Fazendo acordos.

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NOTAS DA AUTORA:  Feliz 2022, pessoal! Espero que o ano de vocês seja incrível.

Meus sinceros agradecimentos para a @nxshyms que fez a betagem desse capítulo. Ela é um amorzinho. ;;

Boa leitura, anarquistas! ♡

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Na sua semibreve, eu pareço semifusa, com cheia mínima de todas as linhas afim de ser cântico testemunha. Composto por sobrevivência e inteiro por relevância, um rugido estrépito da alma discursiva. A música a ponto de começar, e você, o convidado da noite, assiste a audiência do meu prejuízo. Cento e cinquenta pulsações por minuto, a exibição do coadjuvante e o roteiro para as suas flechas. Não vim abaixar o volume, mas revolucionar o tenor. No excesso, no ócio, na atração e até mesmo, no sofrimento. Somos filhos desamparados pela Paixão, de castigo num canto qualquer até retomar a sanidade.

Indiscutível, incontestável, irrefutável. Dez fórmulas prontas, receitas herdadas de capítulos prescritos. Sou paciente dessa sua verdade inquestionável, um miserável controverso, separado na ala dos condenados e deitado sobre a maca dos anjos que ainda restaram. Acusado por sentimento perpétuo, faço silêncio e assolo a cela para selar o meu solo.

Com licença, meritíssimo! É um grandíssimo prazer não fazer parte desse teu júri retrógrado. Eu me medico com arte para não debilitar nesse hospício e me cubro com palavras para evitar a ferrugem das suas lâminas. Sou todo ouvidos, menos, escutado. Se Freud tivesse permitido, eu ainda estaria na sua cartilha de doenças malignas, expulso da mesa e distante da cortesia. Mas permaneço no seu cardápio do ódio, onde mais vale o faminto orgulho, do que a boca introvertida.

Se estivéssemos numa competição de arremessos, faltariam-lhe pedras por manter as mãos manchadas pelo sexto princípio e caduco do décimo. Você endeusa o próprio nariz, pronuncia o comodismo e serve-se da liberdade forasteira. Não concorda, mas apronta a corda. Qual é o gosto da sua opinião? Amargo ou azedo? "Você deveria escolher apenas um", é como diz.

O maestro alega ter boa memória sendo que se recorda de uma única pauta como argumento para rasgar todas as outras com os dentes. Sou visto como descarte. De Descartes, sou aprendiz da natureza que colhe os versos para a refeição do dia seguinte. Sou príncipe da evidência, da análise, da síntese e do controle. Sou fruto da árvore envenenada, as provas desse julgamento, por meios ilícitos, fizeram-me jurisprudente, contaminando-os com a minha existência. E se eu não existisse, ecoaria da fornalha com três asas diferentes, afinado mentalmente e assimétrico em todo o resto.

Sinta-se à vontade para decifrar minhas partituras, para contar as minhas notas e se apaixonar pelo timbre que canta na sua audição. O olhar sequenciando pensamentos, a voz grave sussurrando melodia e o toque tomando ritmo. O desejo em harmonia, compondo dopamina nos acordes da adrenalina, no compasso dos batimentos cardíacos, sem pausa para lógica. Hoje, musicalmente, meu nome é Amor, e amanhã, eu ressoo como poesia.

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ESPANHA, BARCELONA.

Certa vez, me disseram que a música não era algo divino, pois esta fazia os batimentos cardíacos entrarem no ritmo junto da melodia, tal como uma possessão demoníaca. Logo, para aquela visão ultrapassada, tudo que movia um coração não era da natureza humana e o que não era da natureza humana, era pecado. Aquele pensamento sem sentido infelizmente permaneceu na minha mente juvenil por mais tempo do que deveria, fazendo um estrago maior do que uma tempestade teria tempo de fazer. E isso, durante a minha adolescência, arrastou alguns dos meus sonhos para debaixo da minha cama. Mais precisamente, para longe da minha vontade em continuar aprendendo a tocar bateria.

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