CAMÕES E A CHUVA DE LÍNGUAS

72 9 20
                                    

   Era em Lisboa - Portugal, que o pequenino Camões havia nascido

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

   Era em Lisboa - Portugal, que o pequenino Camões havia nascido. Desde cedo, sua mãe soube que o filho era apaixonado por histórias e leitura. Ele vivia brincando com as palavras soltas que pegava ao vento e criava mais infindáveis sentenças com elas. Quando não as tinha, inventava novas palavras que surgiam com muita facilidade, todas formadas por símbolos e mais símbolos que ele conhecia muito bem, as letras. Junto das letras, havia a língua, coisa que ele nunca havia parado para pensar até que, um dia  quando estava brincando nos portões da cidade de contar os bois e vacas que passavam ele conheceu, primeiro, um amigo que vinha do Oriente Médio, o Malba Tahan, que além do português falava árabe e era conhecido como o homem que contava. Este lhe apresentou sua cultura e idioma. 

Luís de Camões achou curioso todas aquelas letras diferentes no ar, parecidas com serpentes se contorcendo, e ainda mais a pronúncia. No entanto ele havia gostado do som que elas faziam quando pronunciadas, portanto aprendeu-as. Tempos depois, no mesmo cercado em um dia de sol forte, enquanto lia um livro de epopeias, passou por lá Aquiles que vinha de Ios na Grécia, junto de  seu pai Homero, um famoso escritor - o qual Luís de Camões amava. Dessa vez, ele aprendeu o grego com suas letras que, para ele, mais pareciam desenhos.

Certo dia, em uma viagem com o pai à Índia, mais precisamente, ao Nepal, ele conheceu um idioma "estranho" em sua visão, o Sânscrito. Eram letras confusas e muito juntinhas e o pior, ele não as entendia, mas amava ouvir as pessoas falando o idioma. Curioso com todas essas informações e diferenças, voltou para casa muitíssimo curioso para saber de onde as línguas vinham.

Chegando lá, foi perguntar para sua amada mãe Ana sobre de onde vinham todas as línguas. Ela respondeu simplesmente que elas vinham da chuva.

Se antes ele estava confuso, agora estava ainda mais. Suas mãos inquietas atrás de suas costas, contorciam-se enquanto decidia-se por perguntar algo a mais ou não.

— Como assim, mamãe?

— Você não as vê, meu filho? — perguntou a ele que via letras, sons e palavras por todos os lugares. Um dom de família.

— Vejo, mas...

— Deixe-me terminar — pediu a mãe, carinhosa olhando a face intrigada do filho — Essa chuva ocorre de tempos em tempos e traz com ela sons, letras e novas palavras. Ela acontece em todos os lugares do mundo há milhares de anos

— Por que?

— Porque sim, ora pois!

Camões a olhou abismado. Sua pequena boca foi se abrindo cada vez mais em choque e surpresa, junatemente com seus olhos .

— Mas quando foi a primeira chuva de português?

— Há muito tempo atrás... — respondeu misteriosa. 

— Foi aqui em Lisboa?

— Primeiro foi em Roma, há muitos anos atrás — olhou para o filho atento a suas palavras — Então, os povos de lá que molharam-se com a chuva de palavras e sons passaram a saber falar novas palavras sem ser do latim. Choveu mais vezes, estão cada vez mais eles aprendiam novas palavras até que o português apareceu. Mas sempre acontecem novas chuvas de palavras e tudo muda — para concluir, sorriu: — E é assim que as línguas surgem, Camões. Veja só! 

Apontou para os símbolos em frente aos dois. O alfabeto todo em cor preta dançava juntando-se, formando palavras lindas como amor, contente, ardor e saudade. 

A partir daquele dia, toda vez que chovia, o menino Camões corria pra chuva e se molhava, absorvendo todas aquelas gotas ricas em sons e mudanças. Quando cresceu, munido de todas as suas palavras do português, criou histórias e poemas, e  espalhou todas essas palavras pelo mundo.

CAMÕES E A CHUVA DE LÍNGUASWhere stories live. Discover now