O caminho de volta ao castelo fora, literalmente, congelante. O maior motivo para isso foi ter estado no cavalo sozinha, haja vista que Apolo aparentemente decidira em sua consciência que manter a distância de mim era necessário.O tempo não havia melhorado, e mesmo com dificuldade, ele guiou o cavalo seguindo a pé, fingindo agir como um guarda inacreditavelmente resistente ao frio e ao cansaço.
Quando chegamos ao palácio, a pouca claridade indicava que o sol já deveria estar nascendo. Me passei novamente pela Rayana e entrei a passos rápidos até meu quarto, esperando que ninguém houvesse percebido a minha falta.
Minhas esperanças foram quebradas quando abri a porta e vi mamãe sentada em minha cama de braços cruzados.
— Olhe só quem apareceste com o raiar da manhã.
— Eu posso explicar...
— Sabe, imagine a minha reação ao vir dar um beijo de boa noite em minha filha, e não a encontrar. Tola como sou, imaginei que estava com suas irmãs e fui dormir. Nesta manhã, as criadas apareceram com uma carta destinada a ti, e pensei: eu mesma a entrego. Nunca passo tempo com Cecília, ela é mais apegada ao pai, esta é a minha chance de termos uma aproximação de mãe e filha.
— Mamãe...
— Com quem e aonde você estava Cecília? Só lhe darei uma chance para me dizer a verdade antes que eu relate tal fato ao seu pai.
— Por favor, o papai não pode saber de nada disso. — digo ouvindo o próprio desespero em minha voz.
— Você saiu do castelo? Passaste a noite com um homem? Por favor me diga que a sua honra...
— A minha honra está intacta, mamãe. O que pensas de mim? Me conheces tão pouco a tal ponto? — a olho magoada.
— Então me dê um motivo, Cecília. Um, que me convença que não é completamente e inteiramente inadequado uma princesa passar a noite fora de seu quarto.
— Só lhe conto se a senhora prometer guardar segredo.
— Isto não é uma negociação. Eu sou a sua mãe!
— E eu sou a sua filha. Onde está a confiança em mim? — digo alto sentindo uma lágrima descer e a vejo soltar os ombros. Ela olha para baixo e engole uma saliva, segurando firme as próprias mãos.
— Não contarei. Onde estava?
— Aprendendo a lutar. — confesso e a vejo arregalar os olhos. — Eu quero aprender a me defender, que mal há nisso?
— Essas coisas não combinam com você, Cecília. Isso é mais cara de sua irmã.
— Será que por um segundo a senhora poderia parar de me associar com a Violetta? — sorrio sem humor, me levantando da cama. — É por isso que nunca nos aproximamos, mamãe. A senhora sempre culpou as atitudes erradas de Vi e me comparava a todas elas, como se eu tivesse que me lembrar constantemente de nunca falhar e ser uma rainha a sua altura, mas parece que nunca é suficiente.
— Isso não é verdade, filha...
— Sim, é verdade, e a senhora sabe disso. Estou farta de tentar alcançar um padrão perfeito que não existe.
— E é saindo de madrugada para se arriscar com armas que pensa que irá me punir?
— Eu não a estou punindo, eu estou tentando me sentir forte e capaz sem sentir medo a todo tempo!
— Querida, quem lhe disse que você não é forte e capaz? — ela me surpreende segurando meu rosto e enchendo os olhos de lágrimas. — Filha, sei que possuímos uma relação imperfeita, mas eu tenho tanto orgulho de você. Tanto orgulho, Cecília.
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Inquebrável Coração
RomanceSérie irmãs Beaumont- Livro 1 Cecília é a filha mais velha das três princesas do reino de Beaumont, sendo considerada a próxima herdeira na linha de sucessão. Ela se preparou durante toda a sua vida para assumir esse trono, e tudo o que ela menos es...