Capítulo XXVII

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Nove dias. Nove dias se passaram sem que eu tivesse notícias de Apolo. Eu estava quase entrando em desespero por diversos motivos. O primeiro, era não saber se o homem que eu amava estava bem. Isso me matava por dentro a cada momento em que eu ia colocar a cabeça no travesseiro.

O segundo, era que faltavam apenas quatro semanas para o casamento com Christian e mamãe já havia anunciado e entregado convites a todos os outros reinos. Como eu cancelaria um casamento em tal circunstância? E como eu faria isso sem Apolo estar aqui?

Nós havíamos combinado que esperaríamos até que as coisas se acalmassem, mas nada parecia estar se acalmando. Eu me sentia entre duas paredes se fechando lentamente, sem que não houvesse o que fazer, além de esperar pelo pior.

A única coisa realmente boa em meio a todos esses dias, foi a noite da homenagem que fizemos aos que morreram. Contei a papai que foi ideia de Violetta, e vi os olhos dele brilharem de orgulho. Os dois entraram juntos no salão, e citaram o nome de cada servo que havia partido.

Após esse dia, os outros se seguiram lentamente. O palácio ainda possuía um clima pesado, e eu não lia mais as cartas que Christian mandava. Eu só queria saber como ele estava. Desisto de permanecer em completa agonia e resolvo tomar coragem e ir até o gabinete de papai, determinada a conseguir qualquer informação que pudesse acalmar meu coração.

— Rei Joseph? — bato na porta e abro devagar, vendo papai sentado ao lado de tio Oliver. Meu tio ainda possuía alguns machucados, mas mesmo sentindo dor, ainda tentava sempre dar o seu melhor sorriso.

— Olha só quem chegou para alegrar a nossa tarde. Até que enfim uma beleza para observar, não aguentava mais passar o dia com a cara feia de seu pai. — tio Oli tenta fazer uma piada e eu entro sorrindo. Papai balança a cabeça e acena, permitindo a minha entrada.

— O que foi filha? Aconteceu alguma coisa?

— Eu gostaria de saber sobre a investigação. Os guardas que foram para o leste. — digo engolindo uma saliva. Papai arqueia as sobrancelhas, e me olha curioso.

— Como sabe sobre isso Cecília?

— Eu contei, irmão. — tio Oliver me salva, provavelmente observando minha expressão de desespero. — Ela será a futura rainha. Deve saber sobre tudo antes de assumir o trono.

— É justo. — papai acredita na mentira, e volta a mexer nos papéis. — Bom filha, infelizmente não temos boas notícias. Um mensageiro chegou nesta manhã e me informou que alguns guardas da expedição morreram.
Provavelmente o soldado Carter estava certo quanto a investigação, por isso, mandaremos mais guardas até lá. Sinto por tê-lo deixado ir acompanhado de tão poucos homens...espero que o rapaz esteja vivo.

— O quê? — sinto meu coração se partir ao ouvir a informação. Todo o meu mundo desabou, em questão de segundos. Não...Apolo não. Ele estava vivo. Ele tinha que estar. Ele me prometeu que voltaria...

— Filha? Está chorando? — a voz de papai ressoa preocupada e eu limpo a lágrima que descia de meu rosto. Minha garganta estava fechada. Não aguentava mais esconder meu amor por ele. Abro a boca pronta para confessar tudo a papai, quando os braços de tio Oliver me envolvem em um abraço.

— Oh querida! Eu entendo. — ele olha em meus olhos e se vira para papai. — Ela está muito abalada, Joseph. Como não estaria? A menina foi envenenada, ameaçada de morte, e viu metade dos criados do castelo morrerem. Ela se sente responsável, assim como uma boa governante.

— Oh Cecília, não sabia que se sentia assim minha filha. — papai me olha com pena, e eu apenas balanço a cabeça, sentindo meus sentimentos me esmagarem.

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