Quando a garota finalmente abriu os olhos se viu em um ambiente estranho. O teto e as paredes brancas não lhe eram familiar, aliás, nada na sala era. Claro, a não ser pela silhueta sentada a poucos metros de distância.
Antes mesmo de se perguntar como foi parar ali, ela se questionou o que o loiro fazia naquele local. Lembrava claramente da briga com o irmão do rapaz, e já que era assim não havia motivos para o mesmo visitar-lhe.
- Hey Josh, o que faz aqui? - perguntou assustando o rapaz que não havia notado que ela estava acordada.
Então ele sorriu para a mesma que vendo o gesto não pode deixar de retribuir. Para ela o sorriso do outro carregava um alívio e tranquilidade que não havia notado antes. Só então lembrou o que ocorreu consigo para estar numa cama de hospital.
- Eu vim ficar com você, já que Zara e Jaden estão no colégio e não poderiam vir. - respondeu ainda com um sorriso genuíno nos lábios.
- Espera! escola? A quanto tempo eu estou aqui? - questionou a jovem um tanto desorientada.
- Bom, você ingeriu muita fumaça durante o incêndio e teve uma parada respiratória. Passou os últimos dois dias no oxigênio. - respondeu. - Passou dois dias inconsciente. - finalizou.
S/n não respondeu nada visto o que havia descoberto. A sensação era diferente do que imaginava, quer dizer; para ela não havia se passado nem uma hora do acontecido, afinal era a sua última lembrança. Ainda estava digerindo tudo aquilo, muita informação para pouco espaço-tempo.
- Como se sente? - perguntou se aproximando da cama.
Josh sentou se aos pés de S/n a olhando como se esperasse uma reação da mesma. Ela mantia uma expressão de espanto, ainda absorvendo as informações recém-recebidas.
- Eu estou um pouco... Dois dias?! - perguntou falando para si mesma, Josh apenas acenou confirmando. - É tão esquisito, para mim não parece ter sido tanto tempo. - continuou.
- Seu cérebro deve estar um pouco bagunçado, você apagou sem precisar de cedativos. - contou. - Eu vou avisar ao doutor que você acordou, nem pense em se mover daí. - concluiu o loiro com um sorriso brincalhão, antes de se levantar e sair do quarto.
Ali sozinha sem nada para se distrair os pensamentos de S/n tiveram espaço para correr livre. Era verdade o fato de que em sua cabeça tudo estava uma confusão. Como deveria ter sido esses últimos dois dias em que ela esteve dormindo? Como Zara estava? Como a situação do incêndio se desenvolveu? Perguntas e mais perguntas passavam pela sua mente, nenhuma para qual ela tivesse uma resposta.
Alguns minutos se passaram, até que um senhor de jaleco adentrasse a sala acompanhado por Josh. S/n deu a ambos um sorriso habitual, tentando não demonstrar o quanto estava confusa.
- Olá querida! é bom finalmente te ver acordada. - disse o senhor checando os aparelhos que estavam ligados ao corpo da jovem.
- É bom estar acordada. - respondeu num tom calmo.
- Eu sou o doutor Hebert Avelar, sou médico da família Beauchamp há mais de vinte anos. Vi cada um desses garotos nascer. - contou de maneira descontraída. - Diga-me, como está se sentindo. Alguma dificuldade para respirar? Dor em alguna parte do corpo?... - perguntou tirando do bolso de seu jaleco uma caneta.
- Eu sinto um pouco de náusea e dificuldade em mover as articulações. - afirmou S/n.
- As náuseas provavelmente são pelo fato de ter passado os últimos dias sem ingerir nenhum alimento. Já no caso das articulações é porquê não se movimenta a bastante tempo. - concluiu o doutor anotando tudo em sua prancheta. - Vou precisar examinar seus pulmões, então sente-se por favor. - pediu educadamente e S/n obedeceu.
- Acha que ela vai se recuperar totalmente dos danos causados pelo incêndio? - questionou Josh, falando pela primeira vez desde que o doutor chegou.
- Oh, sim meu jovem. Por incrível que pareça a sua namorada não teve grandes sequelas físicas. Talvez venha a sentir falta de ar por algumas semanas, mas isso passará com o tempo. - respondeu o Doutor Avelar deixando os outros dois um tanto envergonhados.
- Nós não somos namorados. - corrigiu S/n. O médico ficou levemente impressionado, mas disfarçou bem.
- Somos apenas amigos. - Acrescentou o loiro.
- Oh, então queiram me desculpar, foi um equívoco da minha parte. - desculpou-se voltando a examinar a garota. - Agora por favor respire fundo.
S/n fez tudo exatamente da maneira em que o médico mandava, estava nervosa com a possibilidade de ter se prejudicado. Mas ainda assim não conseguia se arrepender do que havia feito, ela ajudou a salvar aquela garotinha. Tudo que queria era saber como ela estava.
- Bom senhorita, devo dizer que tem um Deus que te ama muito. As possibilidades de escapar daquela situação viva, e sem sequelas alguma era abaixo do zero. Deve agradecer a ele por ter enviado esse garoto a tempo, se ele não te tirasse de lá a tempo não haveriam bons resultados. - Avelar disse mais uma vez surpreendendo a garota.
- O que? Foi você quem me tirou de lá? - questionou.
Antes que Josh podesse responder o médico interviu. Apesar do equívoco em concluir que os dois eram um casal, ele acreditava que essa possibilidade não era de todo errada. Ninguém arriscaria a vida por alguém com quem fosse indiferente.
- Sim, foi. E os dois por pouco não morreram, foi arriscado e eu não aconselho a repetir esse ato. Mas ao todo, devo admitir que ele foi um herói. - confirmou. - Agora vou deixa-los a sós. - terminou.
Avelar tinha a intenção de sair da sala, não queria atrapalhar uma conversa entre os dois. Pode se dizer que ele viu aquele garoto crescer, e sabia o quanto merecia ser feliz. E ao saber dos motivos de S/n ter ido parar em seu hospital, teve a certeza de que ela era tão especial quanto Josh. Ambos tiveram a coragem de se arriscar por outro alguém, e isso é um ato de total empatía e amor.
- Espere doutor! - chamou-o a jovem. - Como a Beth está? A garotinha que ficou presa no incêndio. - perguntou com nítida preocupação na voz.
- Ela está muito bem graças a você, tanto Elizabeth como o seu cãozinho estão sãos e salvos. Aquele cachorrinho, também é um herói. - Informou antes de se despedir e sair do quarto.
Ambos observaram seu gesto e o ligar caiu em silêncio novamente. Os dois apenas se entre-olhavam com o mesmo sorriso habitual de sempre.
- Obrigada Josh, sem você eu provavelmente estaria morta. - agradeceu a garota quebrando o silêncio na sala.
- Não precisa agradecer, eu jamais te deixaria para morrer. - respondeu segurando a mão dela em uma tentativa de passar confiança.
Pois é, lá estava o friozinho na barriga e o nervosismo de ambas as partes. E assim permaneceu até que desatassem as mãos um pouco envergonhados.
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My Glass Heart
FanfictionAlguns meses longe de casa foram o suficiente para Josh voltar e encontrar muitas novidades. Dentre elas a mais nova amiga do seu irmão. Já S/n acostumada com toda a família Beauchamp, se vê intrigada pelo filho do meio e também o único com qual...