Sentiu a minha falta, ou devo dizer, da minha entonação? Antes, devo me apresentar, já que sempre fui de estrofes passageiras e brigas de sonetos. Enquanto grita comigo, ligue a nossa música no último volume. A Nota. Meu nome não é um, nem três, ou sete sentimentos, mas, por inteira, o juramento e a plenitude da divindade para detalhar o amontoado de blocos mentais.
Talvez eu te recite a minha alma ou invente algum antagônico para que a minha monotonia diária ganhe uma desculpa e sobrevoe o que está me matando. Talvez eu expresse um pouco da sua vida e enxugue o mesmo problema, até que eu me torne águas passadas ou ribanceira. Talvez eu te dedique algumas canções, enquanto aproveito a infertilidade de um mundo seco de humanidade, para dizer que acho que aprendi alguns truques.
A nossa tempestade preenche os bancos vazios, e nessa viagem, em defesa, me assiste te desafiar de volta. Quantos poemas você me pediu? Pois eu me declaro indescritível! Quantas palavras derrubou em meus pensamentos enquanto ria das minhas rimas involuntárias? Pois que aprenda a varrer essa simetria para debaixo do banquete e me sirva cortesia, pois somos filhos sobreviventes de quem achava que sentimentalismo era pieguice.
Inabitável na sua janela, mas presente no resto do horizonte. Eu sou o contorno das marcas de cálamo que me deixou, e todas elas se disfarçam de fortuna. A sua instabilidade me condena e, em pecado, sou pedaço partido sem hora para voltar. Por agora, que esse tal de paraíso se dane; hoje eu resolvi mentir que ainda amo você. E aparentemente, sou incrível nisso também. Mesmo pós despejo, eu resido nos meus versos. Talvez eu encolha meu coração no canto porque os soluços não passam com folhas riscadas pela ventania. Pois admito, admito que preciso desse tal amor para te descrever em linhas tortuosas, finalizando com reticências.
Constelações me sacodem quando você sorri para a janela e sussurram em meu ouvido, metáforas de pavor. Eu gasto tempo demais mascando essa inspiração, porque expiração, eu cedo quando você amanhece. Vá e volte para perto de mim, pois se transpareceu pelo mundo, ficando invisível em minha visão, mas permanente em todos os meus parágrafos. E eu te contorno, te escrevo e te abrigo em frases que corrijo às pressas. Porque você é uma vírgula que me rouba a caligrafia acelerada, enquanto suspiro sentenças ao teu lado. Em frente, em verso! Ponto em difusão, o esboço de ebriedade que caiu no meu carpete de cetim, a parede mofada que insiste em grifar teu nome, soletrando no pretérito o presente que me deixou.
E então, você declama: "Não sou eu a fonte da tua loucura social, é toda a sobra existencial. Pois desde quando ainda não havia me dado um nome, eu te desafiava no reflexo, nas narrações dos livros de aventura. Eu estava nas flores que seus dedos tocavam e nas palavras erradas que você adotava. Eu estava em cada vírgula que você escondia, em cada brinquedo que você ganhava. Eu estava queimando conformidade nos papéis carregados para a fogueira onde a sua travessura seria sentenciada. Eu estava na sua pouca coragem: pequena e suficiente para criar uma algazarra. Eu estava lá, te lendo dos pés à cabeça, para que você crescesse e aprendesse a se ler pelos meus olhos. Eu não era rima, era destino nas entrelinhas e isso te assusta na mesma proporção que te encanta. E talvez eu brigue com você e repita a mesma frase para que não se esqueça: Eu sou a sua última versão. Talvez eu morra com você, talvez eu me apague do seu cérebro quando se enjoar dos meus métodos hilários e nocivos. Só que, talvez, eu seja a parte mais incrível da sua vida enquanto você apreciava os quadros dos pintores vizinhos. Sou seu último poema, ainda que sem rima, sem versos, sem sequer uma sequência. Sou a última dela: da vida."
Parte de mim se floresce para longe do museu onde me exibiu. E como gostava de exagerar, exagerar no tom de voz, na risada sincera e agora, na saudade, acho que você não era de ficar, era de dar motivo para fugir. E no meio-termo, eu completo os meus textos. Sou abarrotada, resumida numa nota, mas parte de você; as minhas obras. Minhas frases provém da falta que me faz e ficam por aqui, onde se sentem em casa. E de um adeus em ausência, de tempos em tempos, eu volto para te representar. Ou te puxar para mais uma dança na sala de estar. Na sala onde esteve.
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CLIFF | ChanBaek
FanfictionByun Baekhyun odiava perder. O pseudônimo repetido pelos torcedores era o mesmo. Serpiente Azul, o prodígio em motocross, luta de rua e a persona que Baekhyun tinha criado. Em busca de um corpo para treinar suas técnicas de tatuagem, além de um quar...