirasse do tédio. Meus passatempos praticamente não existiam dentro daquele lugar.

Girei os olhos pelo ambiente, até que na fileira ao lado de onde eu estava, um jovem estava atento, encarando-me como se tivesse algo grudado em meu rosto. Não tinha como ignorar um cara com mechas azuis no cabelo, alardeando a própria personalidade em meio a tantos cabelos tradicionais. O azul simplesmente me hipnotizou e jurei que se o velho na frente de todos, pudesse dizer quais cores existiam no tal do paraíso que ele tanto explicava, a cor das mechas daquele rapaz serviria de exemplo.

O desconhecido pegou um papel qualquer e escreveu algo neste enquanto eu assistia a cada movimento. Quando todos se ajoelharam para realizar a clássica oração de um domingo à tarde, ele aproveitou para se inclinar para o lado e me apontou o pequeno bilhete dobrado. Demorei a entender o recado e somente capturei o papel quando este foi sacudido com intimidação.

Voltando a posição de oração, ele escondeu a testa entre os braços, mas logo levantou a cabeça aos poucos, com os olhos grudados em minha reação, numa análise fascinante de que estava atento a minha reação.

Na primeira linha, havia um "Olá! Qual é o seu nome?" escrito com uma letra um pouco torta ou rabiscada às pressas. O olhei de canto com um meio sorriso, esperando um sinal de afinidade, mas ele continuava inexpressivo, me encarando com os olhos castanhos imponentes e cativantes.

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