O Enigma dos Dados Vermelhos

Capítulo 15

O delegado sentou na cama, agora muito mais surpreso do que nervoso.
– Me conta como foi que vocês conseguiram isso.
– Logo pela manhã recebemos outra ligação anônima. Nós ligamos algumas vezes para a sua residência e sua mulher disse que você ainda dormia. Resolvemos verificar o local indicado. Uma construção de um prédio embargado na zona sul da cidade. Levamos alguns homens e vasculhamos tudo até encontrarmos uma mulher no penúltimo andar. Ela estava numa cadeira, inconsciente, amarrada e amordaçada igual aos outros casos. Chamamos uma ambulância e ela foi levada para o hospital. Fiquei aqui esperando ela despertar, assim que acordou, disse que precisava falar com o delegado Queirós e...
– Está bem investigador. Estou indo ao hospital.
Quando o delegado chega no quarto indicado pela recepção da Santa Casa a mulher estava acompanhada do Marido que ele já conhecia bem.
– Como vai Carlos?
– Melhor agora Dr. Queirós. Sabendo que minha amada está salva.
O casal se abraça, se beija e começam a falar coisinhas fofas um para o outro. O delegado intervém.
– Com licença. Pretendo deixar vocês comemorando a volta dela. Antes disso preciso saber se a Tainá tem algum recado para mim.
A mulher se endireitou na cama.
– Recebi ordens para transmitir essas palavras ao senhor delegado “Forma de arte corporal ou vocal, individual ou em grupo, apresentada ao público com o objetivo de interpretar uma situação ou despertar sentimentos”
O delegado se encontra com Haravena que esperava por ele. Pelo telefone Dr. Queirós pede para investigador Ramalho reunir os homens disponíveis e levá-los para o teatro municipal. A próxima vítima vai estar lá.
Dr. Queirós e o investigador Haravena chegam primeiro e vão procurar os responsáveis pelo teatro.
Criado para o entretenimento da população engenho açuense, o Teatro Municipal realizava diversos tipos de apresentações, desde musicais, peças de teatro, artes circenses, corais entre outros
Por sorte ainda era cedo e não havia plateia para assistir a apresentação. Apenas os atores que faziam parte do espetáculo estavam presentes para ensaiar. Queirós procurou o diretor da peça e contou sobre o que poderia acontecer ali.
– ...por isso preciso que interrompa o ensaio o mais rápido possível.
– Vou fazer isso agora.
Acompanhado pelo delegado o diretor entrou no palco e chamou a atenção de todos batendo palmas.
– Atenção todos. O ensaio está suspenso a polícia desconfia que alguém queira ferir uma pessoa aqui. – Em meio a questionamentos e exclamações ele aumenta o tom de voz – Acalmem-se. Precisamos ficar todos juntos e deixar que eles façam seu trabalho.
O burburinho começa e o delegado tenta falar com eles.
– Muito bem. Eu sou o delegado Queirós e afirmo que não há motivos para pânico. Meus homens vão chegar daqui a pouco e vamos dar uma geral no teatro. Se não tiver nenhum problema libero vocês. Estão todos aqui correto?
Uma voz foi ouvida entre os atores.
– O rapaz da sonoplastia está no estúdio conferindo os equipamentos de som.
O delegado preocupado olhou para o diretor.
– Me mostra onde fica esse estúdio?
Seguindo o diretor ele já pressentia o pior e logo que entraram no estúdio foi confirmado.
Um jovem estava caído sobre a mesa de som. Um enorme punhal fincado no meio das costas. Olhar distante e corpo gelado. Outra vítima.
Quando Ramalho chegou com os homens já era tarde.
Depois de resolver os pormenores eles voltaram para a delegacia. Souza e uma policial tomavam café. Dr. Queirós que veio calado pelo caminho chegou alterado e gritava com todos.
– Temos um assassino lá fora tirando vidas e vocês estão aí tomando um cafezinho. Os legistas descobriram mais alguma coisa? E você Ramalho por que demorou tanto para chegar? Cadê o Fred que não apareceu hoje ainda?
Haravena tentou acalmá-lo.
– Cabeça fria Dr. Queirós. Não vai surtar agora. Precisamos de você para chegar ao Jogador. Vamos aguardar ele entrar em contato novamente, ainda tem duas mulheres desaparecidas. Devemos estar calmos para pensar e agir corretamente.
– Acho que me alterei um pouco. Peço desculpas aos colegas.
O delegado entra na sua sala e fecha a porta. Sozinho ele fica pensativo.
Esse filho da puta está me tirando do sério, mas, eu vou encontrar o desgraçado, nem que para isso eu tenha que entrar no jogo dele. E quando eu conseguir pegá-lo. Ele vai se arrepender de ter brincado comigo. Ah vai.
Duas horas mais tarde e uma nova ligação anônima feita por um telefone público movimentou a delegacia.
Os policiais saíram correndo e três viaturas foram para o local indicado. Um enorme parque de diversões. Ainda não estava em horário de funcionamento, o que facilitaria um pouco a procura da vítima.
Dr. Queirós conversou com o vigilante-chefe que tomava conta do lugar e a entrada dos policiais foi logo liberada. Oito policiais com a ajuda de três vigilantes fizeram uma varredura em todo o parque. Dentro de brinquedos como Barco Viking, carrinho Bate-Bate, Carrossel, Castelo do Terror, Montanha Russa e locais coletivos como a praça de alimentação e os banheiros.
– Vasculhamos tudo. Cada brinquedo, banheiro, cabines em todo lugar e não encontramos nada. Talvez o Jogador tenha nos enganado. – Disse Haravena ao delegado.
– Ele até agora não blefou. Creio que não faria isso. Continuem procurando.
Todos estavam cansados, o sol estava fervendo. Dr. Queirós suava muito. Mormaço, talvez uma chuva cairia bem nesse dia tão quente. Ele olhou para cima tentando ver a movimentação das nuvens. Não acreditando no que viu, gritou desesperado.
– Achei. Encontrei a vítima. – Apontou o dedo na direção da Roda-Gigante – Ela está lá em cima.
Um funcionário movimentou a roda e trouxe a mulher para baixo. Como as outras mulheres, ela estava amarrada, amordaçada e inconsciente.
– Vamos chamar uma ambulância para levá-la ao hospital e assim que ela acordar nós saberemos onde o Jogador vai atacar. – Disse Ramalho.
O delegado não concordou.
– Eu tenho um plano. Nós vamos fazer o seguinte...