Entro no quarto de tio Oliver e sinto meu coração se partir ao vê-lo deitado sob a cama com um semblante dolorido e a camisa coberta de sangue. Arabella pressionava seu peito tentando conter o sangramento com uma gaze, e minha família toda suspirou ao me ver entrando ao lado de Violetta.— Ah filha, que bom que está bem. — mamãe me abraçou forte e começou a tocar em mim procurando qualquer sinal de ferimento.
— Ela está bem, o soldado Carter a levou para um dos esconderijos no fundo do palácio que papai criara para emergências. — Violetta explica e papai leva a mão a testa.
— Irei dar um cargo maior a esse rapaz, já perdi as contas de quantas vezes ele salvou a vida de Cecília.
— Que-rida. — diz tio Oliver com a voz fraca. Ando rápido até a cama e seguro em sua mão, olhando para o rosto preocupado de Bella.
— Tio Oli, o que aconteceu? Onde está o médico?
— Está chegando, Ceci. — responde Arabella.
— Não se preocupa minha sobrinha, fo-foi apenas de raspão. O importante é que você está bem. — ele aperta a minha mão e sorri com dificuldade. Olho preocupada para os meus pais e os vejo respirar fundo.
— Precisamos aumentar as muralhas do castelo. O que aconteceu hoje foi inadmissível. — diz papai, saindo a passos pesados do quarto e deixando um silêncio total no quarto.
Ninguém sabia o que fazer, ou o que dizer. Todos começaram a entender, naquele momento, a gravidade da situação em que estávamos passando. A minha família estava, pela primeira vez, verdadeiramente com medo. Até Violetta, que sempre fora a mais durona, não conseguia dizer uma única palavra.
O médico chegou e começou a cuidar rapidamente de tio Oliver, contando com a ajuda de Bella, que parecia ser completamente imune a visualizar sangue e feridas abertas. Todos saíram do quarto, deixando meu tio descansar.
Andei pelo caminho de volta até meu quarto sentindo um enorme nó formado em minha garganta conforme via os guardas cuidando dos corpos dos criados que morreram, e segurei a mão de mamãe, Violetta e Arabella. De alguma forma, sabíamos que aquele gesto nos daria forças, e por isso, passamos o resto da noite juntas.
Rainha Anna passou o resto da noite acariciando o cabelo das três filhas, enquanto os olhos das três iam se fechando cansados, lentamente. Eu sabia disso porque eu era uma delas, e naquele momento, nunca me senti tão grata por ter uma mãe tão forte e firme.
Meu coração se partia ao pensar em todos os criados que haviam morrido brutalmente, e a última imagem que veio em minha mente antes de ter a consciência levada pelo sono, foi os olhos suplicantes de Margot, que eu não pude salvar.
Acordo sentindo um cotovelo bater em minha face e escutando um grito de alguém caindo da cama. Eu devia ter aprendido desde que criança que dormir com as minhas irmãs nunca fora a experiência mais confortável do mundo.
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Inquebrável Coração
RomanceSérie irmãs Beaumont- Livro 1 Cecília é a filha mais velha das três princesas do reino de Beaumont, sendo considerada a próxima herdeira na linha de sucessão. Ela se preparou durante toda a sua vida para assumir esse trono, e tudo o que ela menos es...