Cartas para Julieta

capítulo-9

Ar condicionado ligado, bancos limpos e impecáveis música calma tocando no fundo e velocidade não muito rápida mas também não muito devagar. Era assim que estava o Mustang vermelho de Kyle, nós não estávamos mais na cidade e sim na parte da floresta Vancouver tem muitas se você souber encontrá-las.

- Não está tentando me sequestrar está?

- Você acabou de me dar uma ótima sugestão, mas não, aqui fica muito longe pra vir aqui todos os dias te dar comida, mas se bem que ninguém vai te ouvir gritar.- ele me olha com uma cara sugestiva.

- Isso foi muito específico, devo me preocupar?

- Não, afinal aqui é Vancouver temos muitas florestas e se você parar pra pensar bem. Florestas são uma só porém com muitas saídas.

- Se você diz...

- Chegamos.

Ele para o carro, e desce apenas o acompanho era a primeira vez que eu entrava em um carro com um garoto sozinha ou que ia a algum lugar com ele. Estávamos em um lugar alto que mais parecia o topo de uma montanha mas carros não sobem montanhas, dava pra ver a cidade e ela estava linda.

- Por que me trouxe aqui?

- Eu perguntei se queria dar uma volta e não "quer ir pra onde?".

O olho com cara de tédio mas não falo nada, ele se senta e pega algo do bolso que mais parece uma carteira de cigarro enquanto vou até o carro pego meu pacote de bolacha e me sento ao lado dele.

- Quer?

- Quer?

Falamos juntos.

- Não.

- Não.

Mais uma vez.

- Você fuma?.- não espero ele responder.- Ah claro você faz parte da turma dos descolados.

- Você não precisa fumar pra ser descolado, e você também faz parte que eu saiba. E sobre fumar, ele não está aceso.- balança o cigarro na mão e coloca na boca de volta.

- Eu não lembro de ter começado a fazer parte.

- Você foi ao pub com a gente.

- Isso não significa nada.

- Significa sim.

- E o lance do cigarro não está aceso? É algum lance pra não ficar o cheiro ou... Sei lá , se bem que se for isso não adianta muito por quê isso até apagado cheira mal.

- Colocar a coisa que te mata, na boca não dar a ela o poder de te matar. Augustus Waters não viu o filme?

O olho com vontade de rir mas não faço.

- Você é cinéfilo Johnson?

- Não Davis, mas eu conheço alguém que é e me fez adotar a mesma técnica do Augustos.

- Essa pessoa deve se importar muito com você.

- Sim.

Garoto de poucas palavras era oque Kyle Johnson era, não faça perguntas demais pois terá respostas de menos. Talvez ele fosse reservado e quieto ou talvez ele seja bem extrovertido mas não mostra isso com muita frequência.

Nós voltamos em silêncio todo o caminho pra casa, ele parou o carro na porta de casa e eu estava torcendo que minha mãe não saísse de casa e começasse a fazer uma entrevista completa com Kyle.

- Acho que tô virando seu táxi particular.

- Eu não pedi pra me trazer na porta de casa, não que eu me lembre.

- Você é sempre direta assim?

- E você sempre tão observador e um garoto de poucas palavras?.- rebato.

Percebo ele ficar vermelho e olhar pra frente.

- Você já está em casa, pode ir agora.-fala sem olhar pra mim.

Não falo nada, saio do carro e bato a porta esperando alguma reclamação dele mas nada é ouvido.