Assim que a mulher estava melhor, ela foi avisada que o delegado Queirós precisava conversar urgente com ela e fazer algumas perguntas. Ela concordou.
Duas batidas na porta e a paciente sentou na cama.
– Pode entrar Dr. Queirós. Antes de mais nada preciso falar sobre um recado que me mandaram falar em particular para o senhor.
A porta fechou.
Quando a porta abriu novamente Haravena saiu pegando o aparelho celular para ligar para o delegado.
– Alô. Dr. Queirós... Sim ela acreditou, disse que a pista é a seguinte: “Instituição pública ou particular concebida para o ensino coletivo de alunos sob a direção de docentes”
O delegado, Ramalho e Souza estavam dentro de um carro da polícia na rua, junto com outra viatura seguiram para um colégio ali perto.
A Escola Estadual Professora Annette Clotilde Portugal Macedo foi fundada em 1964, atende alunos do ensino infantil, fundamental e médio.
Estacionaram sobre a calçada e se dirigiam à secretária da escola. Antes de entrar algo chamou a atenção do delegado. Um homem parado do outro lado da rua. Logo quando percebeu que foi visto o homem entrou no carro e arrancou. O delegado gritou.
– É ele! O Jogador. O homem que procuramos. Vamos atrás dele.
Os policiais entram nas viaturas que saíram cantando pneus atrás do veículo indicado pelo delegado. Nas ruas da cidade a perseguição chama a atenção de motoristas e pedestres. Passam por farol vermelho, andam sobre a calçada, cortam caminho em posto de combustível, costuram por entre os veículos comuns.
A viatura que ajudava na perseguição perde o controle e bate em um carro que vinha do outro lado. O carro do Jogador começa a se distanciar e o delegado fica desesperado.
– Mais que droga. Não podemos perder ele de vista. Outra chance dessa não vai acontecer tão cedo.
Pelo rádio da viatura ele pede reforços e em poucos minutos outros carros se juntam ao cerco policial.
Um caminhão atrapalha a fuga do Jogador e o carro do delegado se aproxima. Ramalho coloca metade do corpo para fora da viatura e atira. O tiro acerta o retrovisor do lado esquerdo do carro perseguido.
– Atira no pneu. – Grita o delegado se esforçando na direção.
Ramalho obedece e atira duas vezes, uma delas acerta o pneu que se desmancha no atrito com o asfalto. O carro começa a perder velocidade. O condutor decide que é hora de abandonar o veículo. Numa área de comercio do centro ele sai do carro dispara dois tiros contra a viatura da polícia e corre pelo calçadão.
Os policiais abandonam as viaturas e perseguem o Jogador a pé.
Com os barulhos de tiros as pessoas se assustam e correm para tentar se proteger, escondem atrás das barracas, entram nas lojas e outros deitam no chão.
O Jogador atira diversas vezes e a vidraça de uma loja vem ao chão. Ele corre. Os policiais revidam os tiros. Gritaria. Uma pessoa é atingida na perna por uma bala perdida e fica caída. Ramalho acerta o ombro do Jogador. Ferido ele entra em uma loja de roupas. Os vendedores e clientes se protegem como podem. Ele se esconde num provador, coloca um pente novo na pistola e atira. Os policiais se escondem. Alguém grita.
– Você não tem como fugir vagabundo. Entregue-se e sairá vivo.
– Nunca delegado Queirós. Vocês só vão colocar as mãos em mim quando eu estiver morto.
– Se é assim que você prefere.
O jogador atira algumas vezes contra eles e depois corre para o outro lado da loja. Pouco depois uma garota vem andando na direção dos policiais, atrás dela o Jogador a segurava pelo pescoço.
– Delegado. Mande seus homens me deixar ir ou eu mato essa menina.
A vendedora tremia com um braço do Jogador em volta do seu pescoço e a arma na lateral da cabeça.
– Calma, calma. Não vamos colocar em risco a vida de inocentes.
– Então peça para seus homens fazer logo o que estou mandando.
Um sinal do delegado e os policiais se afastam da loja. Arrastando a refém e fazendo careta por usar o lado ferido para segurar a garota ele vai até a porta da loja. Na rua ele se vê cercado por dezenas de policiais armados. Sua pistola agora mira o delegado.
– Eu vou sair e se alguém me seguir vou matar ela.
O Jogador arrasta a refém até uma viatura da polícia, entra e puxa a garota para dentro. Ele liga o carro e sai. O delegado faz sinal para que ninguém atire. O veículo ganha as ruas e os policiais correm para suas viaturas. Instantes depois e uma nova perseguição começa. O jogador tenta despistar os carros que o perseguem e os policiais tentam manter uma distância segura para não o perder de vista.
A perseguição ganha a estrada e os carros ficam mais rápidos. O jogador começa a ganhar distância e mesmo assim o delegado impede que atirem contra o veículo.
Mais à frente um rio largo e uma ponte, somente depois de passar por uma parte dessa ponte o Jogador percebe que do outro lado havia uma barreira policial. Pelo retrovisor viu a chagada dos seus perseguidores fechando o outro lado. Parado no meio da ponte ele ouve o delegado gritar.
– Você não tem saída. Solte a refém e entregue-se.
O Jogador puxa a garota para fora do carro. Segurando-a pelo pescoço ele tenta negociar.
– Eu solto a refém se seus homens me deixarem ir embora.
– Você já disse isso uma vez.
