021 - Faxina.

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- Temos que comemorar! - Zara disse enquanto me ajudava a recolher as minhas coisas do lugar

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- Temos que comemorar! - Zara disse enquanto me ajudava a recolher as minhas coisas do lugar. - Finalmente você vai voltar para casa!

- Que? - perguntei rindo de sua animação.

- Sei lá, podemos fazer um churrasco, ou pedir uma pizza. - sugeriu.

- Aí meu gosh! - exclamei imaginando no que isso iria dar.

Zara em sã consciência já era louca, bêbada então... Bom, eu não vou nem comentar. Porém já posso imaginar o que aquela cabeça louca está planejando.

- Quer saber? Zara tem toda a razão, isso merece uma comemoração! - disse Tia Úrsula concordando com a Zara.

- Até a senhora? - questionei e elas riram.

- 'Tá vendo só? - Zê brincou com um sorriso no rosto.

- Claro que sim! Podemos fazer um churrasco lá em casa? S/n você ama churrasco não é mesmo? - propôs.

Sério que ela estava cogitando realmente comemorar a minha alta? Céus eu não posso com essas duas juntas, acho melhor só aceitar sem questionar.

- Ah, vamos docinho! Vai ser legal eu prometo! - implorou Zara fazendo aquele olhar de cãozinho pidão.

- Ok, ok, vocês venceram! - me rendi vendo as mesmas fazerem um High five.

Joguei minha mochila sobre o ombro e as segui para fora do quarto, enquanto elas planejavam como iriam fazer a tal "festa".

- ...Que tal sábado? - questionou a Tia Úrsula.

- Ótimo! - Zê concordou.

Pera! Sábado é amanhã, como elas pretendem fazer isso tudo em menos de um dia? Bom, ao menos assim não dá tempo da Zara planejar nada muito grande. Eu meio que detesto chamar atenção para mim, e uma festa em minha homenagem - por assim dizer - não ajudava muito nisso.

- Esse sábado? - perguntei só para ter certeza.

- Sim! - disseram em coro.

- Esse sábado o quê? - Jonah perguntou tomando a mochila da minha mão para por no porta-malas.

- Eu e Zara queremos fazer um churrasco para comemorar a alta da S/n. - contou a loira.

- Mas nada muito grande por favor. - pedi para ambas.

- Ah, você sabe mesmo como tirar a graça das coisas. - minha amiga disse me olhando com cara de tédio, o que me fez rir.

Toda vez que usava essa expressão a Zara colocava um biquinho bravo, que eu pessoalmente achava ilário. Mas ela vai me perdoar por isso, Zê sabe que eu não sou muito fã de festas.

- Me fez aceitar uma comemoração simples, não falou nada sobre algo com muitas pessoas. - argumentei jogando meu braço sobre seu pescoço.

Era um alívio finalmente estar sem aquela agulha esperando o meu braço, o que me deixava ainda mais feliz.

- Em fim, S/n sendo S/n. - Jonah falou me fazendo encará-lo.

- Sou versão limitada baby! - brinquei e ele ergueu as sobrancelhas com um sorriso irônico.

- Obsoleta, você quis dizer. - rebateu arrancando uma risada da Zara.

- Me respeita garoto! - respondi em tom de brincadeira.

[ ... ]

Quando o carro estacionou em frente a casa meu coração chegou a palpitar. Eu senti falta desse lugar, ok que só se passou alguns dias mas eu não sou de ficar longe de casa.

- Lar doce lar! - Exclamou Zara saindo do carro.

- Finalmente em casa! Eu mal posso acreditar. - exclamei me colocando ao lado dela.

- Ok garotas, eu já entendi que vocês estão felizes em voltar pra casa, todo esse momento é muito lindo, mas será que vocês podem me ajudar com a mala?! - disse Jonah nos fazendo rir.

Eu fiquei por uma semana naquele hospital, mas Zara meio que exagerou na quantidade de roupas que levou para mim, sem contar com os objetos de higiene, jogos e etc.

- Esse garoto não tem jeito! - comentou a mãe do mesmo, em um tom de brincadeira.

Ainda em tom de brincadeira adentramos a casa, parecia que havia ficado trancada por um mês. Digamos que Zara não gosta de manter as janelas e cortinas abertas, nunca. O que provavelmente explica o ar quente na casa.

- Deixa eu adivinhar; deixou tudo fechado durante a semana toda, para os vizinhos pensarem que não tinha ninguém em casa? - perguntei em tom de afirmação.

- E pra não me perturbarem. - completou sem dar muita importância. - Você me conhece tão bem! - brincou me fazendo revirar os olhos.

Deixei a mochila em cima do sofá, já Jonah preferiu deixar a mala em um canto da sala. Abri as janelas para que a luz natural iluminasse o local, o que me fez notar a poeira na casa. Nem eu nem Zara tivemos tempo de limpar nessa semana, ela estava sempre entre o hospital e o colégio, imagino o tamanho da preocupação que eu causei.

- Uh, precisamos fazer uma faxina! - a morena disse como se tivesse lido os meus pensamentos. Olhei para ela surpresa e com uma vontade enorme de rir.

- "Eu não gosto desse cara, ele é telepata!" Te diz alguma coisa? - brinquei e ela riu.

- Sim, mas eu sabia que a primeira coisa que iria querer fazer quando voltesse seria organizar a casa. - respondeu.

Taquei uma almofada nela, e a mesma a arremeçou de volta. Porém antes que tivéssemos tempo para continuar a brincadeira, a tia Úrsula entrou na casa acompanhada de seu marido.

- Infelizmente teremos que ir agora. - informou num tom meio preocupado. - minha irmã está precisando de mim. - explicou.

- Eu vou acompanhá-la, Jonah vem conosco? - perguntou tio Ron para o filho.

- Eu acho melhor não, vou ficar e ajudar as meninas com a limpeza. - respondeu Jonah como se estivesse dando uma desculpa, mesmo estando escrito na cara dele que tem algo de errado.

Eu e Zara nos entreolhamos, como se dissessemos pelo olhar que havíamos entendido o mesmo: Havia algo de errado aí. Mas até então era assunto de família, e por mais que sejamos amigos dos Beauchamp não fazemos parte dessa família.

- Tudo bem, obrigada por tudo. - agradeci educadamente observando um sorriso curto enfeitar o rosto da loira.

- Bom, até logo garotas. - despediram-se.

- Tchau! - respondemos juntas.

Assim que os pais saíram Jonah se jogou no sofá bufando, então a nossa teoria está certa, existe algo de errado nessa história. Nem eu nem Zara sabíamos o que dizer, estava claro que a família Beauchamp estava com problemas, e pelo visto é pessoal demais para compartilhar conosco. Porém não dá para fingir que nós não entendemos a situação, o que deixou o silêncio constrangedor.

- Então, vamos começar a limpeza? - perguntei tentando quebrar o gelo.

Eu era péssima em puxar assunto, mas eu poderia tentar mesmo assim. Quem sabe isso ajude a distrair a mente do Jonah, é o que ele precisa agora.

My Glass HeartOnde histórias criam vida. Descubra agora