Ascendente

Capítulo vinte e oito - Thomas

CAPÍTULO SOB A PERSPECTIVA DO PERSONAGEM THOMAS HASTINGS.
- Fatos ocorridos simultaneamente ao capítulo vinte e sete.

Algumas escolhas transformam completamente nossas vidas e nos fazem pessoas diferentes. Algumas dessas escolhas nos destroem, outras nos reconstroem. Na minha vida se destacam duas escolhas: a primeira foi perdoar David quando ele matou meus pais, pois a busca pela vingança estava me destruindo e me tornando um rebelde da Margem. A segunda escolha foi me mudar para Chicago, pois minha vida mudou completamente. Encontrei amigos, emprego, conforto e, o mais importante, encontrei um sentido para a minha vida. Hoje estou vivendo experiências incríveis por causa dessas duas escolhas. Estou na manifestação que marca a transformação deste país e estou no mesmo caminhão do futuro presidente. Esperávamos reunir cerca de meio milhão de pessoas na praça central de Nova York, mas nos surpreendemos ao saber que esse número é bem maior. Mais de dois milhões de manifestantes se reúnem neste lugar. Estou encantado com o lindo oceano de pessoas que estão nos apoiando nessa luta e acredito que, mesmo se o plano de invasão do Palácio Governamental não der certo, tomaremos esse país com a força do povo. Há uma antiga frase que diz que "o povo unido jamais será vencido"  e é nessa frase que mantenho as minhas esperanças neste momento. Como eu já imaginava, a maioria dos americanos é contra a desigualdade genética. Existe apenas uma classe social dominante que apoia essa ideologia distorcida, mas isso está prestes a mudar. A visão que tenho daqui de cima do caminhão é incrível: milhões de pessoas unidas por um país sem discriminação genética. As pessoas seguram bandeiras e cartazes, bradando gritos de guerra e cânticos de unidade. Há uma linha de policiais que nos separa da avenida que leva ao Palácio Governamental. O Palácio, que é a exata cópia da Casa Branca de Washington, onde Tris se entregou a pouco tempo, está apenas a algumas quadras de onde estamos. Joel está discursando a respeito dos nossos ideais quando, de repente, um tipo de alarme começa a ser tocado. Uma voz feminina começa a dizer "Pronunciamento Presidencial!" repetidamente e um telão se acende. A imagem que aparece diante de nós é de Mark Peterson sentado em uma cadeira. Ele está impecável e ileso. Será que a invasão deu certo?! Ele começa a falar:

- Cidadãos americanos que me escutam do Norte ao Sul, do Leste ao Oeste, parem tudo o que estiverem fazendo e chamem seus familiares e amigos para assistir esse pronunciamento. Todos prestem muita atenção! - Um pequeno instrumental do Hino Nacional dos Estados Unidos começa a tocar e o brasão do Governo aparece no telão. Peterson continua: - Sou presidente desta nação a cerca de dez anos, mas hoje, eu comunico que renuncio o meu cargo e declaro Joel Houston o novo presidente dos Estados Unidos. Essa decisão foi exclusivamente minha e tenho meus motivos para fazer isso. De hoje em diante, Joel Houston tem autoridade sobre este país juntamente ao Congresso Nacional e o Tribunal Federal da Justiça.

Uma sensação intensa como a alegria, forte como a felicidade e explosiva como a perplexidade toma conta do meu corpo. Os manifestantes estão gritando e comemorando e Joel Houston está abraçando Johanna, Evelyn e Marcus, mas eu não consigo escutar nada além de um silêncio em minha cabeça. É como se minha cabeça estivesse debaixo da água. Isso tudo parece um sonho irreal. Volto à consciência quando Joel me abraça e consigo perceber que isso tudo é real. Nós conseguimos! O grupo da invasão conseguiu!

- Thomas! Temos que ir ao Palácio Governamental imediatamente para que eu assine os papéis da transferência de poder, pois, em poucas horas, o efeito do soro vai passar e Peterson vai voltar à consciência. - fala Joel, o novo presidente, enquanto me abraça.

- Isso mesmo! Temos que ir agora! - respondo.

Joel pega o microfone nas mãos e grita para que todos escutem:

- Vamos ao Palácio! Venham junto comigo fazer desse país um lugar melhor! - as pessoas gritam de alegria e Joel conclui: - O nosso país é Ressurgente! - todos erguem suas mãos com os punhos cerrados e repetem o brado: - O nosso país é Ressurgente!

O caminhão começa a andar em direção à avenida que leva ao Palácio. Os policiais assistiram ao discurso e por isso abrem caminho. Alguns deles fazem nossa escolta até o portão do Palácio, onde há mais uma barreira formada por soldados. Os soldados ficam confusos por não saberem o que está acontecendo. Alguns deles apontam suas armas para nós, mas um policial se aproxima e explica o que está acontecendo. O portão é aberto e nós entramos juntamente com o povo. Se o nosso sistema político fosse democrático, nosso plano não daria certo, pois só seria possível trocar de presidente através de uma votação nacional. Porém, a democracia foi derrubada a muito tempo em nosso país e, desde então, o sistema político é de um único Governo com seus ideais e suas regras. Isso significa que o presidente Mark Peterson tem total poder para anunciar um novo presidente. Joel pega o microfone mais uma vez, quando chegamos na entrada do Palácio, e fala:

- Atenção! Tenho que assinar alguns papéis agora, então esperem aqui. Depois que eu assinar os papéis e me tornar o novo presidente, vamos fazer uma grande festa na praça central. A igualdade é nossa bandeira!

As pessoas comemoram e balançam suas bandeiras. Estou feliz como nunca estive antes. Hoje eu posso dizer que as minhas escolhas foram as melhores.