Algo inesperado acontece, a refém começa a passar mal e desmaia, com o ombro machucado o Jogador não aguenta o peso dela e deixa a garota cair.
Os policiais aproveitam a distração e atiram duas vezes contra o Jogador. Uma na barriga e outra na perna. O delegado levanta os braços.
– Cessar fogo. Cessar fogo.
Os tiros são interrompidos e o delegado se aproxima do homem que sangra pela boca e respira ofegante agarrado ao corrimão da ponte. Mesmo com tanto sangue Dr. Queirós não teve dúvidas que o homem era o mesmo das imagens das câmeras.
– Acabou seu joguinho de pistas. Game over.
O Jogador sorriu expelindo sangue pela boca tossiu e tentou falar.
– Anular o enigma não vai eliminar o código delegado.
– Enigma, código, pistas. Jogar com a vida das pessoas para tentar me atingir. Por quê?
– Há vinte anos você matou meu mestre. O cara que me deu a vida.
– Você é filho de Danton Begald?
Antes de falar ele mostrou uma tatuagem na parte interna do braço. Três dados e embaixo as palavras Danton Begald
– Quando meu pai morreu eu tinha 11 anos, assisti na televisão você ser tratado como herói por tirar a vida dele. Desde pequeno ele me ensinou a solucionar jogos e a criar desafios era o que ele mais gostava de fazer. Jurei vingança pela morte dele.
– Chega de conversa. Vou algemar você e levar para um hospital. Alguém chame uma ambulância.
Mesmo sentindo muita dor o jogador pulou a grade e ficou do outro lado.
– Você não vai me pegar vivo delegado Queirós...
Enquanto falava o Jogador levantou a pistola e antes de apertar o gatilho um tiro penetrou a sua testa e em câmera lenta ele caiu de costas no rio.
O delegado e os policiais correram para ver o que aconteceu. O Jogador ao cair na água afundou e depois emergiu. O que aconteceu deixou os policiais chocados. A água em volta do Jogador começou fervilhar, seu corpo foi sacudido e arrastado para o fundo. A água ficou tingida de sangue e em poucos minutos tudo se acalmou novamente. Piranhas.
Ao lado do delegado Ramalho assistiu à cena.
– Acabou Dr. Queirós. Chegamos ao finalmente.
Os policiais guardam as armas e procuram socorrer a vítima. Carros de bombeiros e ambulâncias chegam. Uma repórter de televisão veio falar com o delegado.
– Delegado Queirós. Mais uma vez livrando a população de um maníaco.
– Há algum tempo estávamos procurando esse psicopata e agora tudo acabou.
– O senhor já está sendo chamado de herói. O que acha?
– Vamos deixar essa história de herói para os médicos e bombeiros.
– Ouvi dizer que esse criminoso era filho de Danton Begald. É verdade?
– Foi o que ele mesmo disse, precisamos confirmar isso ainda.
Haravena chega e fala bem próximo ao ouvido do delegado.
– Dr. Queirós espero que tudo tenha terminado aqui, mas, sinto informar que um homem morreu dentro do colégio. Foi encontrado no refeitório coma cabeça dentro de uma panela com água fervendo.
– Droga. Então o Jogador estava saindo e não chegando. Devia ter desconfiado e mandado alguém verificar a escola.
– Acho que nós podemos ir delegado, os outros profissionais vão terminar o serviço e periciar tudo. – Disse Ramalho.
Na delegacia Dr. Queirós, Haravena, Ramalho e Souza comemoram o encerramento do caso. Se cumprimentam e se abraçam.
– Filho da mãe essa hora deve estar nos quintos. – Falou Haravena.
– Tiramos um peso das costas não é mesmo delegado. – Concluiu Ramalho.
Dr. Queirós estava pensativo.
– Ainda faltou encontrar a última mulher sequestrada. Espero que a Natasha esteja bem, porque se ela estiver presa e amordaçada em algum lugar nem sei o que poderia acontecer.
– Vamos pensar positivo delegado. Ela deve estar bem. Vamos curtir esse momento.
– Isso mesmo Dr. Queirós. – Concordou Ramalho.
Duas batidas na porta e uma policial aparece.
– Com licença delegado. Acabei de receber uma ligação anônima. O local de um cativeiro foi informado.
Os quatro se entreolham em silêncio. Eles correm até a viatura.
– Será que ele deixava alguém fazendo as ligações anônimas?
– Não importa. Vamos salvar a vítima. – Ralhou o delegado.
O carro da polícia se aproxima do endereço que eles receberam. Um cemitério.
Os policiais entram pelo enorme portão da casa dos mortos, procurando pela mulher sequestrada. Não havia ninguém, eles caminham por entre os túmulos. Várias estatuas de santos e capelas espalhadas por todos os lados. Mais adiante avistam uma pessoa, ela é encontrada deitada sobre uma catacumba. Amarrada e amordaçada, assim como as anteriores. Inconsciente.
Uma ambulância foi solicitada e a mulher foi levada para um hospital.
– Com o Jogador morto acho que não deveríamos nos preocupar com mais uma possível vítima. Não acham? – Comentou Haravena.
– Acho que deveríamos pelo menos saber o que ela tem para nos dizer. – Respondeu o delegado.
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O Enigma dos Dados Vermelhos
Misterio / SuspensoMistério na pequena cidade de Engenho Açu no interior do Paraná. Uma mulher é encontrada morta na sua casa. A polícia investiga o crime como um suposto homicídio, até um objeto deixado de propósito ao lado do corpo se tornar a pista principal deste...