capítulo-8

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Quando eu era pequena, adorava o cheiro da terra molhada do jardim quando mamãe resolvia que seria o dia de plantação, adorava também quando papai chegava em casa com um buquê enorme de margaridas para dar a mamãe. E os meus chocolates favoritos, essas eram minhas noites preferidas pois mamãe e papai sempre bebiam alguma bebida álcoolica e eu estava liberada para comer todos os meus chocolates a vontade.

Mas depois eu fui crescendo eu não me interessei mais tanto assim nas flores que o papai comprava pra mamãe, ou nos dias que ficávamos todos juntos no jardim plantando flores e alguns vegetais da pequena horta do papai. Eu fui crescendo e tive a famosa CDD  "Crise Do aDolescente", não gostava mais de sair ou tomar o bom e velho sorvete na pracinha, ou até mesmo fazer amizades com crianças que nunca mais eu iria ver.

Não sei muito bem como explicar pro meu pai e pra minha mãe que isso tudo é só uma crise da adolescência e logo isso passa, ou pelo menos eu espero que passe. Falta menos de dois anos pra mim terminar o ensino médio e ter as responsabilidades da vida adulta, e eu sinceramente tenho medo de não ter aproveitado minha adolescência de uma forma descente. Talvez ficar em casa lendo quadrinhos, livros e vendo série não é uma coisa a se considerar na lista de "coisas que eu quero fazer antes de virar adulta por completo".

- Filha você você ir no mercado pra mim?.-ela aparece da porta do quarto, assim como fazia pra se desculpar quando brigava comigo.

- Claro, Oque precisa?

- Leite, cereais e ovos.

Me levanto da cama, indo até ela que me esperava contente.

- Aqui o dinheiro, concerteza vai sobrar e você pode comprar algo que queira.

- Tudo bem.

Pego os chinelos e vou descer as escadas, observo a casa e ela é bem aconchegante espero um dia ter uma casa assim como meus pais.

Começo a andar devagar, até o mercado mais próximo entro e começo a procurar pelo meus intens necessários mas acho apenas os ovos. Isso significa que tenho que ir a outro mercado concerteza mais longe, mas consequentemente maior. Penso em ligar pra minha mãe pra dizer que vou demorar por quê o mercado mais próximo não tem os intens necessários que ela quer.

O celular chama uma, duas, três vezes e nada penso em desistir mas na quarta ela atende.

- Alô mãe?

- Filha? Aconteceu algo?

- O mercado daqui não tem oque você pediu, vou ter que ir em um mais  longe tudo bem?

- Claro filha, não tem pressa apenas pedi pra comprar por quê o cereal que você gosta de comer no café da manhã acabou, me esqueci de colocar na nota e você sabe como seu pai odeia que eu esqueça as coisas.

- Então eu não vou demorar, vou me apressar.

- Não tenha pressa meu amor, mamãe te ama.

- Eu também te amo.

Coloco meus fones e continuo o caminho pelas ruas calmas de Vancouver, até chegar nas mais movimentadas pessoas, de terno passam de um lado pro outro com suas enormes maletas de negócios. Concerteza homens pai de família, que chegam em casa bêbados sem dar a mínima pro seus filhos e pra esposa também cansada de cuidar da casa, dos filhos e aturar um marido rabugento.

Contudo, os filhos também estão cansados por terem que aguentar a pressão abundante da escola, os pais brigados. Ou o mau humor da mãe na mesa do café da manhã, todos estão cansados demais para admitirem suas próprias derrotas.

Oque mais frustra é que adolescentes estão cansados cedo demais do que o previsto, alguns ainda tem a sorte dos seus pais perceberem e fazerem algo quanto a isso. Outros apenas têm de aguentar caladas, enquanto vêem seus pais colocarem a culpa nos seus celulares ou nos amigos que são "más influências".

"Adultos são só crianças feridas, que não se curaram, e estão nos culpando por isso" Eu via isso e não entendia mas pensando bem, agora eu entendo a frustração e o medo que os pais tem dos filhos fracassarem. É que alguns pais não conseguiram alcançar seus objetivos, não por causa dos seus filhos mas sim por falta de apoio, motivação, e dentre outras coisas.

Mal percebo que já cheguei no mercado, passo pela entrada e vou direto ao corredor onde tem na placa enorme um nome escrito laticínios. Pego o leite e vou a procura dos ovos, pego o cereal, e bom, fazendo as contas ainda vai sobrar dinheiro suficiente pra comprar um pacote de biscoitos.

Os biscoitos, de chocolate são os meus preferidos acho que todo mundo gosta de chocolate. Me direciono até o caixa onde estava uma mulher sorridente demais para seu trabalho, se eu não soubesse que aquele sorriso é apenas para não espantar os clientes diria que quando eu virasse adulta queria ser como ela.

Saio do mercado ainda com os meus fones, alguns minutos mais a frente avisto aqueles planfetos de lojas de eletrônicos gosto de espia-los. Paro e pego um, mas sou surpreendida com uma mão no meu ombro me viro e vejo quem menos eu esperaria ver.

- Oi, tá afim de dar uma volta?.

Cartas para JulietaOnde histórias criam vida. Descubra agora