Capítulo 2

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          - A gente podia dar uma festa. -Louis disse tomando um gole de seu chá. Eram 5 da tarde, mas como estavam em janeiro já estava começando a escurecer.

          -Não era para você ser responsável por não me deixar fazer isso?-Harry perguntou erguendo uma sobrancelha. 

          -Não, estou aqui para garantir que você não vai ser pego. -Louis falou. Ele entregou a Harry seu chá e se sentou ao seu lado, possivelmente perto demais, mas tinha que aproveitar a desculpa do frio.

         Eles tinham apenas um cobertor, que não era muito grande, para dividir. Harry escorregou para mais perto. Agora suas pernas estavam se tocando por debaixo do cobertor. Ambos estavam tentando esconder como esse simples toque estava os causando um calor inexplicável. Eles passaram um tempo assim, tomando seus chás com sorrisos bobos. 

          -Olha, eu também sou contra você dar uma festa imensa, elas dão muito trabalho e pouca diversão, mas eu não que tenha problema  convidar alguns amigos para uma pizza e cerveja. 

          -Não sei se você lembra, mas eu sou menor de idade. -Harry disse.

          -E é por esse motivo que você não vai contar para ninguém. -Louis respondeu- Digo, só se você quiser, não quero te forçar nem nada. 

          -Eu sei, pode ficar calmo. - Harry falou rindo de como o garoto mais velho ficava fofo assim todo atrapalhado. -Eu acho que é uma boa ideia. Digo, eu só tenho um amigo para convidar mas...

          -Por que só um? -Louis perguntou olhando para Harry, que baixou seu olhar constrangido. 

          -Nenhum motivo. -Harry mentiu. A verdade era que ninguém em sua escola gostava dele por causa de sua sexualidade. A única pessoas que não tinha nenhum problema com ele ser bi era Niall. 

          Louis resolveu não perguntou mais.  Se Harry queria manter isso para si mesmo ele não tinha o direito de se intrometer.  

          -Não tem importância, tá bom? Chame quem você quiser chamar e eu convido uns amigos meus também. Você vai adorá-los.

          Harry concordou com a cabeça ainda para baixo. Louis colocou sua mão em baixo do queixo do garoto mais novo, puxando seu olhar para cima. Uma pequena lágrima escorreu sobre da bochecha de Harry, fazendo o peito de Louis se contorcer dentro de seu peito. 

          -Olha, seja lá o que for eu não quero que você deixe ninguém te aborrecer. High-School pode ser difícil as vezes, Deus sabe como foi duro para mim, mas já passou e vai passar para você também. 

          -Como você sabe?

          -Eu só sei.  -Louis passou o dedão pela bochecha de Harry, limpando sua lágrima. -Como eu já disse, High-School é um saco. Todos estão sempre tentando ser exatamente iguais e qualquer um que não encaixe nesse padrão ridículo onde aparência conta mais do que caráter é excluído. Mas essas pessoas daqui a pouco vão ficar desesperadas para serem mais parecidas com você, porque você é original, inteligente e pode ir até a lua se quiser, porque você tem um potencial imenso e logo todos vão perceber isso. Você só tem que aguentar até lá. 

          Harry desistiu de segurar suas lágrimas. Louis o puxou para mais perto passando seus braços ao redor de seu ombro. Harry encostou sua cabeça no peito do garoto mais velho. Louis conseguiu sentir sua camisa começar a ficar molhada com as lágrimas de Harry, mas ele não podia se importar menos. Ele só se importava com Harry, que não merecia nada daquilo. Ele passou suas mãos por seu cabelo cacheado, sussurrando em seu ouvido que tudo ia ficar bem. Harry fechou os olhos, se esforçando para acreditar nas palavras de Louis. Apesar de se sentir ridículo, ele estava feliz que Louis o estava consolando, ele estava feliz que alguém além de Niall não recuou de seu toque. Harry estava feliz por colocar todas essas emoções que ele vinha reprimindo a tanto tempo para fora.    


          Eram oito da noite. Harry, Louis e Niall estavam na sala de estar, esperando por Zayn e Liam para pedirem a pizza. 

          Eles estavam conversando e rindo animadamente. Harry mais do que os outros. Ele estava se sentindo muito melhor do que antes do que antes. Ele se sentia mais leve, como se um enorme peso tivesse sido tirado de seus ombros. Mesmo não tendo contado a Louis o que o estava chateando, ele sentia que ele o entendia Ele sentia que podia confiar nele com qualquer coisa. 

          -Aceita? -Louis perguntou segurando uma latinha de cerveja debaixo do nariz do garoto de 15 anos. 

          Harry pegou a latinha na mão. Ele tinha tido um ano e tanto, uma cerveja não faria mal. Ele a abriu e tomou um gole. Não era ruim, mas tinha um sabor amargo muito forte. 

           Louis o deu um tapinha no ombro, então se virou para Niall falando:

          -Olha, eu até te daria uma também, mas não quero entrar em problemas. 

          -Você não entraria em problema nenhum. Eu venho da Irlanda, bebo desde o meu aniversário de doze anos. 

          Louis, que já estava sentado de novo o olhou com uma sobrancelha erguida. Ele não estava comprando aquela história, já tinha ouvido várias loucuras que garotos inventavam para ganhar cerveja, até que Harry falou:

          -É verdade, os pais dele o deixam beber desde sempre. 

          Louis ainda estava meio relutante, mas deu sua latinha ainda fechada ao garoto.

          -Se você ficar bêbado eu vou colocar a culpa no Harry. 

          Harry fingiu ficar ofendido. Louis riu e foi até a cozinha buscar uma nova cerveja para si mesmo. Assim que ele fechou a geladeira a campainha tocou, sinalizando que seus amigos finalmente tinham chegado. 

Uma semana pode mudar tudoOnde histórias criam vida. Descubra agora