capítulo-1

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Estar no segundo ano do ensino médio não é legal, é horrível ele vai roubando sua saúde mental aos poucos enquanto dizem "é para seu bem".Talvez isso seja realmente para o bem, mas para o bem deles. Sabe eu passei a minha vida toda pensando que eu teria que terminar o colégio, arrumar um emprego e fazer uma boa faculdade afinal somos ensinados assim não é mesmo? Bem eu eu vi que tava errada.

Os "adultos" tentam nos ensinar da maneira de como é bom para eles, dizem que somos o futuro da nação mas alguns desses futuros estão pouco se fudendo pra isso. Confesso sou um deles, as minhas notas começaram a cair e eu comecei a dormir na sala de aula. Oque levou minha mãe a procurar um psicólogo, ou melhor uma psicóloga.

Oque uma coisa tem haver com a outra? Eu não sei! Mas tudo bem, faço tudo pra ver ela feliz, ok tudo menos tirar as notas tão boas que ela quer que eu tire. Eu não sei, eu só me desconectei da escola, isso foi péssimo pra mim? Sim. Não é que eu não queira fazer uma faculdade, mas é que o desânimo das pessoas naquele lugar me contagia.

Os professores já se cansaram de tentar fazer os alunos prestarem atenção na equação que tá no quadro, alguns alunos até se beijam em sala de aula outros ainda ligam pra isso mas tá faltando alguma coisa neles, talvez falta de disciplina ou os professores que já perderam a vontade.

Esse tipo de comportamento talvez seja típico de um adolescente do século XXI ,mas qualé eu tava tentando me concentrar até dois dias atrás... Ok é pouco mas eu tava!

- E como você se sente em relação a isso?

Ah, essa daí com o cabelo ruivo e um pouco ondulado é a Janet, minha psicóloga. Ela é legal, mas as vezes eu acho tenho a impressão que ela que precisa conversar, eu não sou muito do ramo de desabafar mas eu tenho escolha?

- Não me sinto mal, eu nunca tive as melhores notas ou o melhor comportamento em casa, eu me sinto normal.-falo olhando pra ela.

- Então você acha normal, tudo o que sua mãe me relatou?.-me olha com aquele olhar calmo de sempre.

- Eu não sei o que ela te relatou Janet.

- Ela me relatou que sua notas estão ruins, você não traz mais amigos em casa, não sai pra se divertir ou sempre está com olheiras nos olhos.

Ok talvez eu tava de mal a pior.

- Como minha mãe diz, pra tudo tem uma explicação. As notas...ah vamos ser sinceros quem entende alguma coisa daquela sala? Os amigos, ok eu não tenho uma explicação pra isso mas sobre o sono eu durmo mas o que eu posso fazer?

- Como pra tudo tem uma explicação, também tem uma solução.-fala se levantando da cadeira que estava sentada ou melhor acomodada.

- E qual solução você me daria? Talvez um gênio com direito a três pedidos?

- Você é bem fantasiosa,aqui.-pega um envelope e me entrega.

- Oque significaria isso?

- Quero que ache um jeito de relaxar mas até lá, escreva.

- Oque?

- Isso mesmo escreva. Escreva cartas, mas lembre-se cartas devem ser dedicadas á alguém.

- Preciso fazer isso como um diário?

- Não exatamente, escreva cartas como forma de desabafar relaxamento Julieta, coloque isso na sua cabeça. A seção acabou, hoje eu achei você mais ativa eu gostei disso, talvez seja um progresso.-sorria me olhando com aqueles olhos azuis.

- Se você diz... Obrigada por hoje.-falo me levantando.

- Não agradeça, até a próxima seção Julieta.

Saí da sala dela, a sala que continha cores neutras perfeitas para uma conversa. Tinha uma estante de madeira rústica, que estava repleta de livros alguns empoeirados mas ela sempre diz que não tem tempo para limpá-los. Fico me perguntando se ela já leu pelo menos um daqueles livros, tenho certeza de que se perguntasse se ela já leu a reposta seria "não tive tempo".

Engraçado, que ela vive falando sobre viver a vida bem, ter tempo para fazer tudo e até para relaxar quando nem mesmo ela tem tempo. Talvez ela só queira me alertar sobre. Sobre não deixar o trabalho acima de tudo.

Não quero cometer os mesmos erros que alguns adultos, a ponto de estarem tão frustrados com a vida que não olham pra onde andam e só olham pro chão ignorando tudo e todos a sua frente. Minha mãe diz que eu penso assim, por quê sou uma adolescente.

E é pois é talvez seja isso, ela talvez esteja certa. Mas eu conheço alguém que pensa assim também, talvez ela só seja uma adolescente no corpo de uma senhora de idade. Essa pessoa não é ninguém mais, ninguém menos que minha vó.

Cartas para JulietaOnde histórias criam vida. Descubra agora