Dr. Queirós faz uma reunião de emergência na sua delegacia com os investigadores e comunica sobre o que está acontecendo.
– Muito bem pessoal. Existe alguém aí fora desafiando a polícia com seus enigmas doentes. Usando o nome de um assassino em série morto há vinte anos, esse psicopata já matou seis mulheres e existem outras seis desaparecidas.
– Delegado. Essas mulheres desaparecidas podem estar vivas? – Perguntou Souza.
– É imprevisível. Espero que sim. Não sabemos como e nem onde o assassino vai agir.
– E como vamos fazer para encontrá-lo? – Foi a vez de Haravena questionar.
– Não tem outro jeito. Temos que esperar ele agir primeiro.
Quarenta minutos passados e terminada a reunião todos saíram, apenas Fred e o delegado ficaram na sala.
– Fred. Obrigado por me ajudar novamente.
– Amigo, você sempre poderá contar comigo. Agora tem uma dúvida martelando aqui na minha cabeça. Será que esse novo assassino sabe quem matou o Begald verdadeiro? Poderia ele estar de alguma forma tentando chegar até você?
– Isso seria ótimo. Se ele vier até mim, será mais fácil descobrir quem está por trás de tudo isso.
– Tome cuidado. Não sabemos o que essa mente doente pode estar planejando.
– Fique tranquilo. Vinte anos se passaram e eu também aprendi muito como lidar com esses tipos de pessoas. Agora que tal um café para relaxar.
Fred e Dr. Queirós deixam a delegacia.
Durante o café na padaria ali próximo eles tentam falar sobre outros assuntos, política, mulheres, religião ou futebol. O que eles gostam mesmo é relembrar do tempo em que eram apenas garotos em Engenho Açu, aventuravam pelas matas, nadavam nos rios ou brincavam nas ruinas do antigo engenho.
– Vida boa era aquela época Fred. Ninguém se preocupava com nada. Tudo para nós era diversão.
– É Queirós. A gente era feliz e não sabia.
– Você se lembra quando a gente reuniu a nossa turma de garotos e andamos um dia inteiro para chegar numa cachoeira.
– Nunca vou me esquecer disso. A gente subia em árvores e comia todas as frutas que encontrávamos pelo caminho, até que alguém derrubou aquela caixa de maribondo aí foi uma correria. Só paramos quando todo mundo pulou dentro do rio. Mesmo assim ainda teve gente que levou duas ou três ferroadas.
Os dois caem na risada.
– E quando a gente brincava de polícia e ladrão...
Antes do delegado terminar a conversa seu celular toca e ele atende.
– Alô... Sim estou chegando...
Ele desliga o aparelho e avisa o amigo.
– Tenho que ir. Recebemos uma ligação anônima sobre um cativeiro. Meus homens e eu vamos averiguar.
– Vou indo e se precisar de mim é só me ligar que venho correndo.
– Obrigado mais uma vez.
Os dois amigos se abraçam e Fred vai embora. Dr. Queirós paga a conta e volta para a delegacia. Junto com Haravena e Ramalho eles entram na viatura e vão para o local informado.
A usina de açúcar foi uma cooperativa criada pela união dos trabalhadores que assumiram o Engenho Açu na esperança de recuperar um pouco do que perderam quando a família deixou a fazenda com destino a Europa. Por um tempo chegou a prosperar, mas, devidos aos desentendimentos entre os seus líderes e os processos judiciais e trabalhistas a usina está abandonada há muitos anos. Um enorme galpão com um portão comido pela ferrugem e grossas correntes também enferrujadas. Na parede ao lado o tambor embaixo de um buraco onde um dia foi uma janela, facilitou a entrada.
Com suas armas nas mãos, os três entraram na enorme construção. Algumas máquinas antigas ainda pareciam a espera dos trabalhadores que nunca voltaram. A luz do sol fraco do fim de tarde que passava pelas outras janelas era a única ajuda que tinham para conseguir enxergar um pouco ali dentro. Tudo estava em silêncio, parecia não haver nada nem ninguém, mesmo assim a apreensão é inevitável, eles foram treinados para se manter sempre alerta durante uma investigação.
Um barulho. Haravena e Ramalho apontam suas armas e logo se acalmam. Dois ratos brigavam por um pedaço de alguma coisa.
Os três seguem caminhando pelo galpão, adentram outros setores ainda maiores e mais sombrios. O delegado quebra o silêncio que faziam até agora com um sussurro.
– Vamos nos separar para fazer uma vistoria rápida, daqui a pouco o sol vai desaparecer e teremos menos visibilidade.
Os investigadores concordaram e foram em direções diferentes e o delegado continuou pelo meio da fábrica. Atenção redobrada.
A poeira toma conta de toda superfície sobre as máquinas ou no chão, Haravena encontra pegadas e segue o sentido delas.
– Aqui. Encontrei.
O grito dele chama a atenção dos outros dois policiais que vão ao encontro dele.
Quando chegaram aonde estava Haravena, Ramalho e Dr. Queiroz ficaram surpresos com o que viram.
Amordaçada e amarrada a uma cadeira uma mulher de pouco mais de vinte anos, pulsos e tornozelos envoltos de cordas e presos a própria cadeira. O cabeça pendendo de lado. Haravena com os dedos no pescoço dela pode afirmar.
– Ela está respirando. Precisamos tirar ela daqui imediatamente.
– Enquanto vocês tentam desamarrá-la eu vou pedir uma ambulância.
A mulher foi solta, retirada da cadeira e colocada no chão ainda desacordada. Num primeiro momento não encontraram nenhum ferimento nela.
Os paramédicos chegaram e com todo cuidado a jovem foi colocada numa maca e levada para a ambulância que logo partiu levando a paciente para a Santa Casa de Engenho Açu.
Depois de mais uma olhada no galpão e não encontrar nada os policiais também deixam o local.
– Precisamos descobrir quem é aquela mulher e quem foi que a levou para aquela usina. – Comentou Haravena.
– Precisamos saber se ela tem alguma coisa a ver com nossa investigação anterior. – disse o delegado – Amanhã cedo vou ao hospital e tento falar com ela. Por hoje chega. Hora de ir para casa.
Na manhã seguinte na delegacia, o delegado estava se preparando para ir até o hospital quando uma policial veio falar com ele. Bateu duas vezes na porta e entrou.
– Dr. Queirós. Os legistas descobriram algo que talvez seja muito importante para a investigação dos crimes que vem acontecendo. Disserem que o senhor deveria ver isso imediatamente.
Acompanhado de Haravena, o delegado foi até o IML saber o que tinham encontrado.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Enigma dos Dados Vermelhos
Misterio / SuspensoMistério na pequena cidade de Engenho Açu no interior do Paraná. Uma mulher é encontrada morta na sua casa. A polícia investiga o crime como um suposto homicídio, até um objeto deixado de propósito ao lado do corpo se tornar a pista principal deste...