Capítulo XXIII

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A conversa com as minhas irmãs não saíra de minha cabeça. Depois de uma tarde de conversas, risadas, bolinhos e chá eu passei o resto da tarde com meu pai o ajudando nas tarefas administrativas do reino.

Recusei as aulas de harpa avançada com Dominic alegando já estar apta o suficiente, jantei com minha família no horário marcado de todas as noites, e antes que eu percebesse a lua já havia alcançado o ápice do céu.

— Margot, Marieta, Carmem e Beverly não precisam ficar comigo esta noite. Irei dormir no quarto de Arabella, teremos uma noite de irmãs. — sorrio para as minhas criadas, e as vejo se olharem aflitas entre si.

— Mas princesa, não podemos deixá-la sozinha. São ordens do rei Joseph...

— E essa é a minha ordem. Por favor podem sair, estão liberadas até amanhã pela manhã. — junto as mãos em frente ao corpo e ergo a cabeça, vendo ambas fazerem a reverência.

— Claro, alteza.

— Princesa Cecília, antes de sair, gostaria de lhe servir este chá. — diz Margot, parando na porta e voltando enquanto as outras saíram.

— Muito obrigada Margot, mas não estou com vontade de tomar nada agora. — sorrio andando pelo quarto e abrindo o armário. Precisava de um vestido mais leve para lutar.

— Eu insisto. — ela me entrega a xícara e solta um sorriso nervoso. Estranho a sua atitude e seguro a alça da porcelana, sorrindo de volta.

— Sendo assim irei tomar, tenho certeza que está ótimo. Boa noite, Margot. — sorrio acenando com a boca na xícara, e vejo ela saindo.

— Boa noite, alteza.

Vejo ela sair e fechar a porta. Ando com a xícara de chá e despejo o líquido na planta que havia em meu quarto. Não conseguia confiar em mais ninguém, e isso estava me enlouquecendo. Como eu estava desconfiando de minha própria criada que já me servia a tantos anos? Eu a tinha como uma amiga, mas agora, tudo ao meu redor me causava arrepios.

Troco meu vestido marfim por um azul claro com menos volume e deixo um pouco mais folgado o espartilho, escondendo a adaga e a faca de arremesso por dentro da roupa logo depois. Eu estava pronta.

Em poucos minutos escuto uma batida em minha porta, e quando abro pensando em encontrar Apolo, me surpreendo ao encarar tio Oliver. Soltei um sorriso nervoso por quase ter sido pega no flagra saindo do quarto, e o vejo levantar a sobrancelhas.

— Tio Oli, o que faz aqui? Não deveria estar dormindo? — pergunto segurando a porta.

— Ora, vim conversar um pouco com a minha sobrinha. Trouxe um presente para você. — ele estende uma caixa sorrindo envolvida em um laço dourado e eu sorrio, abrindo a porta para ele entrar.

Apolo que estava a uma curta distância da porta levantou as sobrancelhas como se perguntasse o que ele estava fazendo ali, e eu o olhei torcendo para que ele entendesse para esperar mais um pouco. Tio Oli entra em meu quarto e se senta na poltrona. Fecho a porta atrás de mim.

— O que é? — pergunto segurando a embalagem.

— Abra e verá. Querida sobrinha, porque será que tenho a impressão de que a senhorita iria sair? — ele cruza os braços e franze o cenho.

— E-eu? Não tio Oli, imagina. — sorrio de forma nervosa e acabo rasgando a embalagem. O olho com carinho quando vejo que era uma caixa de chocolates. — Não acredito que o senhor encontrou.

— Você me pediu mais depois do dia do baile, e mandei trazerem do Sul para você. Agora vamos, me conte aonde está indo.

— Eu não estou indo a lugar nenhum.

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